by Nuno Cardoso | Jul 26, 2025
Fazer lista, fazer mala, conferir a lista, conferir a mala… Foi assim no dia da partida, 1.700 jovens da Diocese de Lisboa, 37 da Amadora, juntaram-se à noite na paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes para celebrarem a missa de envio presidida pelo Patriarca D. Rui.
As malas dos peregrinos juntam-se no chão, enquanto a noite cai. A missa acaba e começa a logística: idas à casa de banho, sacos de comida, credenciais. Veem-se abraços e beijos entre pais e filhos enquanto se despedem pelos próximos 11 dias.
Convive-se, canta-se e joga-se à bola enquanto se faz tempo para a chegada do autocarro – somos o n.º 10, Santa Josefina Bakhita, dos 31 autocarros que partem de Lisboa para Roma.
Malas às costas e ao peito, sacos na mão. Já é amanhã! Com o peso das malas nos ombros vamos para o autocarro!
Malas no porão, finalmente costas sem peso. Hora de descansar e dormir algumas (poucas) horas.
Próxima paragem: Barcelona, Basílica da Sagrada Família
Saiba quem foi Santa Josefina Bakhita: https://santo.cancaonova.com/santo/santa-josefina-bakhita/
by Paroquia da Amadora | Jul 24, 2025
Foi assim que, durante muito tempo, perguntei a vários amigos se iam ao jubileu dos jovens em Roma. Rapidamente percebi que estava a fazer a pergunta errada e sinto que muitos de nós ainda não percebemos. Pode parecer um pormenor linguístico ou uma mesquinhice vazia de sentido, mas não é! O jubileu é o ano inteiro. Estamos a viver um ano de graça, um ano extraordinário, que não devemos deixar passar ao lado. Certamente abrir-se-ão várias portas para muitos neste ano da esperança. E, por isso, fazemo-nos à estrada, como Peregrinos da Esperança.
Porém, parece que para muitos cristãos é apenas mais um ano. Para os judeus o ano jubilar era realmente especial e as suas ações transpareciam isso mesmo. Libertavam todos os escravos hebreus, devolviam as terras aos seus donos originais, deixavam a terra descansar e ainda perdoavam dívidas, promovendo um reinício económico e evitando a escravização por dívida.
E para nós cristãos? Que relevância tem o jubileu? Como é que nos preparamos para o Jubileu?
A nossa vida certamente muda porque vamos ao jubileu dos jovens em Roma. Mas resume-se a isso? Dores de costas numa viagem de autocarro e turismo em comunidade? Não. É muito mais!
Requer preparação, que começa em perceber ao que vamos. Vamos em peregrinação e não em turismo. Vamos encontrar-nos com tantos outros jovens de todo o mundo. Separados por língua, cultura e história, mas unidos por uma pessoa: Jesus – a personificação da Esperança.
Algo que considero fundamental é estar realmente atento. Ter uma atitude de escuta e procura. As duas são importantes e complementam-se. Se estiver à procura de Jesus e não escutar ou se estiver a escutar, mas não estiver à procura d’Ele, poucos serão os frutos da viagem. Para muitos, esta é uma missão impossível no dia a dia. Complica-se ainda mais num contexto diferente do habitual, onde há tanta coisa para descobrir. Muitas vezes preocupamo-nos por ir em busca do desconhecido e esquecemo-nos do bom que é Aquele que conhecemos.
Tendo isto em mente, cabe-nos agora ir ao encontro. Certamente existirão imprevistos e situações inesperadas que nos vão tirar da zona de conforto. Atrevo-me a dizer que será mais do que um encontro. Mexerá connosco, como um verdadeiro encontrão.
Por João Paulo Rodrigues
by Paroquia da Amadora | Jul 19, 2025
A experiência de ser catequista é algo profundamente significativo, especialmente quando se faz parte de uma comunidade tão acolhedora como esta. O catecismo está diretamente ligado ao ensinamento, e por isso é essencial transmitir bons valores às crianças e jovens. Muitas vezes, esses valores tornam-se até mais importantes do que a própria doutrina da Igreja, porque formar pessoas é, por si só, uma missão de grande responsabilidade.
