Reconhecemos Jesus como o nosso rei?

Reconhecemos Jesus como o nosso rei?

O que significa concluirmos o ano litúrgico celebrando a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, rei do universo? Significa que, depois de termos caminhado com Jesus ao longo de um ano inteiro, sentimos que Ele é o nosso verdadeiro guia, o nosso verdadeiro mestre, o nosso verdadeiro Senhor; significa que, depois de termos andado com Ele por tantos caminhos e de termos enfrentado com Ele tantos desafios, confiamos incondicionalmente nas suas orientações e propostas; significa que, depois de termos experimentado a sua amizade e o seu amor, queremos apostar n’Ele toda a nossa vida; significa que, depois de termos caminhado ao ritmo das suas palavras e de termos sido alimentados com o seu Pão, nos sentimos mais fortes, mais livres, mais próximos da vida verdadeira que buscamos; significa que, tendo constatado a centralidade e a importância de Jesus na nossa vida, queremos construir à volta d’Ele toda a nossa existência. Aceitamos a “autoridade” de Jesus, não porque Ele nos impõe o seu poder, mas porque Ele nos toca com o seu amor. Como é que entendemos a realeza de Cristo? Reconhecemos Jesus como o nosso rei?

Diante de Pôncio Pilatos, o “prefeito” romano da Judeia, Jesus admite a sua realeza; mas deixa claro que essa realeza não assenta em poder, em autoridade, em riqueza, em domínio, em mordomias, em distinções humanas. Diante daquele funcionário do império que o questiona, Jesus está só, indefeso, prisioneiro, armado apenas com a força do amor e da verdade. A sua atitude, naquela hora decisiva, corresponde àquilo que foi toda a sua vida: obediência a Deus, serviço aos homens, solidariedade com as vítimas, doação total de si, testemunho da verdade. É com estas “armas” que Ele vai combater o egoísmo, a autossuficiência, a injustiça, a exploração, tudo o que gera sofrimento e morte. A lógica da vida de Jesus é uma lógica desconcertante e incompreensível, à luz dos critérios que o mundo avaliza e enaltece. Consideramos que a opção de Jesus faz sentido? O mundo novo, de vida e de felicidade plena para todos os homens nascerá de uma lógica de força, de autoridade e de imposição, ou de uma lógica de amor, de serviço e de dom da vida?

In site dos Dehonianos

Acreditamos que Deus fará surgir um mundo novo?

Acreditamos que Deus fará surgir um mundo novo?

A guerra, a opressão, a injustiça, a miséria, a escravidão, o egoísmo, o desprezo pela dignidade dos seres humanos, atingem-nos, mesmo quando acontecem a milhares de quilómetros do pequeno mundo onde nos movemos todos os dias. As sombras que marcam a história atual da humanidade tornam-se realidades próximas, tangíveis, que nos inquietam e nos desanimam. Sentimo-nos impotentes, incapazes de mudar o rumo das coisas. A Palavra de Deus que hoje nos é servida abre, contudo, a porta à esperança. Reafirma, uma vez mais, que Deus não abandona os seus filhos que caminham na história e está determinado a transformar o mundo velho do egoísmo e do pecado num mundo novo de vida e de felicidade para todos os homens. A humanidade não caminha para o caos, para a destruição, para o sem sentido, para o nada; mas caminha ao encontro desse mundo novo em que o homem, com a ajuda de Deus, alcançará a plenitude das suas possibilidades. Como é que vemos e avaliamos a história dos homens? Acreditamos que o
mal não triunfará e que a última palavra será sempre de Deus? Acreditamos que Deus fará surgir, das ruínas do mundo velho, um mundo novo, de alegria e de felicidade plenas?

In site dos Dehonianos

Fiéis no pouco

Fiéis no pouco

Fiéis no pouco,
aos gestos e aos encontros
que cada dia contém
para que a infidelidade
não roube a intimidade
como o sol rouba o orvalho.

Fiéis no pouco,
a fazer durar a luz da lâmpada
como a árvore retém
o último raio de sol.

Fiéis no pouco,
como os camponeses devotos
que podam e cavam
tendo no coração
a humana nostalgia do impossível.

Fiéis no pouco,
como todos os buscadores de absoluto
a quem não importa a rota,
porque têm sobre eles
o seu vento de vida.

— Luigi Verdi —

Nós podemos fazer milagres com a generosidade.
A generosidade das pequenas coisas, poucas coisas.
Talvez não fazemos isso porque não pensamos.
A mensagem do Evangelho faz-nos pensar: como posso ser mais generoso?

— Papa Francisco —

Os nossos corações são corações de “pobre”?

Os nossos corações são corações de “pobre”?

Jesus, no átrio do templo de Jerusalém, chama a atenção dos discípulos para uma mulher, viúva e pobre, que apesar da sua pobreza deposita no recipiente das esmolas tudo o que tem. Os olhos de Jesus fixam-se muitas vezes em homens e mulheres simples, que são humildes, generosos e capazes de grandes gestos de amor. Na reflexão bíblica, os pobres, pela sua situação de carência, debilidade e necessidade, são considerados os preferidos de Deus, aqueles que são objeto de uma especial proteção e ternura por parte de Deus. Por isso, eles são olhados com simpatia e até, numa visão simplista e idealizada, são retratados como pessoas pacíficas, humildes, piedosas, cheias de “temor de Deus” (isto é, que se colocam diante de Deus com serena confiança, em total obediência e entrega). Este retrato, naturalmente um pouco estereotipado, não deixa de ter um sólido fundo de verdade: somente os “pobres – aqueles que têm um coração despojado, não apenas de bens materiais, mas também de orgulho, de vaidade, de autossuficiência – são capazes de estar disponíveis para acolher os desafios de Deus e para aceitar, com humildade e simplicidade, os valores do Reino. Os nossos corações são corações de “pobre”, sempre disponíveis para escutar Deus e para acolher com generosidade e amor os desafios de Deus?

