Jesus, o Filho Amado de Deus, veio ao encontro dos homens

Jesus, o Filho Amado de Deus, veio ao encontro dos homens

O episódio do batismo de Jesus coloca-nos frente a frente com um Deus que aceitou identificar-Se com o homem, partilhar a sua humanidade e fragilidade, a fim de oferecer ao homem um caminho de liberdade e de vida plena. Eu, filho deste Deus, aceito ir ao encontro dos meus irmãos mais desfavorecidos e estender-lhes a mão? Partilho a sorte dos pobres, dos sofredores, dos injustiçados, sofro na alma as suas dores, aceito identificar-me com eles e participar dos seus sofrimentos, a fim de melhor os ajudar a conquistar a liberdade e a vida plena? Não tenho medo de me sujar ao lado dos pecadores, dos marginalizados, se isso contribuir para os promover e para lhes dar mais dignidade e mais esperança?

Jesus, o Filho Amado de Deus, veio ao encontro dos homens, solidarizou-se com as suas dores e limitações e quebrou o muro que nos separava de Deus. Ao ser batizado no rio Jordão, foi ungido pelo Espírito de Deus e abraçou, sem reticências, a missão que o Pai lhe confiava: propor e construir o Reino de Deus. Todos nós que fomos batizados em Cristo recebemos o mesmo Espírito de Deus que Ele recebeu e entramos na comunidade do Reino. No dia do nosso batismo recebemos a missão de colaborar com Jesus na construção de um mundo mais fraterno e mais humano. Temos sido fiéis a essa missão? O nosso compromisso batismal é uma realidade que procuramos renovar a cada passo, ou é letra morta que não toca a forma como vivemos? Somos batizados “de assinatura” (porque o nosso nome aparece num qualquer livro de registos de Batismo), ou somos cristãos de facto, que procuram seguir Jesus em cada passo do caminho e colaborar com Ele no sentido de curar o mundo das suas feridas?

In site dos Dehonianos

Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz?

Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz?

 

Em primeiro lugar, atentemos nas atitudes das várias personagens que Mateus nos apresenta em confronto com Jesus: os “magos”, Herodes, os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo… Diante de Jesus, a “luz salvadora” enviada por Deus, estes distintos personagens assumem atitudes diversas, que vão desde a adoração (os “magos”), até à rejeição total (Herodes), passando pela indiferença (os sacerdotes e os escribas: nenhum deles se preocupou em ir ao encontro desse Messias que eles conheciam bem dos textos sagrados). Com qual destes grupos nos identificamos? Será possível sermos “cristãos praticantes”, andarmos envolvidos nas atividades da comunidade cristã e, simultaneamente, passarmos ao lado das propostas de Jesus? Nós, os que conhecemos as Escrituras, levámo-las a sério quando elas nos desafiam à conversão, ao compromisso, à opção clara pelos valores do Evangelho?

Os “magos” são os “homens dos sinais”, que sabem ver na “estrela” o sinal da chegada da luz libertadora de Deus. Talvez hoje, com toda a pressão que a vida nos coloca, não consigamos ter tempo para olhar para o céu, à procura dos sinais de Deus; talvez a vida nos obrigue a andar de olhos no chão, ocupados em coisas bem rasteiras e materiais… Mas a aventura da existência terá mais cor se arranjarmos tempo para parar, para meditar, para falar com Deus, para escutar as suas indicações, para tentar ler os sinais que Ele vai colocando ao longo do nosso caminho… Talvez a nossa peregrinação pela terra tenha mais sentido se aprendermos a ler os acontecimentos da nossa história e da nossa vida à luz de Deus. Vale a pena pensar nisto…

O relato de Mateus sublinha, por outro lado, a “desinstalação” dos “magos”: eles descobriram a “estrela” e, imediatamente, deixaram tudo para procurar Jesus. O risco da viagem, a incomodidade do caminho, o confronto com o desconhecido, nada os impediu de partir. Somos capazes da mesma atitude de desinstalação, ou estamos demasiado agarrados ao nosso sofá, ao nosso colchão especial, ao nosso comando da televisão, ao nosso computador, à nossa zona de conforto, à nossa segurança, ao nosso comodismo? Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz, muitas vezes através dos irmãos que necessitam da nossa ajuda e do nosso cuidado?

In site dos Dehonianos

Encontramos tempo para reunir a família à volta da Palavra de Deus?

Encontramos tempo para reunir a família à volta da Palavra de Deus?

