by Catarina Silva | Jun 25, 2025
O Dia Mundial dos Oceanos foi no dia 8 de junho. Esta efeméride, celebrada anualmente, pretende ser um momento de reflexão sobre a importância do oceano e da sua conservação para a vida no planeta. A data foi formalmente estabelecida pelas Nações Unidas, em 2008, através da Resolução 63/111, no entanto, já era celebrada em alguns países, desde a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que teve lugar no Rio de Janeiro em 1992. [1] [2]
Desde a celebração inaugural, em 2009, sob o tema “Nossos Oceanos, Nossa Responsabilidade”, o evento pretende enaltecer as mais-valias dos oceanos, bem como a necessidade e o dever, individual e coletivo, de os seus recursos serem protegidos e utilizados de forma sustentável. Como principais contributos destaca-se a importância dos oceanos para a regulação do clima global, ou os benefícios que a humanidade dele retira diretamente, desde os meios de subsistência às atividades recreativas e turísticas. [2]
Em 2025, o tema é Catalisar Ações para o Nosso Oceano e Clima com o intuito de mobilizar as comunidades, as organizações e os líderes políticos para que se unam sob o objetivo de proteger o planeta azul. [3]
No seguimento das celebrações do Dia Mundial dos Oceanos, realizou-se, em Nice, a Conferência dos Oceanos da ONU cujo grande objetivo era acelerar a entrada em vigor do Tratado das Águas Internacionais, com vista à conservação e utilização sustentável da biodiversidade marinha, nas áreas do oceano que ficam para lá das águas territoriais de cada país.
Apesar de a ratificação não ter sido concluída durante a Conferência, existe a expectativa de que, a manter-se o rumo desejado das negociações, o Tratado do Alto-Mar possa entrar em vigor no início de janeiro de 2026, permitindo a regulamentação da gestão das águas internacionais e que correspondem a cerca de dois terços do oceano.
OCEANOS OU OCEANO
A expressão original World Oceans Day, sugere a adoção de Dia Mundial dos Oceanos, no entanto, segundo o princípio da Literacia do Oceano, reconhecido pela UNESCO, existe apenas um oceano que nos liga a todos. [4]
A campanha Drop the S (Larga o S) pretende a utilização da palavra oceano como um substantivo singular, como forma de destacar a interconexão deste sistema natural sem fronteiras, reforçando que o que acontece numa parte do oceano afeta outras áreas, de forma transversal. [5] [6]
Se por um lado faz sentido referir os nomes atribuídos à diferentes regiões (Atlântico, Pacífico, Ártico, Índico, e Antártico) quando se pretende destacar características locais ou específicas, quando se fala da sustentabilidade do planeta como um todo, importa destacar o oceano como um único ecossistema global.
A IMPORTÂNCIA DA BIODIVERSIDADE
Aproximadamente 70% da superfície terrestre está coberta por um oceano que contribui com 50% do oxigénio produzido e absorve 30% do carbono gerado pelas atividades humanas. Adicionalmente, este elemento representa mais de 90% do espaço habitável do planeta, servindo de abrigo a 250.000 espécies marinhas conhecidas da ciência e muitas que ainda não terão sido descobertas. [7] [8] [9]
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, mais de três mil milhões de pessoas dependem do oceano para a sua subsistência. Os ecossistemas marinhos e costeiros asseguram o fornecimento de alimentos reforçando a segurança alimentar, melhoram a qualidade da água, fornecem recursos para investigação e desenvolvimento, designadamente a produção de tratamentos farmacêuticos e médicos, contribuem para o bem-estar cultural e mental e favorecem a proteção física das áreas costeiras. [9]
Por tudo isto, o oceano é considerado um importante baluarte no combate às alterações climáticas, contribuindo para o equilíbrio ambiental do planeta, a manutenção da biodiversidade e da sustentabilidade.

