A 16 de agosto, assinala-se o Dia Internacional do Animal Abandonado, uma data que nos convida a refletir sobre um problema persistente: o abandono de animais de companhia. Em Portugal, estima-se que existam mais de 930 mil animais errantes, entre cães e gatos[1]. Este fenómeno, que se agrava durante o verão, tem consequências profundas não só para os animais como para a sociedade.
💔 O impacto profundo do abandono nos animais
O abandono de um animal de companhia não é apenas um ato de negligência, é uma experiência traumática que pode afetar física e emocionalmente os animais.
Animais abandonados enfrentam uma quebra abrupta dos laços afetivos com os seus tutores e esta perda pode desencadear ansiedade, depressão, agressividade, medo profundo e generalizado, e desconfiança. É impossível prever o impacto que tem em cada animal, pois este depende do caráter do animal e dos contextos a que ele esteja exposto durante e após o abandono.
O que se estima é que estes impactos possam ser profundos e prolongados no tempo, transformando alguns animais em “assilvestrados” (ou seja, fazendo com que readquiram comportamentos naturais/primitivos) ou tornando um posterior processo de adoção mais delicado. Infelizmente, animais com traumas comportamentais são frequentemente preteridos em favor de outros, uma vez que estes processos de adoção poderão ser mais lentos e até necessitar de acompanhamento especializado.
Além do sofrimento emocional, o abandono expõe os animais a doenças infeciosas, desnutrição, desidratação e ferimentos graves ou mesmo morte (pela incapacidade de os animais anteriormente domesticados lidarem com um conjunto de novas situações a que são expostos, como o trânsito ou o facto de terem de “lutar” por alimentação).
🏙 O impacto do abandono na sociedade
Também na sociedade há impacto do abandono animal, desde logo do ponto de vista económico, pelos elevados custos associados a todo o processo de monitorização, captura, tratamento e reinserção destes animais, como também do ponto de vista ecológico e de saúde pública, uma vez que é mais provável estes animais contraírem doenças que podem incluir zoonoses (doenças dos animais que podem ser transmitidas aos humanos) e de perturbar ecossistemas locais.
Está também comprovado que comunidades com elevados índices de abandono de animais têm mais stresse e ansiedade generalizadas [2].
📊 Estatísticas recentes: Um retrato alarmante
O Censo Nacional de Animais Errantes 2023 revelou que mais de 930 mil animais errantes vivem atualmente nas ruas de Portugal, sendo 830.541 gatos e 101.015 cães. Em 2023, os Centros de Recolha Oficial recolheram 45.162 animais, um aumento de quase 10% face a 2022. Todos os dias, são abandonados em média 115 animais em Portugal. A Área Metropolitana de Lisboa, onde a Amadora se insere, é uma das regiões com maior incidência de abandono. A crise económica e habitacional é apontada como uma das principais causas. Apesar do cenário preocupante, há sinais positivos: em 2023, foram adotados 30.424 animais.
🏖️ As férias não são desculpa. Onde deixar os animais?
Se não pode levar o seu animal consigo nas férias, há várias alternativas responsáveis:
Hotéis para animais: com serviços de alojamento, alimentação, atividades e até cuidados veterinários.
Pet sitting ao domicílio: profissionais que cuidam dos animais na sua própria casa, minimizando o impacto para o animal.
Pet sharing: plataformas que ligam tutores a voluntários disponíveis para acolher temporariamente os animais.
Família ou amigos: a opção mais económica e emocionalmente mais segura para o animal.
🐕 Instituições na Amadora – Onde ajudar e ser ajudado
A cidade da Amadora tem várias entidades dedicadas à proteção animal que o podem ajudar em caso de necessidade e com as quais pode colaborar:
🏢 CROAMA / CBEA – Centro de Recolha Oficial de Animais da Amadora
Recolhe, trata e promove a adoção de animais errantes.
📬Av. do Regimento de Comandos, Alto das Cabaças
☎ 214 928 412
🌍 cm-amadora.pt
🐾 AMIAMA – Associação dos Amigos dos Animais e do Ambiente da Amadora
Acolhe e promove a adoção responsável.
📨amiama.amadora@gmail.com
🌍 amiama.net
🐱 TIARAMA – Associação TIARAMA (TIARA);
Resgata, esteriliza e encaminha para adoção cerca de 100 animais por ano. Apoia famílias carenciadas com alimentação e cuidados veterinários.
