O nosso país é conhecido internacionalmente pelas suas praias, seja no extenso litoral atlântico ou nas margens de rios e albufeiras no interior do País. Todos os anos, milhares de pessoas procuram gozar as suas férias nestes locais, de norte a sul, mas podem confiar na qualidade das águas balneares?
A QUALIDADE DAS ÁREAS BALNEARES
Em 2025, Portugal tem identificadas 673 águas classificadas como balneares, dividindo-se em 526 no Continente, 87 na Região Autónoma dos Açores e 60 na Região Autónoma da Madeira. [1] [2]
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) é responsável por definir e implementar o programa de monitorização e pela classificação das águas balneares nacionais feita anualmente.
O número de águas balneares, obrigatoriamente sujeitas a controlo da qualidade da água para a prática balnear, tem evoluído positivamente na última década (eram apenas 514 em 2011) o que indica, necessariamente, uma redução das áreas onde a prática balnear tem sido interdita ou desaconselhada de modo permanente. [3]
De acordo com os dados mais recentes da APA, a maioria das praias portuguesas tem boa (10,8%) ou excelente (82,6%) qualidade de água. Isto significa que, na grande maioria dos casos, ir a banhos em Portugal continua a ser uma atividade segura. No entanto, há ainda locais onde a qualidade da água levanta preocupações e exige melhorias.
Das nove águas balneares com qualidade “má”, seis são no continente, duas na Madeira e uma nos Açores, nomeadamente Benfeita (Arganil), Sandomil (Seia), Matosinhos, Almaceda (Castelo Branco), Fragas de São Simão (Figueiró dos Vinhos), Relva da Reboleira (Manteigas), Poças do Gomes/Doca do Cavacas (Funchal), Maiata (Machico) e Ilhéu de Vila Franca do Campo (São Miguel). [4]
MONITORIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
Com base nos resultados da monitorização da água durante um período mínimo de quatro anos ou recorrendo a 16 amostras é avaliada a qualidade das águas balneares e atribuída uma classificação como Má, Aceitável, Boa ou Excelente. Esta classificação é feita com base em critérios definidos pela legislação aplicável, que se foca, sobretudo, na avaliação da presença de dois tipos de bactérias (Escherichia coli e Enterococos intestinais) nas análises realizadas à água. Estas bactérias são normalmente indicadoras da existência de contaminação por fezes humanas ou animais, sendo frequente quando existem descargas de esgotos sem tratamento diretamente para as linhas de água ou para o mar. [3]
A regulamentação determina também a análise da tendência para a proliferação de macroalgas e/ou fitoplâncton marinho, bem como de algumas espécies de cianobactérias, que pela eventual libertação de toxinas possam representar perigo para a saúde pública. [3]
Ainda que sejam considerados menos relevantes, são ainda avaliados outros aspetos como a transparência da água, a temperatura, a presença de resíduos (óleos, alcatrão, vidro, plástico, borracha e outros) ou de espumas. [5]
As monitorizações realizadas pretendem assegurar a identificação atempada de potenciais riscos para a saúde pública, promover as medidas de gestão adequadas e, sempre que se justifique, garantir a disponibilização de informação ao público, por meio de um sinal de aviso claro e simples.
As classificações positivas resultam maioritariamente dos investimentos realizados ao nível das infraestruturas dos sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais e da respetiva melhoria do efluente tratado.
Quando ocorrem, as classificações negativas costumam ser resultado de:
- Descargas ilegais de redes domésticas ou industriais, ou falhas nas estações de tratamento de águas residuais;
- Redes de saneamento com necessidades de manutenção e reabilitação, que potenciem as escorrências para o meio natural ou que simplesmente não conseguem encaixar o aumento sazonal os volumes produzidos pela população no período de verão;
- Poluição nas linhas de água (como rios e ribeiras) que desaguam no mar e arrastam resíduos inadequadamente depositados nas suas margens;
- Crescimento de algas ou lixo flutuante, que apesar de nem sempre afetarem diretamente a saúde, acabam por prejudicar a experiência dos banhistas e ser motivo de queixas.
No caso particular das águas interiores, podem ainda destacar-se:
- Atividades agrícolas ou pecuárias, que aumentam o risco de contaminação dos cursos de água em resultado da acumulação de fertilizantes ou de dejetos animais nas proximidades das praias fluviais;
- Ocorrência de incêndios que causam a perda do coberto vegetal, e por vezes a alteração das propriedades do solo, promovendo a mobilização de cinzas e sedimentos que podem degradar a qualidade dos recursos hídricos a jusante, ou ainda
- Fenómenos como secas ou chuvas fortes, que alteram significativamente a qualidade das massas de água e os ecossistemas ribeirinhos, decorrente dos fenómenos de concentração de poluentes e arrastamento na sequência do galgamento das margens.
INFORMAÇÃO EM TEMPO REAL
Para possibilitar a consulta de atualizada de dados, a Agência Portuguesa do Ambiente desenvolveu um webservice, designado InfoÁgua, onde é possível encontrar informação sobre a qualidade da água das praias nacionais.

© InfoÁgua
Através do link infoagua.apambiente.pt, pode ser consultada, de forma simples e direta, informação particular de cada água balnear, como a sua classificação, a existência dos galardões como o de Bandeira Azul e de Praia Acessível, e os serviços existentes – restaurantes, apoio balnear, nadador-salvador, existência de cadeira anfíbia, entre outros. Estão ainda identificadas as eventuais situações de risco existentes no local, como fenómenos de erosão das arribas ou a presença de obras. A informação no portal tem ainda dados de previsão meteorológica diária fornecidos pelo serviço do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a temperatura da água, a intensidade do vento e também as horas das marés, disponibilizados pelo Instituto Hidrográfico. [6]
A monitorização das águas balneares é mantida ao longo de toda a época balnear, para avaliar se continuam aptas para banhos. Através desta aplicação, poderá receber as notificações relativas à comunicação dos resultados obtidos.
Este verão, divirta-se em segurança, procure frequentar praias vigiadas e com controlo da qualidade da água e siga as instruções dos nadadores-salvadores.
Boas férias!
REFERÊNCIAS
[1] Agência Portuguesa do Ambiente | Época balnear 2025, disponível em: https://apambiente.pt/apa/epoca-balnear-2025
[2] Diário da República | Identificação das águas balneares costeiras e de transição e das águas balneares interiores, disponível em: https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/portaria/205-a-2025-916582048
[3] Agência Portuguesa do Ambiente | Águas Balneares, disponível em: https://apambiente.pt/agua/aguas-balneares
[4] Jornal Público | Época Balnear, disponível em: https://www.publico.pt/2025/06/21/azul/noticia/ha-oito-praias-agua-qualidade-ma-abertas-banhos-2137320
[5] Diário da República | Qualidade das águas balneares, disponível em: https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/decreto-lei/113-2012-177865
[6] Agência Portuguesa do Ambiente | InfoÁgua (Praias), disponível em: https://apambiente.pt/apa/infoagua-praias