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OS RISCOS E AMEAÇAS
Apesar da sua importância, o oceano está a enfrentar processos de aquecimento, acidificação e desoxigenação, com efeitos na degradação dos recifes de coral e nos comportamentos das espécies marinhas, como a migração para latitudes e profundidades maiores, e a consequente disrupção de cadeias naturais. [9]
Além das consequências para a biodiversidade, o aumento da temperatura dos oceanos favorece a fusão do gelo e a subida do nível do mar, pondo as zonas costeiras em risco de inundação. O calor à superfície e na subsuperfície do oceano, funciona ainda como fonte de energia para furacões e outros fenómenos meteorológicos extremos, tornando-os mais frequentes e destrutivos. [10]
Também a poluição por plástico aumentou significativamente nas últimas décadas, com impacto na vida marinha e na saúde humana. A produção mundial das diferentes tipologias de plásticos tem vindo a aumentar desde 1950 e estima-se que todos os anos, cerca de 10% dos plásticos produzidos acabem no oceano. Estudos demonstram que os fragmentos de plástico, que resultam maioritariamente da degradação física, química e biológica de materiais de plástico de maiores dimensões são posteriormente ingeridos pelos organismos marinhos, favorecendo a sua entrada na cadeia alimentar. [11]
O PLÁSTICO MARINHO
O tema do lixo marinho é transfronteiriço, sendo reconhecido como um problema mundial crescente. Em menos de um século de existência, os resíduos de plástico passaram a representar, dependendo da localização, entre de 60 a 90% do lixo marinho, seja pelo incorreto encaminhamento destes resíduos ou pelo seu abandono no ambiente, em especial no litoral. [11]
De acordo com a UE, medições realizadas nas praias revelam que 80% a 85% do lixo marinho é constituído por plástico, dos quais cerca de metade correspondem a produtos de utilização única que são descartados após uma utilização e 27% são artigos relacionados com artes de pesca que não trazidas para terra para fins de tratamento. [12]

Fonte: Comissão Europeia
De acordo com os resultados das campanhas de monitorização publicados pela Agência Portuguesa do Ambiente, estes resíduos não diferem significativamente dos mais encontrados nas praias portuguesas. [13]
Face a este cenário, uma das regras da EU para a redução do plástico marinho assentou na proibição da comercialização de produtos descartáveis como cotonetes, talheres, pratos, palhinhas, pequenas colheres ou agitadores de bebidas e varas de balões, para os quais já existiam alternativas no mercado noutros materiais (e.g. papel e madeira).
Para os resíduos passíveis de serem encaminhados para reciclagem, a EU reforçou os objetivos de recolha e valorização, designadamente através da obrigatoriedade de incorporar plástico reciclado, em substituição de material virgem, na fabricação de novos artigos.
Já para os produtos com ciclo de vida necessariamente mais curto (e.g. produtos de tabaco com filtros/beatas, copos, produtos de higiene íntima, toalhetes húmidos) e onde a presença de plástico não é tão óbvia, a legislação europeia determina a necessidade de alertar os utilizadores para o seu correto encaminhamento. Neste contexto, foram estabelecidas obrigações de marcação para estes produtos, como forma de reduzir o desconhecimento da população e aumentar a sensibilização dos utilizadores para a adoção de melhores práticas aquando do seu descarte. [14] [15]
Fonte: Comissão Europeia
Apesar da publicação de diplomas legais, a sua correta aplicação é de difícil monitorização e controlo, pelo que, acima de tudo, cabe a cada indivíduo a adoção de práticas de prevenção, mais sustentáveis e que possam contribuir para a conservação do oceano.
REFERÊNCIAS
[1] Assembleia Geral das Nações Unidas | Resolução A/RES/63/111, disponível em: https://docs.un.org/A/RES/63/111
[2] Dia Mundial dos Oceanos | História, disponível em: https://unworldoceansday.org/about/
[3] Turismo de Portugal | Dia Mundial dos Oceanos 2025, disponível em: https://www.turismodeportugal.pt/pt/Agenda/Paginas/dia-mundial-oceanos.aspx
[4] The OneOcean | Campanha, disponível em: https://www.oceanprotect.org/2019/09/19/drop-the-s-campaign-implementing-principle-one-of-ocean-literacy/
[5] Economia Azul | Dia Mundial do oceano, disponível em: https://www.economiaazul.pt/blogue/2023/6/8/8-de-junho-dia-mundial-do-oceano
[6] UNESCO | Larga o ‘S, disponível em: https://oceanliteracy.unesco.org/user-media/drop-the-s/
[7] Ciência Viva | Princípios Essencial do Oceano, disponível em: https://www.cienciaviva.pt/oceano/principios-do-oceano
[8] Nações Unidas | Dia Mundial dos Oceanos, disponível em: https://news.un.org/pt/story/2025/06/1849231
[9] Copernicus | Reservatório de Biodiversidade, disponível em: https://marine.copernicus.eu/explainers/why-ocean-important/biodiversity-tank
[10] Copernicus | Aquecimento do Oceano, disponível em: https://marine.copernicus.eu/explainers/phenomena-threats/ocean-warming
[11] Agência Portuguesa do Ambiente | Microplásticos, disponível em: https://apambiente.pt/residuos/microplasticos
[12] União Europeia | Diretiva SUP, disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:32019L0904
[13] Agência Portuguesa do Ambiente | Lixo Marinho, disponível em: https://apambiente.pt/residuos/lixo-marinho
[14] Parlamento Europeu | Plástico nos Oceanos, disponível em: https://www.europarl.europa.eu/topics/pt/article/20181005STO15110/plastico-nos-oceanos-os-factos-os-efeitos-e-as-novas-regras-da-ue
[15] Comissão Europeia | Marcação de produtos SUP, disponível em: https://environment.ec.europa.eu/topics/plastics/single-use-plastics/sups-marking-specifications_en#ecl-inpage-850
by Catarina Silva | Jun 4, 2025
O Dia Mundial do Ambiente, a 5 de junho, celebra-se anualmente desde 1973 (há 52 anos) e tem sido uma das principais datas dedicadas à sensibilização e preservação do ambiente.