📨 tiara.amadora@gmail.com
🌍 feiradadiversidade.pt
🐈 Rafeiros SOS
Foco em felinos, com abrigo e adoção responsável.
📨 rafeirosos@gmail.com
🌍 rafeirossos.com
🙋 Como ajudar?
Para além de ser uma responsabilidade de todos tratarmos os nossos animais da melhor forma possível, dentro das nossas possibilidades, há ainda um conjunto adicional de atividades que podemos fazer para ajudar outros animais vítimas de abandono:
Voluntariado: todas as associações acima aceitam voluntários para cuidados, transporte, divulgação e eventos. Esta opção não tem tipicamente custos para o voluntário, apenas implica o investimento de algum tempo pessoal para dedicar aos animais.
Famílias de Acolhimento Temporário (FAT): acolher um animal temporariamente até o mesmo ser adotado. Tipicamente não tem custos para a família de acolhimento, implica apenas acolher o animal na sua casa e ajudar no seu processo de adaptação às rotinas familiares, sociabilização com outros animais e pessoas, identificação e endereçamento de eventuais traumas que o animal tenha.
Donativos: monetários ou em géneros (os mais procurados são normalmente os bens de consumo mais rápido nos abrigos, como ração, areia, medicamentos, produtos de limpeza).
Divulgação: partilhar animais para adoção nas redes sociais.
💬 Conclusão
O abandono animal é um problema coletivo que exige empatia, responsabilidade e ação. Neste Dia Internacional do Animal Abandonado, sejamos a mudança que os nossos companheiros de quatro patas merecem. Adotar, esterilizar, identificar, cuidar e nunca abandonar — são gestos simples que salvam vidas.
Compreender o impacto do abandono é essencial para promover uma adoção responsável e evitar devoluções. Cada animal abandonado carrega uma história de dor, mas também uma enorme capacidade de resiliência — desde que encontre um lar paciente, amoroso e comprometido.
Na maior parte dos casos adotar vale muito a pena! Tanto pelo sentimento de reconhecimento e agradecimento do animal em relação ao novo tutor, como pelo sentimento pessoal de solidariedade e satisfação por se mudar a vida de outro ser vivo.
O Dia Mundial da População, que hoje se assinala, é uma oportunidade para refletir sobre os desafios e as oportunidades ligadas ao crescimento, ao envelhecimento e à distribuição da população, quer ao nível mundial, quer europeu e português.
Em novembro de 2022, a população mundial ultrapassou 8 mil milhões de pessoas e continua a crescer, embora a um ritmo mais lento [¹]. Este crescimento é mais acentuado nos países da África Subsariana, por oposição a regiões como a Europa e partes da Ásia que enfrentam declínios populacionais [²].
Entre os principais desafios globais impostos pelo crescimento acelerado da população estão a pressão sobre os recursos naturais (de que a água é dos mais importantes), a urbanização desorganizada, as migrações forçadas e a necessidade de garantir educação, saúde e emprego, sobretudo para os jovens [¹][³].
Como é sabido, a Europa é hoje a região mais envelhecida do mundo, com uma idade média acima de 44 anos e taxas de fecundidade abaixo do nível de substituição (2,1 filhos/mulher) [⁴]. Em países como Portugal, Itália e Grécia registam-se reduções naturais da população, com mais mortes do que nascimentos [⁴][⁵].
Esta situação exige das autoridades executivas dos países políticas de natalidade, apoio às famílias, imigração qualificada e adaptação dos sistemas de saúde e de pensões [⁴].
Relativamente ao nosso país, em 2021, Portugal tinha cerca de 10,2 milhões de habitantes, com uma tendência decrescente [⁶]. A taxa de natalidade é baixa e os índices de envelhecimento por cá são dos maiores da Europa: cerca de 25% da população tem 65 anos ou mais [⁶][⁷].
Paralelamente, a imigração tem ajudado a travar o declínio populacional, embora ainda seja muito necessário investir na integração, na inclusão e na coesão social [⁷]. Prioridades nacionais incluem apoios à natalidade, fixação de jovens no interior, saúde e cuidados continuados para idosos [⁶][⁸].