In site dos Dehonianos

O que é “amar a Deus”?

O que é “amar a Deus”?

Dois mil anos de cristianismo significam um longo caminho. Ao longo desse caminho, a comunidade de Jesus – como todas as instituições que caminham pela história – foi acumulando um grande número de coisas: normas, preceitos, costumes, tradições, ritos, doutrinas, explicações, veneráveis opiniões, teorias mais ou menos discutíveis… Algum desse material é muito belo e continua a ajudar a comunidade cristã a caminhar na fidelidade a Jesus; outro é datado, perdeu o prazo de validade e pode tornar-se obstáculo para que os homens e mulheres do séc. XXI possam descobrir Jesus e a sua proposta. O pó que os séculos vão acumulando pode, a dada altura, ocultar-nos o essencial e fazer-nos perder a noção do que é realmente importante. Hoje, em âmbito eclesial, gastamos tempo e energias a discutir certas questões secundárias, puramente acidentais, enquanto deixamos em segundo plano o essencial da proposta de Jesus. As palavras de Jesus que escutamos no evangelho deste domingo poderão ajudar-nos a refazer as nossas prioridades: o essencial é o amor a Deus e o amor aos irmãos. Nisto se resume toda a revelação de Deus e a sua proposta de Vida plena e definitiva para os homens. O que é que consideramos essencial para nos mantermos fiéis e a Jesus e à sua proposta? A nossa avaliação do que é essencial está de acordo com as palavras de Jesus que hoje ouvimos?

O que é “amar a Deus”? Olhemos para Jesus… Ele sentia-se profundamente amado por Deus; Deus era o centro da sua vida. Por isso, procurava estar com o Pai, falar com o Pai, conhecer os planos do Pai para o mundo e para os homens. Jesus vivia o seu amor a Deus a partir desta realidade. Para Ele, o amor a Deus concretizava-se na procura de proximidade com o Pai, na escuta do Pai, na obediência incondicional à vontade do Pai, na entrega de toda a sua vida à realização do projeto do Pai. Esta forma de “amar a Deus” pode ser um bom modelo para nós. Deus é para nós, como era para Jesus, um Pai por quem nos sentimos profundamente amados? E esse amor que Deus nos dedica atrai-nos, faz-nos sentir necessidade de arranjar tempo para estar com Ele, para manter um diálogo com Ele? Faz-nos sentir vontade de acolher as indicações de Deus e de viver de acordo com elas? Motiva-nos para acolhermos os projetos de Deus e para nos comprometermos em torná-los realidade no mundo que estamos a construir?

In site dos Dehonianos

Estamos dispostos a vencer a tentação do imobilismo?

Estamos dispostos a vencer a tentação do imobilismo?

A situação inicial do cego Bartimeu – encerrado numa escuridão paralisante, acomodado à sua vida de hábitos e comportamentos velhos, aos seus medos, às suas hesitações, à sua vergonha – evoca um quadro que talvez não nos seja estranho… É a condição do homem que não consegue levantar os olhos do chão, que vive a prazo, que navega sempre à vista de terra, que se conforma com horizontes limitados e é incapaz de olhar para mais longe e mais alto; é a situação do homem prisioneiro do egoísmo, do orgulho, da ambição, dos bens materiais, da preguiça, que vive preso a preocupações rasteiras e materiais; é a realidade do homem refém dos seus vícios, hábitos e paixões, que “deixa correr” as coisas porque não se sente com capacidade para romper, com as suas frágeis forças, as cadeias que o impedem de construir uma vida mais digna e mais ditosa. A Palavra de Deus que escutamos neste domingo garante-nos que a vida não tem de ser vivida desta forma. Estamos conscientes disso? Estamos dispostos a vencer a tentação do imobilismo, da acomodação, do facilitismo, das apostas fáceis em “conquistas” que nunca saciam a nossa fome de vida eterna?

Para o cego Bartimeu, o momento decisivo para a transformação da sua vida foi o encontro com Jesus. Bartimeu sentiu, nesse instante, que Jesus lhe oferecia perspetivas novas de vida e de realização; percebeu que Jesus lhe trazia uma proposta irrecusável e que não podia deixar escapar a oportunidade que lhe era oferecida. Em Jesus, Bartimeu viu a oportunidade de deixar a escuridão e de nascer para a luz. O encontro com Jesus, se é verdadeiro, é sempre desafiante e transformador. Ora, esse mesmo Jesus que Se cruzou com o cego Bartimeu à saída de Jericó continua a cruzar-Se hoje, de forma continuada, com cada homem e com cada mulher nos caminhos da vida e a oferecer-lhes, sem cessar, a possibilidade de agarrarem uma vida nova, uma vida cheia de sentido, uma vida plenamente realizada… E isto diz-nos respeito: a salvação que Jesus oferece também é para nós. Ousaremos sair do nosso egoísmo, da nossa indiferença, da nossa autossuficiência para escutar e abraçar a proposta de Jesus?

In site dos Dehonianos