Junho é incrível: é o mês em que nasceu o “nosso” Guilherme. Hoje queremos falar-vos da reviravolta que é nascer um primeiro filho. A data prevista do parto do Gui era a 11 de junho, e ele, como miúdo determinado que é, nasceu exatamente nesse dia (data das suas 40 semanas de gestação). As “águas” rebentaram em casa, às 2h30 da manhã e ele quis nascer no Hospital Beatriz Ângelo às 11h15 do dia que viria a mudar o rumo da nossa família para sempre. O Gui nasceu com 3,985 kg e com 52 cm. Não chorou muito, para preocupação dos pais, mas logo foi vestido pelo seu pai, e posto no colo da mãe. Ninguém nos prepara para o deslumbre de um bebé recém-nascido, nem para o turbilhão de emoções que é conhecer um ser já muito amado na barriga da mãe.
Os primeiros tempos foram de descoberta, ansiedade e de muita privação de sono, porque o Gui queria estar sempre “alapado” à mãe, a comer. Nesta fase, no entanto, não é costume falar-se da tristeza que pode chegar com o nascimento de um filho. Já aqui voltamos.
A Dani passou a gravidez com sensação de “doença” até aos 5 meses de gestação, com muitos vómitos e náuseas, que não passaram com medicamentos. O 2.º trimestre foi bom, embora as alterações no corpo tenham sido muito aborrecidas. A Dani não estava preparada minimamente para todas estas alterações, e engordou cerca de 20 kg. Foi caso para dizer que o fim da gravidez não foi incrível, sobretudo para alguém habituado a fazer tudo, a ter toda a mobilidade, a fazer tudo sozinha, e a ter tudo sob controlo.
O Gui nasceu e a ansiedade que vem da falta de experiência – perfeitamente natural – para cuidar de um recém-nascido foi aumentando. Ele era um bebé extremamente exigente, não dormia bem, gostava de passar largas horas na mama, e chorava muito. Como podem ver, “cocktail perfeito” num pós-parto. Os primeiros meses do Gui foram muito exigentes, mas foram passando. A Dani começou a trabalhar quando o Gui tinha 4 meses, e ele foi para a creche.
Não vos sabemos dizer quando começou, mas a Dani sentia-se triste, numa fase que seria supostamente uma das mais bonitas da nossa família; sentia-se vazia, perdida, e até questionou se ter um bebé – mesmo tendo sido muito desejado – teria sido a melhor opção a tomar. A vida mudou, a ansiedade aumentou, a relação entre nós era, necessariamente, diferente. Foi duro. Quando o Gui tinha sensivelmente 15 meses, a Dani comentou com o Pássaro que precisava de ajuda psicológica, porque havia emoções com as quais não estava a saber lidar e porque se sentia muito triste (o que não era suposto, dado ter o “melhor do mundo” nos seus braços).
O tempo foi passando, a racionalidade voltou, começámos a pedir ajuda aos avós, a dormir e a descansar mais, a sair os dois, a conversar mais e percebemos juntos que o segredo é entender que esta fase da nossa vida é apenas isso: uma fase. Percebemos que as nossas emoções são muito válidas porque queremos fazer tudo “bem” – seja lá isso o que for. Hoje, entendemos que um primeiro filho vem com um turbilhão de emoções boas, mas também com muitos receios de não estarmos à altura do desafio de cuidar dele.
Com a chegada de um filho, a vida de cada um dos pais altera-se e a vida familiar muda. Depois da exigente fase dos “primeiros tempos”, a vida vai, gradualmente, ficando mais “arrumada”. Os pais não podem, naturalmente, viver exatamente a vida que antes levavam, mas são, agora, uma mistura entre aquilo que eram – a sua essência – e a circunstâncias em que se encontraram e o que ganharam – a vida de um filho e a experiência da parentalidade. Não voltam a ser quem eram, mas encontram-se naquilo que agora são. A vida muda, é certo, mas muda para muito melhor!
Junho é também o mês dos santos populares e na nossa família festejamos mais um aniversário: o da Dani, a 29, no mesmo dia em que celebramos a Solenidade de São Pedro e São Paulo. Olhando, em particular, para São Paulo e para a sua história de conversão tardia, somos interpelados a acreditar que, qualquer momento da vida, por mais duro que seja – como a exigência decorrente do nascimento de um filho – pode ser oportunidade de encontro com Deus e, por isso, de “renascer”.