Início de pista, mas não do jogo!

Início de pista, mas não do jogo!

O modo de aprender no escutismo é através do jogo, por isso qualquer escuteiro sabe que o jogo pode ter diferentes pistas, e que temos de estar atentos aos sinais que encontramos para seguir no bom caminho.

Pois bem, o 55 já passou este ano no início de Pista no Indaba, quando reuniu, no fim de semana de 27 e 28 de setembro, os caminheiros e animadores do agrupamento para definir as linhas mestras para esta pista que é o ano 2025/2026, no jogo que é o escutismo.

Apenas foram definidas algumas balizas, porque no escutismo a decisão é feita pelos rapazes e raparigas através do método projeto, e nunca por método de programa que promove o desinteresse, pouca responsabilidade e falta de compromisso.

Perguntar a um jovem, o que é que ele quer fazer, será sempre mais proveitoso e apreciado por ele, do que oferecer-lhe a melhor atividade que um adulto pode preparar, mas com que o jovem não se identifica, mesmo que esta seja para lá de espetacular.

Deste fim de semana muitas orientações foram lembradas e construídas, mas a mais evidente é o Tema do ano, que será a vivência das “Civilizações Antigas”, agora cada secção vai dar largas à imaginação para que a vivência seja em plenitude.

Também no mesmo fim de semana tivemos um dos momentos mais solene, a partida de três caminheiros para a Comunidade. Não parte o que quer ir embora, mas o que é enviado, ou seja, o caminheiro que parte é aquele em que o Clã deposita a sua confiança, aquele que, ao longo da sua caminhada na secção, provou viver plenamente os valores escutistas e procurou sempre o Homem Novo.

O Indaba não serve só para trabalho burocrático, pedagógico e criativo, serve também para estreitar ligações, entre todos. Também aqui há jogos, canções, peças de teatro e muita animação.

Continuamos na pista e, depois do Indaba, veio a abertura do ano, para o qual caminhámos em passo apressado, se calhar muitos de nós em passo de escuta.

A abertura do ano é sempre um momento de festa, porque para além do reencontro de todos, recebemos sempre novos elementos e é também quando os elementos transitam de secção, porque já terminaram o seu percurso na secção que os acolheu.

Este ano foi feita uma cerimónia em que estiveram presentes vários elementos de Civilizações Antigas, provando que todos podemos viver no mesmo sito, com respeito e troca de experiências.

Vamos, então, seguir esta pista, interpretando bem os sinais que nos vão aparecendo, e esperemos que os nossos jovens, ajudados pelo imaginário das Civilizações Antigas, consigam beber grandes canecas de CHA, ou seja desenvolver Competências, Habilidades e Atitudes.

Boa caça a todos!

Falcão Audaz

Dia 5 – 30 jul. — Portas Santas parte 1   

Dia 5 – 30 jul. — Portas Santas parte 1   

Preparamo-nos para a missa na Basílica de São Paulo Fora de Muros, encontro dos portugueses, onde entramos pela Porta Santa [1] — esta é a primeira de quarto portas pelas quais vamos entrar. Ainda cá fora vemos uma fachada com uma pintura e fundo dourado que reluz com a luz solar fazendo-a sobressair no céu azul. Percorremos o claustro com dezenas de colunas, tão grandes que são precisas três pessoas para as conseguir abraçar e com uma altura de 10 metros, e chegamos em frente da Porta Santa. 

© Nuno MC

Entramos e vemos ainda mais colunas, mais dourado e mais detalhes para ver. Tanto para ver que não dá para focar uma coisa só. Olhando para cima, vemos no friso os retratos de todos os papas, lá ao fundo o do Papa Francisco, ainda com uma cor viva, quase pintado de fresco.   

© Nuno MC

Finda a missa, visitamos a basílica, admiramos todos os cantos e recantos, à direita temos uma maqueta da basílica em madeira, cortada ao meio longitudinalmente, conseguimos ver também o interior e todos os pormenores arquitetónicos e de estrutura.  

