Ó doce misericórdia de Deus, cheia de compaixão e de clemência, vós sois a minha esperança e a minha confiança (Leão Dehon, Ano com o Coração de Jesus, p. 487).
A esperança foi uma virtude central na vida do Padre Leão Dehon. Dela hauriu a força e a resiliência necessárias nas provações que teve de enfrentar durante a sua longa vida. A esperança do Leão Dehon fundamentava-se na sua fé ardente e na confiança ilimitada no amor misericordioso de Deus, cuja máxima expressão contemplava no Lado aberto e no Coração trespassado do Salvador. A esperança animou o Padre Dehon na concretização da sua vocação sacerdotal, na fundação da Congregação e no seu incansável serviço para corresponder às necessidades da Igreja e dos mais carenciados da sociedade do seu tempo. Ao celebrarmos o Jubileu da Esperança, no tempo da grave crise mundial que atravessamos, o Padre Dehon ensina-nos a cultivar uma esperança, que não é simples conforto para os nossos sofrimentos, mas é, sobretudo, força motriz para a nossa vida espiritual e para nos tornarmos criativos e ativos na busca e na implementação de soluções para os grandes problemas da humanidade. Esta esperança concretiza-se numa total confiança em Deus e no Sagrado Coração de Jesus, cujo amor continua presente e atuante no mundo de hoje para realizar a nossa redenção. Para Leão Dehon, as dificuldades da vida eram ocasião de participar ativamente na obra de redenção que Deus realiza em cada um de nós e na humanidade inteira, mediante uma intensa vida espiritual e um decidido empenhamento na busca de soluções para os problemas da sociedade.
Apesar das críticas, das calúnias, da falta de meios, o Padre Dehon olhava para o futuro com esperança, confiando na realização do Reino do Coração de Jesus nas almas e nas sociedades. Nas almas, pelos sacramentos e outros dons e meios de santificação; nas sociedades, pela instauração da justiça e da caridade: da justiça, em primeiro lugar, porque sem ela não há bem-estar, não há paz, não há futuro para a humanidade; da caridade, pois a simples justiça não consegue responder a todas as necessidades e problemas das pessoas e das sociedades.
O Reino da justiça e da caridade é, no entendimento do Padre Dehon, o Reino do Coração de Jesus; é o mundo como Deus o sonhou para nós: harmonioso, justo, fraterno. A esperança, fundada na misericórdia de Deus, permite-nos cooperar na construção desse Reino, ultrapassando as razões que podem induzir-nos ao desespero.
Quando celebramos o Jubileu da Esperança, no Centenário da morte de Leão Dehon – faleceu a 12 de agosto de 1925 –, cultivemos a espiritualidade da esperança, enraizada na união com Deus misericordioso e compassivo, e na confiança ativa, para ultrapassarmos as crises pessoais e coletivas com luz e paz que só Ele nos pode dar.
Na escola do Coração de Jesus, a exemplo do Padre Dehon, vivamos como testemunhas e cooperadores da esperança.