Estamos a ajudar a moldar consciências, atitudes e formas de estar na vida. Ser catequista não é apenas ensinar conteúdos religiosos, mas sobretudo dar testemunho de fé através da vida e do exemplo. É no dia a dia, no diálogo, na escuta e na proximidade com os jovens que verdadeiramente se faz catequese.
Criamos laços que, muitas vezes, ficam para a vida toda. E é aí que percebemos que, apesar das exigências desta missão, ela é profundamente recompensadora. Acompanhar o crescimento humano e espiritual de cada criança ou jovem é um privilégio único.
No fim, mais do que saber de cor orações ou passagens bíblicas, o mais importante é que aprendam a amar, a respeitar e a viver com compaixão. Porque são esses valores que os vão guiar ao longo da vida e que realmente fazem a diferença no mundo.
Por Hélio Santos
by João Carlos Afonso | Jun 27, 2025
Estava esta tarde na praia a admirar a sua cor.
Uma das primeiras tardes de verão do ano.
O ruído das ondas, pequenas, misturado com o dos veraneantes, criava um som de fundo indistinto.
No horizonte a réplica de uma caravela seguia lentamente em direcção ao alto mar.
Subitamente o riso de duas crianças trouxe-me de volta à realidade.
Rodeadas de centenas de outras pessoas, indiferentes, estes petizes desceram, qual Alice pela toca do coelho, ao seu mundo escondido de aventuras.
Perante o cenário do mar imenso, descobriram, num canto da praia, um pequeno córrego de água doce cristalina.
O ribeiro, permitam-me este exagero literário, não era nem longo nem fundo.
Três ou quatro metros de córrego que, saindo de umas rochas, rapidamente desaparecia no areal.
No entanto, as crianças não de detiveram a questionar nem a origem, nem a pequenez, nem o destino.
Simplesmente desfrutaram daquela água que lhes era oferecida pela natureza.
Tal a força da alegria da sua descoberta que em breve outras crianças se lhes juntaram.
Ao fim de poucos minutos uma pandilha de quase uma dezena deles ficaram a pular, a rebolar e a rir naquele cantinho da praia.
Os primeiros não questionaram a presença dos recém-chegados.
Uns maiores, outros menores.
Uns mais velhinhos, outros recém-saídos do colo.
Ninguém se arrogou o direito da descoberta.
Ninguém usou a sua maior força ou capacidade para obter um mililitro de água adicional.
A água, que não era de ninguém, por todos foi usada livremente, a todos serviu e a nenhum faltou.
Não foram precisos outros brinquedos, bolas, pás e ancinhos ou bóias.
Todos esses acessórios ficaram perdidos no areal.
Inúteis.
Era água, simples água.
Eram crianças, simples crianças.
Quem precisa de mais para ser feliz?
Um pai mais temeroso recomendava ao seu filho que não bebesse daquela água. Cumpridor, o malandreco, limitava-se a encher a boca para a transportar para onde aquela fazia falta à aventura.
Perante esta cena o mar perdeu a sua grandiosidade.
Ali, naquele momento, se explicou, caso disso houvesse necessidade, a opção de Cristo pelas crianças.
Reconhecem, aceitam e partilham.
Não complicam.
Não acumulam.
Não escondem.
Ah se a Boa Nova tivesse sido mantida apenas na mão das crianças…
Entretanto a caravela já tinha desaparecido.
Que tenha tido uma boa viagem!
by Carlos Feio | Jun 14, 2025
Queridos Paroquianos,
Após o convite da equipa PIC, é com muita alegria que regresso ao vosso contacto.
O feriado do 10 de Junho celebra três evocações.
PORTUGAL
Nobre nação e valente gente, à beira-mar plantada, com cerca de 900 anos de história e hoje membro de uma realidade bem maior – a União Europeia.
Faço parte da geração que viu, em 1986, Portugal entrar na dita união com perspetivas de desenvolvimento e de construção de um espaço comum.
LUÍS VAZ DE CAMÕES
Grande poeta português que enalteceu Portugal e as suas gentes na sua obra.