A “fuga” de Jesus ao controle de Maria e de José para ficar em Jerusalém a escutar os mestres da Lei que ensinavam nos átrios do Templo parece-nos desconcertante, no contexto de um projeto familiar maduro, responsável e harmonioso. Configura uma “crise” familiar? Não. Mas revela uma realidade: na Sagrada Família de Nazaré, Deus é a prioridade. Jesus, pelos doze anos, já estava bem ciente disso. Foi algo que, com toda a certeza, Maria e José ensinaram ao jovem Jesus. Por isso, em Jerusalém, “encantado” com a possibilidade de aprofundar os seus conhecimentos sobre a Palavra de Deus, Jesus deixou-se ficar no Templo. Deus tem um lugar central no projeto de vida da Família de Nazaré. Que importância é que Deus assume na vida das nossas famílias? Deus é a prioridade, a referência suprema? Nas nossas famílias cuida-se da fé e da sua vivência? Aprende-se a rezar? Procura-se que cada pessoa cresça numa progressiva sensibilidade à Palavra de Deus e aos desafios de Deus? Encontramos tempo para reunir a família à volta da Palavra de Deus e para partilhar, em família, a Palavra de Deus?

Jesus tinha doze anos quando foi a Jerusalém em peregrinação para celebrar a Páscoa. Maria e José quiseram que Jesus, desde muito novo, participasse nos grandes momentos da celebração da fé do seu Povo. Consideraram que isso fazia parte da sua responsabilidade enquanto pais profundamente crentes. Nas nossas famílias cristãs há normalmente uma legítima preocupação com o proporcionar a cada criança condições ótimas de vida, de educação, de acesso à instrução e aos cuidados essenciais… Haverá sempre uma preocupação semelhante no que diz respeito à formação para a fé e em proporcionar aos filhos uma verdadeira educação para a vida cristã e para os valores de Jesus Cristo? Os pais cristãos preocupam-se sempre em proporcionar aos seus filhos um exemplo de coerência com os compromissos assumidos no dia do Batismo? Preocupam-se em ser os primeiros catequistas dos próprios filhos, transmitindo-lhes os valores do Evangelho? Preocupam-se em acompanhar e em potenciar a formação e a caminhada catequética dos próprios filhos, em inseri-los numa comunidade de fé, em integrá-los na família de Jesus?

In site dos Dehonianos

Temos sido mensageiros da paz que Jesus veio oferecer ao mundo?

Temos sido mensageiros da paz que Jesus veio oferecer ao mundo?

Estamos na última etapa do “caminho do advento”. Nestes dias que antecedem a celebração do Natal tendemos a ser apanhados pela azáfama dos preparativos para a festa, pela corrida às “prendas”, pelo protocolo dos desejos de boas festas, pelo “ruído de fundo” das luzes, dos spots comerciais, das músicas natalícias; e, no meio dessa onda de futilidade que nos submerge e que nos arrasta, podemos perder de vista o Deus que vem ter connosco. Ora, aquelas duas mulheres grávidas de esperanças – Maria e Isabel – que Lucas coloca no centro do Evangelho deste domingo convidam-nos a centrar a nossa atenção no menino que está para chegar e a acolhê-lo convenientemente: com o amor, com a alegria, com a gratidão, com o espanto que elas sentiram diante da visita de Jesus. Jesus é o centro da história da salvação, a realização plena das promessas de Deus, o “Senhor” da história (o “Kyrios”) que vestiu a nossa humanidade para nos trazer a paz. Estamos focados n’Ele? No nosso coração e na nossa vida há lugar para Ele?

Maria, depois de receber o chamamento de Deus e de aceitar ser a mãe do “Filho do Altíssimo”, pôs-se a caminho. Não fica fechada na sua casa, mergulhada na contemplação do seu estatuto de mãe de um menino que vai herdar “o trono de seu pai David” e que “reinará eternamente sobre a casa de Jacob” (Lc 1,32-33), como lhe disse o mensageiro de Deus. Transportando o Messias prometido, ela torna-se mensageira da paz. Habitada por notícias felizes, Maria faz-se “evangelizadora”. Ela leva o “Evangelho” ao encontro daqueles que esperam ansiosamente a Boa notícia da chegada libertadora de Deus. É assim que ela prepara o nascimento daquele menino que vem mudar o curso da história dos homens. Nestes dias que antecedem a celebração do nascimento de Jesus, temos sido mensageiros da paz que Jesus veio oferecer ao mundo e aos homens? Temos sido arautos da Boa notícia da chegada da salvação?

In site dos Dehonianos

Como é que Deus intervém na história humana e concretiza a sua oferta de salvação?

Como é que Deus intervém na história humana e concretiza a sua oferta de salvação?