Este dia convida-nos a refletir sobre o presente e o futuro das nossas comunidades. A população mundial continua a crescer, mas com grandes diferenças entre continentes. Na Europa e em Portugal, vivemos um envelhecimento acelerado que desafia a solidariedade entre gerações e exige novas políticas sociais.
Saibamos construir uma sociedade mais justa, acolhedora e sustentável para todos, em especial para os mais jovens e para os mais idosos.
Todos podemos ser alvo de mensagens fraudulentas a qualquer momento. Em primeiro lugar, deve verificar-se quem enviou o email e o respetivo endereço. Se tiver dúvidas sobre a fiabilidade do email, procure estes indícios suspeitos:
Erros ortográficos e gramaticais;
Linksque direcionem para um URL diferente do site oficial;
Anexos que não abrem ou com extensão diferente de “pdf”;
Ausência de assinatura ou da identificação da entidade no final;
Traduções incompletas.
O próprio conteúdo da mensagem pode ser um indício de que se trata de uma tentativa de phishing.
Por exemplo:
Ameaças alarmantes, como avisos de fecho de conta, notificações de transferências, processos judiciais estranhos, multas e encomendas desconhecidas;
Promessas de dinheiro fácil;
Propostas de negócios demasiado aliciantes;
Pedidos de donativos para organizações de caridade, após uma catástrofe noticiada nos meios de comunicação.
O vishingusa o contacto verbal para levar as pessoas a fazer coisas que elas acreditam serem vantajosas. A palavra vishing é a combinação das palavras “voice” e “phishing”.
Por isso, se receber alguma chamada a solicitar acesso remoto ao seu computador ou smartphone, desconfie de imediato.
Nestas chamadas, o atacante pode fazer-se passar, por exemplo, por colaborador de um banco, para confirmar transações suspeitas realizadas na conta bancária. Ao longo da conversa, pedem códigos de autorização para, supostamente, cancelar transações. Os bancos não enviam SMS com códigos de autorização para simular transações bancárias.
O que é o smishing?
Smishingé um tipo de ataque cibernético que usa mensagens de texto para enganar as pessoas e obter informações pessoais.
Os criminosos fazem-se passar por empresas, órgãos oficiais ou pessoas conhecidas. Usam técnicas de convencimento para induzir as vítimas a fornecer informações sigilosas, como números de cartão de crédito ou palavras-passe.
Os criminosos podem criar um sentido de urgência, por exemplo, alertando para um problema com a sua conta e podem também induzir as vítimas a instalar aplicações falsas.
Nas notícias, nas campanhas eleitorais, no café ou em conversas com os nossos amigos e conhecidos, muito se fala e se ouve falar das pessoas que não são portuguesas e vivem em Portugal. Todos vão dando a sua opinião sobre como devemos receber essas pessoas, que direitos devem ter e se são “dignos” de cá viverem. Por vezes, corremos o risco de considerar que os estrangeiros residentes em Portugal estão todos nas mesmas condições e, por isso, geram-se muitos mitos e preconceitos, ouvindo-se muitas vezes dizer: “Imigrantes, refugiados, traficantes, terroristas é tudo a mesma coisa.”
“São conceitos completamente diferentes. Os terroristas e traficantes são criminosos, os imigrantes são pessoas que se deslocam e se fixam em novos lugares, podendo fazê-lo pelas mais variadas razões, nomeadamente a procura de melhores condições de vida. Por sua vez, os refugiados são vítimas que precisam de proteção. Os requisitos que distinguem os refugiados de outras pessoas que se deslocam estão claramente descritos na Convenção de Genebra relativa ao Estatuto de Refugiado, de 1951” [1] e na legislação portuguesa, através da Lei n.º 27/2008, de 30/06, que já foi atualizada seis vezes, sendo a última atualização de 2023 (Lei n.º 53/2023, de 31/08).
Segundo aquela Lei, ser refugiado significa que a pessoa teve que abandonar o país onde vivia porque é perseguida ou é gravemente ameaçada de perseguição, por lutar a favor da democracia, da libertação social e nacional, da paz entre os povos, da liberdade e dos direitos da pessoa humana ou em virtude da sua raça, religião, nacionalidade, convicções políticas ou pertença a determinado grupo social. Muitas vezes, os refugiados enfrentam a morte, perseguições ou graves violações dos direitos humanos nos países de origem e só alguns conseguem sobreviver à fuga.
Qualquer estrangeiro que entre no nosso país nestas condições deverá efetuar o pedido de proteção internacional à Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) ou a qualquer outra autoridade policial.