Recordo aqui parte de um dos seus poemas:
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança.
Todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo na esperança…”[1]
COMUNIDADES PORTUGUESAS
São as comunidades de portugueses que emigraram e estão, hoje, espalhados pelos quatros cantos do mundo.
Muitos mudaram à procura de um trabalho mais bem remunerado que proporcionasse, a si e aos seus, uma vida estável.
Vim para a França no fim de 2017. Entendo que o meu caso foi um pouco diferente, pois o motivo da minha mudança foi abraçar um novo projeto familiar e, por conseguinte, um novo trabalho.
Foi um grande desafio, mas foi uma mudança com confiança.
Contrariamente a outros, talvez porque fui vivendo com a realidade da UE, não senti que vinha para um país estranho, mas para um país irmão. Diferente, é certo, no clima, na extensão e na língua.
Para esta mudança com confiança contribuiu muito ter tido quem me acolhia e ter obtido trabalho no imediato.
Rapidamente criei laços com os familiares e amigos da minha esposa e também com os colegas do trabalho.
Em 2019 fomos abençoados com a novidade do nascimento de um filho, no meu caso o segundo. Sonho desejado e realizado.
Aqui onde habito, nos arredores de Paris, à beira da Euro Disney, e nas vilas próximas residem muitos emigrantes portugueses. Na semana passada, numa grande festa portuguesa aqui bem perto, esteve presente o Tony Carreira. Imaginem o mar de gente para o ver!
Em Portugal estava rodeado de cristãos católicos. Aqui tenho amigos cristãos protestantes e muçulmanos com quem tenho partilhado bons momentos de diálogo inter-religioso.
Embora haja missas em português, não muitas, sempre fiz questão de marcar presença nas missas em francês… confesso que ainda não domino todo o ritual.
Estamos bem… mas por vezes bate a saudade.
Longe na distância, mas perto do coração, aqui vos deixo um forte abraço.
Carlos Feio
[1] Luís Vaz de Camões, in Sonetos
by Paroquia da Amadora | Jun 14, 2025
Ser dador de sangue… bem, começou numa tarde após uma aula na universidade, quando a caminho do metro, um dos meus colegas de curso disse: “Vão andando, que eu vou ali dar sangue à biblioteca.” Ao que respondi: “Ah! Boa ideia, também vou.”
Não fazia grande ideia do que me esperava e não esperava o enorme (mas essencial!) questionário inicial, nem o tamanho da agulha que finalmente me espetaram no braço. Agulha essa que me disseram que era melhor olhar para o lado enquanto ma espetavam, mas que fiz questão de assistir com muita atenção, para garantir que não havia falhas. Depois foi só relaxar deitado numa maca e esperar 10 minutos.
Correu bem, não desmaiei, o lanche é sempre um bónus simpático e sei lá, posso estar a salvar a vida de alguém num futuro próximo.
Mais tarde, com o meu melhor amigo, tentei criar um movimento “Levar amigos a dar sangue”. O movimento consistia em convidar/incentivar/“coagir” outros amigos nossos a vir dar sangue quando se aproximava a nossa altura de poder voltar a dar sangue. Tenho tido um azar fenomenal, pois todos os que consegui convencer até hoje e que vão comigo, nunca chegam a poder dar sangue.
Até hoje, dezenas de dádivas depois, acho que nunca tive uma má experiência, fui sempre muito bem recebido e tratado.
Continuo a ter de olhar com muita atenção para a agulha, não vá a enfermeira espetar a agulha no sítio errado, embora receba sempre este comentário ligeiramente assustador, mas que claramente é dito como elogio, de que as minhas veias são muito fáceis de encontrar.
Para terminar, deixo o convite a todos os que possam dar sangue, que o façam!
Se estão com medo de falhar ou das agulhas, acreditem e desafiem os vossos medos!
Aos que vão adiando, marquem já!
Não nos custa nada e podemos estar a salvar uma vida, que amanhã pode ser a nossa e vamos gostar que alguém tenha tido a nossa coragem.
Por Gonçalo Matos