O mal de que falava a primeira leitura desta solenidade, constituirá uma inevitabilidade? Estaremos condenados a fazer escolhas erradas, a não fazer caso das indicações de Deus? A verdade é que, desde o primeiro instante da nossa existência, integramos a família humana, uma família onde o pecado existe. Fazendo parte dessa família, estamos marcados e até mesmo condicionados por essa realidade. Resta-nos encolher os ombros, com fatalismo, invocar como desculpa a nossa fragilidade e resignar-nos à mediocridade? Hoje somos convidados a olhar para Maria de Nazaré, aquela que a Igreja chama a “Imaculada Conceição”. Ao contrário de Adão e Eva, ao contrário de todos os homens e mulheres que cedem à tentação de dizer “não” às indicações de Deus, ela ousou dizer “sim” a Deus. Mostrou-se disponível – não apenas num momento particular, mas em toda a sua vida – para deixar em segundo plano os seus projetos pessoais e para abraçar os planos de Deus. Maria de Nazaré mostrou-nos que é possível fazer escolhas acertadas; mostrou-nos que é possível não nos deixarmos submergir pelo egoísmo e pela autossuficiência. O que significa Maria de Nazaré, a “Imaculada Conceição”, para nós? Ela é apenas a “mãe de Deus e nossa mãe do céu”, por quem temos muita devoção, ou é também – e sobretudo – uma referência de vida, aquela que nos ensina a dizer “sim” a Deus e aos seus projetos?

Deus tem, desde sempre, um projeto de salvação e de graça para os seus queridos filhos e filhas. Como é que Deus intervém na história humana e concretiza, dia a dia, a sua oferta de salvação? A história de Maria de Nazaré (bem como a de tantos outros “chamados”) responde, de forma clara, a esta questão: é através de homens e mulheres atentos aos projetos de Deus e de coração disponível para o serviço dos irmãos que Deus atua no mundo, que Ele manifesta aos homens o seu amor, que Ele convida cada pessoa a percorrer os caminhos da felicidade e da realização plena. Já pensámos que é através dos nossos gestos de amor, de partilha e de serviço que Deus Se torna presente no mundo e transforma o mundo?

In site dos Dehonianos

«Erguei-vos e levantai a cabeça»

«Erguei-vos e levantai a cabeça»

No “discurso escatológico”, Jesus diz aos discípulos uma frase que poderia servir de mote para este “caminho de advento” que hoje começamos a percorrer: “erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. Jesus refere-se ao fim dos tempos, ao dia em que o “Filho do Homem” vier sobre as nuvens para dar início a um mundo novo, a um mundo transformado; mas a frase pode perfeitamente aplicar-se a cada “visita” de Deus, a cada vez que Jesus vem ter connosco, “veste” a nossa humanidade, se torna um de nós, nasce na nossa vida… Sim, a vinda de Jesus liberta-nos pois proporciona-nos o encontro cara a cara com o coração misericordioso e paternal de Deus; a vinda de Jesus liberta-nos pois traz-nos um convite irrecusável a dizermos não ao egoísmo que nos escraviza; a vinda de Jesus liberta-nos pois Ele, quando nos encontra, propõe-nos uma vida nova, uma vida com sentido, uma vida vivida em chave de amor. Nestes dias, à medida que preparamos o nosso coração para acolher Jesus, estamos a aproximar-nos da nossa libertação. O que podemos fazer para preparar a chegada de Jesus? O que temos de fazer, neste tempo, para acolher a nossa libertação?

“Erguei-vos e levantai a cabeça” – pede Jesus aos seus discípulos. Na verdade, muitas vezes não caminhamos, mas simplesmente arrastamo-nos pela vida, sem horizontes e sem esperança. O medo paralisa-nos, atira-nos ao chão, obriga-nos a escondermo-nos no nosso espaço protegido, à margem da vida e da luta dos homens; o ativismo cansa-nos de tal forma que a certa altura não temos mais forças para nos levantarmos da cama e começarmos a construir, cada manhã, um dia novo e um mundo novo; a desilusão pela forma como o mundo se vai construindo dá-nos vontade de nos isolarmos e desistirmos de qualquer esforço; as injustiças, as violências, as maldades que vemos crescer à nossa volta fazem-nos pensar que o mundo não tem saída… Baixamos a cabeça, conformamo-nos com a realidade de um mundo que nos parece um lugar cada vez mais assustador e renunciamos a desempenhar o nosso papel enquanto protagonistas da história. Ousaremos, neste tempo de advento, animados pela vinda de Deus, “levantar a cabeça”, olhar a vida olhos nos olhos, e assumir o papel que Deus nos destina na construção de um mundo mais justo, mais humano, mais feliz?

In site dos Dehonianos