A ORIGEM E O OBJETIVO
A Conferência de Estocolmo promovida pelas Nações Unidas em junho de 1972, sob o mote “Uma Só Terra”, assinalou um ponto de viragem no desenvolvimento de políticas ambientais, ao colocar na agenda internacional a necessidade de preservar os recursos naturais e promover o diálogo entre os países participantes. [1]
Em dezembro do mesmo ano, a Assembleia Geral designou a data de 5 de junho para a celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente, como forma a incentivar os governos e as organizações que integram sistema da Organização das Nações Unidas (ONU), a realizarem anualmente nesse dia, atividades de sensibilização que espelhem as preocupações da comunidade internacional com a necessidade de preservação e melhoria do ambiente. [2]
OS TEMAS EM DESTAQUE
Mais do que uma comemoração, o Dia Mundial do Ambiente pretende ser uma chamada de atenção para os desafios ambientais. Todos os anos, as Nações Unidas centram a data num tema específico, como forma de aumentar a consciência para os problemas emergentes e alavancar a implementação de medidas concretas e a adoção de comportamentos mais sustentáveis. [3]
Em 2025, o Dia Mundial do Ambiente tem como foco o Combate à Poluição Plástica. A realizar na província de Jeju, na República da Coreia, a cerimónia pretende dar destaque às evidências científicas sobre os impactos da poluição e reforçando o compromisso global para recusar, reduzir, reutilizar, reciclar e repensar o uso de plásticos. [4]
Pelo seu comprovado impacto na saúde humana e na biodiversidade, o combate ao plástico já assumiu protagonismo nos temas de anos anteriores (2018 e 2023). Em todo o mundo, são produzidos anualmente cerca de 430 milhões de toneladas de produtos de plástico, metade dos quais são projetados para serem utilizados apenas uma vez, tornando-se resíduos. Estimativas apontam que acabem nos recursos hídricos (lagos, rios e mares), cerca de 11 milhões de toneladas, o equivalente ao peso de 2.200 torres Eiffel. [5]
Reduzir a poluição por plástico contribui simultaneamente para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, designadamente os relacionados com a ação climática, produção e consumo sustentáveis, proteção dos mares e oceanos, reparação dos ecossistemas e preservação da biodiversidade. [6] [7] [8]
A REALIDADE EM PORTUGAL
Apesar de a aplicação de políticas ambientais em Portugal estar ligada à constituição da Comissão Nacional do Ambiente, em 1971, o Dia Mundial do Ambiente celebrou-se pela primeira vez apenas em 1974. [9] [10]
Mais recentemente, esta efeméride tem assumido maior destaque, em resultado de uma tomada de consciência dos cidadãos para as consequências de fenómenos extremos mais frequentes (tempestades, cheias, seca, incêndios florestais) e que se manifestam à escala planetária. [11] [12]
Apesar de se verificar um aumento da perceção dos riscos ambientais e uma maior mobilização dos cidadãos portugueses para a adoção de hábitos de consumo mais conscientes, existe ainda um longo caminho a percorrer.
Em 2025, Portugal atingiu o Dia da Sobrecarga do Planeta a 5 de maio. Este marco pretende representar o momento em que a procura de recursos e serviços ecológicos por parte da humanidade excede o que a Terra pode regenerar num ano, pelo que, se população mundial consumisse como os portugueses, seriam necessários 2,9 planetas para suprir as suas necessidades. [13]
Os resultados mostram que Portugal não tem capacidade de regenerar e fornecer os recursos naturais necessários às atividades de produção e de consumo desenvolvidas e apesar de os dados indicarem que o país apresenta um consumo ligeiramente menor que o registado no ano anterior, esta redução não é suficiente para compensar a revisão em alta das estimativas do impacto da ação humana no planeta. [13] [14]
10 FORMAS DE PROTEGER O PLANETA — O CONTRIBUTO DE TODOS
Todos podemos contribuir com ações de proteção do ambiente. Para tal, seguem-se 10 formas de proteger o planeta e defender os interesses das futuras gerações.