© Nuno MC

Depois de almoço, partimos para a segunda Porta Santa desta viagem — Basílica de Santa Maria Maior.   

Atravessamos a Porta Santa, seguimos e chegamos à simples pedra branca com o nome “FRANCISCVS”, onde foi sepultado o Papa Francisco. Separamo-nos e vamos cada um para seu lado, tanto para ver, tanto pormenor, tanto dourado e tantas colunas.  

© Nuno MC

Pelo caminho deparamo-nos com a Igreja de Santo António, cujo título D. Américo Aguiar detém por ser Cardeal (aquando da sua nomeação, todos os cardeais recebem uma igreja). Aí encontrámos o cardeal a explicar-nos o processo de eleição do Papa e o encontro segue com um concerto.  

© Nuno MC

Ao longe vemos a terceira porta da viagem, situada na Basílica São João Latrão. Infelizmente batemos com o nariz na porta: chegámos fora do horário; amanhã voltamos!  

 

Seguimos para um jantar cedo e um regresso ao alojamento, também cedo, para recuperar forças.  

 Amanhã continuamos as visitas às Portas Santas e a pontos turísticos de Roma.  

 

[1] https://www.iubilaeum2025.va/pt/giubileo-2025/segni-del-giubileo/porta-santa.html   

 

Dia 4 –  29 jul. – O início

Dia 4 – 29 jul. – O início

A autoestrada prolonga-se no horizonte quando abrimos os olhos, são cinco da manhã.
Pausa! Casa de banho, esticar as pernas, voltar a sentar e tentar dormir!
Estamos quase a chegar. Mais uma pausa para pequeno-almoço e chegamos à zona de descarga das credenciais do Jubileu.
Batem as oito e um quarto! Hora de desmontar do autocarro e carregar a mala para de onde não se vai mexer nos próximos seis dias.

Calhou-nos uma escola primária, ao nosso lado temos novos vizinhos, partilhamos o chão com as paróquias de Mafra e da Malveira.
Arrumar, montar e arrumar mais, é a tarefa da manhã. De credenciais ao peito obtemos os vales das refeições pelo smartphone.

© Nuno MC

Almoço na barriga, mala às costas, paragem de autocarro! Começa agora a nossa aventura por Roma! Estamos no metro, no meio das cantorias e peregrinos, um carrinho de bebé, “Todos os patinhos” é cantado baixinho pelas carruagens! E puff chegámos à paragem “Ottaviano S. Pietro”, perto da praça de São Pedro.

Temos pela frente o sol quente da tarde, enquanto surfamos num mar de gente até conseguir chegar ao checkpoint de segurança para entrar na praça de S. Pedro.

Água à vista, uma das muitas fontes espalhadas por Roma, hora de hidratar e descansar à sombra durante um bom tempo até à hora da missa.

São 19h, começa a Missa de abertura do Jubileu dos Jovens. Não é presidida pelo Papa Leão, mas pelo Mons. Rino Fisichella, Pró-Prefeito do Dicastério para a Evangelização e encarregado da organização do Jubileu 2025. Somos cerca de 100 mil pessoas. No fim, uma surpresa!

Aparece no ecrã gigante o Papa Leão a dar voltas pela praça e pelo meio da multidão. A energia das pessoas mudou completamente, era uma autêntica rock star, o nosso Papa! Deixou-nos uma mensagem de esperança e paz: “Digamos todos: Queremos a paz no mundo!” [1]

© Nuno MC

A adrenalina começa a diminuir e a multidão desaparece pelas ruas de Roma. Os cafés e restaurantes enchem-se de peregrinos esfomeados, e nós não somos exceção. Corremos as ruas à procura de sítio para consolar o estômago: “Sai uma carbonara tradicional para 37!”