O Conselho Português para os Refugiados, é uma Organização Não Governamental (ONG) que promove o asilo em Portugal através de apoio social, jurídico, desenvolvimento de projetos e Centros de Acolhimento, mas esta não é a única organização com esta missão e valores.
Aqui ficam alguns contactos para quem é refugiado, para quem quer ajudar alguém ou apenas contribuir para esta causa:
♦ Conselho Português para os Refugiados (https://cpr.pt/)
Quinta do Pombeiro, Casa Senhorial Norte Azinhaga do Pombeiro, s/n, Lisboa – +351 21 831 43 72 – geral@cpr.pt
♦ Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM) – Gabinete na Associação Olho Vivo em Queluz
Centro Comercial de Queluz – Avenida António Ennes, n.º 31, 2.º Andar, Queluz (junto à Estação de Queluz/Belas) – +351 214 353 810 – olhovivo.claim.queluz@gmail.com
A 14 de junho todos os anos se celebra o Dia Mundial do Dador de Sangue. Com esta data pretende-se a agradecer a todos os dadores voluntários que ajudam a salvar vidas com o seu gesto solidário. Este dia é também uma oportunidade para sensibilizar a população e as autoridades para a necessidade contínua de dádivas regulares de sangue, essenciais para garantir a qualidade, a segurança e a disponibilidade deste recurso vital.
Porque é tão importante dar sangue?
As transfusões de sangue são fundamentais em muitas situações médicas – do apoio a mulheres com complicações durante a gravidez e o parto, ao tratamento de crianças com anemia severa, doentes com cancro, ou pessoas com doenças crónicas como talassemia, hemofilia ou problemas no sistema imunitário –, mas têm um papel crucial em situações de emergência, como acidentes graves e desastres naturais, entre outros.
Nos países em desenvolvimento, a necessidade de sangue é ainda mais urgente, porque não têm reservas seguras e suficientes e porque muitos doentes não têm acesso atempado às transfusões de que necessitam. Por isso, é essencial que exista um programa sustentável de dadores voluntários, com o envolvimento ativo da comunidade.
Como lembrou o Papa Francisco:
“Vós doais gratuitamente aos outros uma parte importante de vós mesmos, vosso sangue, e certamente conheceis a felicidade que advém do compartilhar.”
Papa Francisco
“E o próprio sangue, nas suas funções vitais, é um símbolo eloquente: não olha para a cor da pele, nem para a pertença étnica ou religiosa de quem o recebe, mas entra humildemente onde pode … para levar energia. É assim que age o amor.”
A campanha destaca o impacto transformador da doação de sangue e celebra o poder da solidariedade comunitária, com o slogan: “Dê Sangue, Dê Esperança: Juntos Salvamos Vidas.”
Um gesto simples, um impacto incalculável
Dar sangue é um ato rápido, seguro e solidário, que pode fazer a diferença entre a vida e a morte para alguém. Neste Dia Mundial do Dador de Sangue, agradeçamos a todos os que já dão sangue e desafiemos novos voluntários a juntarem-se a esta causa.
Leia também o testemunhodo Gonçalo Matos, dado de sangue desde 2018.
Fonte: Instituto Português do Sangue e da Transplantação
Em vésperas do Dia de Portugal, que anualmente assinalamos a 10 de junho, a Agência Ecclesia entrevistou o constitucionalista Jorge Bacelar Gouveia para falar sobre o Portugal atual e os desafios humanos que se lhe colocam.
A entrevista a Jorge Bacelar Gouveia foi emitida no programa 70×7 deste Domingo, 8 de junho, tendo ficado disponível no canal YouTube da Agência ECCLESIA.
Abaixo deixamos a transcrição do resumo da entrevista (publicada no site da agência dia 7 de junho) e deixamos-lhe o vídeo do programa.
Não perca nos próximos dias os testemunhos de paroquianos que vão viver o próximo dia de Portugal longe do País.
Transcrição do resumo da entrevista da Agência Ecclesia
O constitucionalista Jorge Bacelar Gouveia afirmou que as elites da sociedade portuguesa “estão bastante corrompidas”, disse que a imigração “de questão se tornou um problema” e que as Igrejas se deviam “sentir mais no espaço público”.