- Reduzir o desperdício alimentar, planeando refeições e conservando os alimentos corretamente;
- Preferir alimentos locais e de época, como forma de reduzir a pegada associada ao seu transporte e armazenamento;
- Reduzir o consumo de água, utilizando redutores de caudal, fechando as torneiras durante as atividades diárias, aproveitando a água da chuva para rega, e recolhendo a água fria do banho (antes de aquecer) reaproveitando-a para outros fins;
- Reduzir o consumo energético, desligando as luzes e os aparelhos eletrónicos quando não estejam a ser utilizados, utilizando fichas e extensões com botões de corte de corrente e substituindo as lâmpadas convencionais por formatos LED;
- Utilizar transportes públicos coletivos, ou outros meios ligeiros partilhados como bicicletas e trotinetes, como forma se reduzir as emissões de CO₂;
- Promover a reparação de eletrodomésticos, roupa, móveis ou outros produtos, prolongando a sua vida útil;
- Escolher produtos de moda duráveis, produzidos por marcas que cumprem requisitos de sustentabilidade ou disponíveis em mercados de segunda mão, contrariando o fenómeno de fast fashion;
- Evitar o uso de produtos de plástico de utilização única, promovendo, sempre que possível, a adoção de soluções reutilizáveis (ex. sacos de compras, garrafas de bebidas, embalagens para alimentos);
- Promover o correto encaminhamento de resíduos para as infraestruturas de tratamento disponíveis, designadamente através da deposição de embalagens de papel/cartão, metal, plástico e vidro nos respetivos ecopontos e, sempre que existam soluções técnicas na área de residência, adotar medidas que permitam o desvio de resíduos orgânicos (biorresíduos) do contentor do lixo indiferenciado;
- Apoiar iniciativas de conservação, como campanhas de reflorestação ou projetos de biodiversidade, enquanto forma de contribuir para a mitigação das consequências da pressão da atividade humana no ambiente.
Por Catarina Silva
REFERÊNCIAS
[1] Nações Unidas | Dia Mundial do Ambiente, disponível em: https://www.un.org/en/observances/environment-day/background
[2] Assembleia Geral das Nações Unidas | Resolução A/RES/2994 (XXVII), disponível em: https://docs.un.org/A/RES/2994%20%28XXVII%29
[3] Dia Mundial do ambiente | Temas, disponível em: https://www.worldenvironmentday.global/pt-br/about/history
[4] Dia Mundial do ambiente | Anfitrião 2025, disponível em: https://www.worldenvironmentday.global/about/theme-host
[5] Nações Unidas | Combate à Poluição Plástica, disponível em: https://www.un.org/en/observances/environment-day
[6] Agência Portuguesa do Ambiente | Dia Mundial do Ambiente, disponível em: https://apambiente.pt/destaque2/dia-mundial-do-ambiente-2025
[7] Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente | Dia Mundial do Ambiente, disponível em: https://www.unep.org/news-and-stories/press-release/republic-korea-host-world-environment-day-2025-focus-ending-plastic
[8] Assembleia Geral das Nações Unidas | Objetivos Desenvolvimento Sustentável, disponível em: https://sdgs.un.org/goals
[9] Portaria do Diário do Governo | Criação da Comissão Nacional do Ambiente, disponível em: https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/portaria/316-643354
[10] Secretaria-Geral do Ambiente | Dia Mundial do Ambiente, disponível em: https://www.sgambiente.gov.pt/dia-mundial-do-ambiente-sob-o-mote-uma-so-terra/
[11] Comissão Europeia | Eurobarómetro – Alterações Climáticas, disponível em: https://europa.eu/eurobarometer/surveys/detail/2954
[12] Comissão Europeia | Eurobarómetro – Comportamento dos Europeus, disponível em: https://europa.eu/eurobarometer/surveys/detail/3173?etrans=pt
[13] Global Footprint Network | Dia da Sobrecarga dos Países, disponível em: https://overshoot.footprintnetwork.org/newsroom/country-overshoot-days/
[14] Global Footprint Network | Evolução 1971–2024, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=GpozKNyWQWs&t=55s
by Rui Ferreira | Mai 24, 2025
O Dia Europeu dos Parques assinala-se anualmente a 24 de maio. Esta comemoração foi estabelecida em 1999 pela Federação EUROPARC (Federação da Natureza e Parques Nacionais da Europa), com o objetivo de celebrar a criação dos primeiros Parques Nacionais da Europa – um conjunto de nove parques criados na Suécia em 1909. O Dia Europeu dos Parques tem como mote para o ano 2025: Juntos pela Natureza!