© Nuno MC

Saciados voltamos ao alojamento, mas não antes de andarmos às turras com as paragens dos autocarros de Roma. Lá encontrámos o nosso transporte, mal sabíamos que íamos ter uma viagem inesquecível: fomos passageiros do primeiro rally bus do mundo, o autocarro N716 (sentido Laurentina). Que viagem, um autêntico rally, curvas e contracurvas pelas ruas de Roma, parecia uma montanha-russa!

Para nos entretermos cantámos a bom pulmão todas as canções tugas que nos vêm no coração!

Chegados ao alojamento, banhos e dormir que amanhã temos encontro marcado na Basílica de São Paulo Fora de Muros, com a missa dos portugueses.

 

[1] https://www.instagram.com/p/DMtIunHpKik/

 

Dia 3 – 29 jul. – Turim – Roma

Dia 3 – 29 jul. – Turim – Roma

© Nuno MC

Bom dia!
Passámos a noite acolhidos pelos Salesianos, na Basílica de Don Bosco, fundados por S. João Bosco [1].
A janela do quarto abre-se e o que ontem era escuridão transformou-se num longo e verde prado, ao fundo, os Alpes a fechar a fotografia. A janela do quarto transformou-se num autêntico quadro do filme Música no Coração, ar puro de natureza e paz incrível para nos dar ainda mais força nesta peregrinação.
Cheios de fome, chegamos ao átrio, onde os Salesianos nos oferecem um pequeno-almoço super-reforçado: água, minitorta de baunilha, bolacha de mel, néctar de fruta, Madalena, foccacia de salame e um minichocolate!
Reunimos malas e bagagens, hora de visitar as instalações e ver a maravilhosa vista 360⁰ à volta da basílica.
Foto de grupo da praxe em frente à basílica, com os 1.600 da Diocese de Lisboa. Esta fotografia bem que podia bem-estar como página de: Onde está o Wally?
Tudo no autocarro e rumo a Turim, uma viagem curta, mas é onde vamos fazer escala para Roma.

 

© Nuno MC

Turistámos pelas ruas e igrejas locais, provámos e aprovámos a cozinha local. Um almoço típico, uma bela pizza e um gelato para sobremesa.
Bate a hora da tarde, é hora da missa na Catedral de São João Baptista, Turim, onde está o santo sudário. Eucaristia presidida pelo Patriarca de Lisboa.

Cansados e cheios de calor, procuramos um lugar mais fresco.
Águas paradas – check,
boa paisagem – check,
igrejas ao longe – check,
lugar para sentar e conviver – check,
pessoas a fazer remo no rio – check!

 

 

© Nuno MC

Na outra margem do rio Po, escondida no meio do arvoredo, emerge a cúpula da igreja de Santa Maria do Monte dos Capuchinhos.
Por aqui ficamos no convívio e a descansar até ao cair da noite…
Jantamos e lá vem o n.º 10 para nos levar a Roma.
A viagem é pelo escuro da noite, mas poucos vão dar conta, precisamos de recuperar energias para a semana que vai começar!

 

Voltaremos a dormir na horizontal amanhã!
Quando acordarmos já estaremos a menos de 2h de Roma.

Próxima paragem: Jubileu dos Jovens — Roma!

 

© Nuno MC

 

Acompanhe os jovens durante este Jubileu dos Jovens através do Instagram da CJA [2] e/ou da paróquia [3].
[1] https://www.salesianos.pt/biografia/s-joao-bosco/
[2] https://www.instagram.com/comunidadejuvenilamadora – Destaques: “Jubileu 2025”
[3] https://www.instagram.com/paroquia.amadora
[4] Vídeo de agradecimento à comunidade: https://www.instagram.com/reel/DMpzr49IfD7/

 

 

 

 

Dia 2 – 28 jul. – Três em um

Dia 2 – 28 jul. – Três em um

Bom dia, Barcelona!

Partilhámos o chão dos Salesianos com os nossos companheiros de autocarro da Paróquia de Tires, Paróquia de Salvaterra de Magos e duas penetras (de Santo Contestável e Penha de França). Não éramos o único autocarro a dormitar ali, tivemos vizinhos da Venda do Pinheiro e de Mafra.