“Às vezes sinto que há uma certa contenção, há uma certa inibição do discurso das Igrejas, em particular da Igreja Católica, acho que se devia sentir mais no espaço público”, afirmou o professor de Direito em entrevista à Agência ECCLESIA.
Referindo-se ao discurso religioso na sociedade, Jorge Bacelar Gouveia referiu que “ou esse discurso existe, mas não é ouvido pela opinião pública, o que é mau, ou então ele não existe com a força e com a habilidade que devia ter”.
Talvez seja mais esta a segunda opção… E, portanto, penso que é necessário que a Igreja procure essa maior intervenção social, digamos aqui numa evangelização da opinião pública, ou de uma re-evangelização da opinião pública”.
Jorge Bacelar Gouveia lembra que a intervenção na sociedade “é um dever muito importante”, mas “não é fácil” porque “pressupõem dirigentes eclesiásticos com capacidade de comunicação, com carisma”
“Sabemos que as pessoas com carisma não abundam, mas é uma necessidade! E é necessário procurar os vários mercados da opinião pública para chegar lá com as várias mensagens boas que têm, que a doutrina católica pode dar às pessoas”, acrescentou.
Para o constitucionalista, que há cerca de um ano publicou a obra “Direito da Religião – Laicidade, Pluralismo e Cooperação nas relações Igreja-Estado”, é “sempre mal” quando um partido usa a religião “para fazer prevalecer os seus interesses ou para fazer captar o voto dos eleitores”.
“Não há um voto religioso, mas há um voto que deve considerar elementos de natureza religiosa”, indicou.
“A religião não pode ser usada como um fator para polarizar e instrumentalizar o voto. Mas ao mesmo tempo digo que as religiões têm a obrigação, têm o dever moral e até religioso de intervir na discussão política, têm todo o direito e até o dever de esclarecer os cidadãos sobre aquilo que os programas de partidos apresentam, e não digo dar instruções, mas dar conselhos aos seus fiéis sobre quais são os partidos que melhor correspondam aos seus programas”.
A entrevista a Jorge Bacelar Gouveia, que vai ser emitida este domingo no programa 70×7 (na RTP2, desta vez às 7h30), acontece no contexto do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que se assinala a 10 de junho, e foi uma ocasião para o constitucionalista recordar os valores da portugalidade.
“Uma certa suavidade no trato, o acolhimento entre as pessoas, a pessoa sentir-se bem neste país, sentirmos que é a nossa casa, não sermos um país de ruturas, nem de conflitos, nem de graves contradições”, afirmou o professor de Direito sobre os valores que caraterizam a sociedade portuguesa.
O constitucionalista lembrou ainda que a identidade portuguesa “também se baseia no cristianismo”, que faz parte da “matriz de fundação do país”, com a consequente “absorção dos valores cristãos, no que respeita, por exemplo, ao casamento, no que respeita aquilo que é a família”.
Bacelar Gouveia disse que a imigração “é o tema da atualidade”, que “de questão se tornou um problema”, avaliado entre as limitações de Portugal nos seus recursos e a necessidade de “pessoas que venham de fora para ajudar o desenvolvimento”.
Para o professor de Direito, que considera um “erro enorme” a extinção do SEF, Portugal tem de “defender da predação e da escravatura” os imigrantes, muitas vezes sujeitos a “crimes de imigração”, como as redes de tráfico, acrescentando que quem chega a um país tem de “se conformar com os deveres de integração na própria sociedade e os deveres de não pôr em causa os valores coletivos que são aquela identidade que caracteriza Portugal”.
Na entrevista à Agência ECCLESIA, o professor catedrático referiu-se ainda às elites da sociedade portuguesa, “quer na política, quer na justiça, quer nas universidades”, considerando que “estão bastante corrompidas”.
Há uma grande mediocridade que eu sinto em muitas decisões profundamente ilegais, grosseiras, e essas pessoas não têm qualquer problema em praticar os atos mais ilegais que se possa imaginar, e isso é uma coisa que me choca”.
A respeito do ensino universitário, Jorge Bacelar Gouveia denunciou “uma progressiva fragilização da autoridade científica dos docentes e das elites, que estão a pensar sobretudo em ganhar mais alguns tostões, em ganhar mais alguns concursos na Fundação para a Ciência e a Tecnologia, ou viver a vida toda de subsídios internacionais, mas não estão muito preocupados em produzir valor”.