A encíclica Laudato Si’, publicada pelo Papa Francisco em 2015, convida o homem contemporâneo a aproximar-se da natureza ao propor uma visão integral da ecologia, baseada no reconhecimento de que tudo está interligado — seres humanos, ambiente, economia e cultura. Inspirando-se no Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis, o Papa Francisco convida à contemplação da natureza como criação divina, portadora de valor intrínseco, e não apenas como um recurso a explorar.
Destacando a necessidade de uma “ecologia integral”, que une justiça social e responsabilidade ambiental, esta encíclica alerta os homens do século XXI para os efeitos das alterações climáticas, da poluição, da perda de biodiversidade e da cultura do descarte e chama à conversão ecológica — uma mudança nos estilos de vida, nos hábitos de consumo e nos modelos económicos. Uma conversão que é tanto pessoal quanto comunitária, apelando à escuta do “clamor da Terra e do clamor dos pobres”.
Um Parque nunca é só um parque
O tema do Dia Europeu dos Parques de 2025 — Juntos pela Natureza! — recorda que as Áreas Protegidas são mais do que apenas espaços delimitados num mapa: são sistemas vivos e prósperos onde tudo está interligado. Das plantas e dos animais que as acolhem até às pessoas que vivem, cuidam e moldam estas paisagens, todos têm um papel nesta “parceria da vida” partilhada.
A saúde destes lugares especiais não se limita às fronteiras das Áreas Protegidas. O que acontece para além dos seus limites influencia profundamente os ecossistemas que as envolvem. Então, como podemos trabalhar em conjunto para criar os melhores resultados para a natureza e para as pessoas, garantindo a resiliência das nossas Áreas Protegidas num mundo em mudança?
Conhecer um parque aqui tão perto — O Parque Natural de Sintra-Cascais: Património natural tão perto da Amadora

@ ICNF

@ ICNF
No Dia Europeu dos Parques, é essencial refletir sobre a importância da preservação das áreas protegidas e promover o contacto das comunidades urbanas com a natureza. O Parque Natural de Sintra-Cascais, com a sua beleza singular, biodiversidade e valor histórico-patrimonial, é uma oportunidade única para os residentes da Amadora redescobrirem a sua ligação ao meio natural. Além da curta distância entre a Amadora e este parque, que o torna tão acessível, há outros aspetos que o valorizam particularmente para a nossa comunidade.
Património natural e cultural diversificado
O Parque Natural de Sintra-Cascais combina floresta, serra, falésias, praias e aldeias históricas. Os visitantes podem usufruir de trilhos como o da Peninha, da zona costeira da Adraga, ou da emblemática Serra de Sintra. O parque abriga ainda locais como o Cabo da Roca, o ponto mais ocidental da Europa continental, e monumentos classificados como Património Mundial, como a Paisagem Cultural de Sintra: Palácio de Monserrate, Convento dos Capuchos, Castelo dos Mouros, Palácio da Pena, Palácio da Vila, entre outros.

Castelo dos Mouros — @ RFerreira (Abril 2022)

Palácio da Pena — @ RFerreira (Abril 2022)

Palácio da Vila e vista panorâmica — @ RFerreira (Abril 2022)
Bem-estar físico e mental
Num contexto urbano e dominado pelo asfalto e pelo cimento, como o da Amadora, apesar de algum esforço camarário na implantação de espaços verdes, a visita a este parque representa uma possibilidade de contacto com a natureza. Bem como atividades variadas como caminhadas, observação de aves, piqueniques ou meditação ao ar livre contribuem para a saúde mental e física, promovendo estilos de vida mais equilibrados.
Educação ambiental e cidadania ecológica
O parque oferece programas educativos e iniciativas de voluntariado ambiental que envolvem escolas, associações e famílias. Especialmente os mais jovens, podem participar em ações de reflorestação, limpeza de trilhos ou visitas guiadas, reforçando a consciência ecológica e o respeito pela biodiversidade.
Uma visita ao Parque Natural de Sintra-Cascais, um espaço de encontro entre o património natural e as necessidades humanas contemporâneas, será, certamente, como sublinhado na encíclica Laudato Si’, uma forma de redescobrir junto da natureza um sentido espiritual, ético e afetivo de cuidado pela “casa comum”, adotando práticas sustentáveis e reforçando a ligação com a natureza num mundo cada vez mais urbano.
Aceda aqui ao vídeo sobre o Dia Europeu dos Parques 2025.
Prepare aqui a sua visita ao Parque Natural Sintra-Cascais.
Para mais informações sobre o parque visite o ICNF.