Malas prontas e lá vamos nós! Dois motoristas (Sr. Zé e Sr. João), um autocarro cheio de peregrinos tugas e um sonho – chegar a Turim, Itália!

No horizonte, o asfalto transforma-se no nosso caminho. Pela janela vemos montes, colinas, linhas ferroviárias e postes de alta e média tensão que nos fazem companhia estrada fora. Deixamos Espanha para trás e dizemos “olá” a França, mas só de passagem!

Trespassamos a montanha que separa França de Itália pelo primeiro túnel desta viagem, as montanhas vão-nos acompanhar por mais umas horas até onde vamos ficar alojados.

Acordámos em Espanha, França foi apenas de passagem e no cair da noite somos acolhidos na Basílica de Don Bosco, Itália. Aqui ficam estacionados os 31 autocarros, 1.600  peregrinos da Diocese de Lisboa são acolhidos.

© Nuno MC

Já com a barriga a dar horas e com a basílica atrás de nós, jantámos no átrio/campo de futebol. Findo o jantar, a Eucarística Dominical, celebrada no mesmo espaço, presidida pelo Patriarca de Lisboa.

Dispersámos, uns dormiram nos corredores, outros em salas e ainda houve sortudos com quartos triplos e casa de banho privativa.

A noite vai longa, mas amanhã acordamos com a paisagem que o escuro da noite não deixou ver.

Próxima paragem: centro de Turim!

 

O teu ponto fraco nunca foi amar

O teu ponto fraco nunca foi amar

Existe algo de verdadeiramente belo na arte de dizer adeus. Somos preparados desde que temos memória para o momento em que eventualmente teremos de o fazer.

Acho que desde que sou gente que me lembro de aprender que a vida é cíclica, o que vai vem, o que dás recebes e que um dia o teu ciclo acaba e será a vez de outros iniciarem o seu.

Sempre pensei que, por ser algo que nos é prescrito desde sempre, seria fácil e breve. Uma palavra sem poder sobre a alma ou as emoções que correm o ser. A ação de ir sem remorso ou qualquer tipo de repercussão sobre o pensamento. Mas pensei mal. O que não nos dizem desde que somos gente é que existe uma força que nos une, uma linha que tece a pontos finos as ligações infinitas e invisíveis que nos tornam casa uns dos outros. O nosso ponto fraco é amar.

Aprendemos a amar mesmo antes de sermos um ser. Na realidade somos fruto de amor. Amor este que carregamos a cada passo que damos ou a cada encontro que temos e, deixando um pouco de amor com quem nos cruzamos, vamos tecendo e por vezes remendando estas ligações que não nos deixam sós. Vamos deixando um pouco de nós e eles deixam um pouco de si. Uma história de amor com final feliz, ainda que por vezes este final venha de forma abrupta e inesperada.

Já vos disse uma vez que amar é saber quando deixar ir, mas deixar ir torna-se difícil quando não somos nós a escrever a história.

Secretamente acho que desde que amamos alguém pensamos logo como lhe vamos querer dizer adeus. Não de forma consciente, claro! Mas inevitavelmente pensamos. Por vezes as nossas histórias não têm o final que queremos e, uma vez mais, culpo a vontade intensa que todos temos de amar e de romantizar o adeus.

Se não amássemos, tudo seria muito mais fácil. Se não amássemos, dizer adeus não valia a pena. É por isso que amar nos leva a viver cada segundo do hoje. Amar mantém-nos de pés assentes no presente e a cada sorriso nos torna parte da história de alguém que nos ama também. E que bom é saber que és amado! E sempre que estejas embargado pelo amor, deixa-te estar, não penses no adeus. E se um dia a hora de dizer adeus chegar, independentemente de como seja escrito o ponto final, permite-te sentir tudo o que amaste, tudo o que foste amado. Beija e abraça. E diz adeus com amor sabendo que o teu ponto fraco nunca foi amar.

Oslo, 8 julho 2025
Maria da Silva Viegas