by Paroquia da Amadora | Set 20, 2025
O que é que dá sentido à nossa vida? Quais são as coisas das quais não podemos absolutamente prescindir? Quais são as apostas que priorizamos? Será boa ideia apostarmos todos os nossos esforços na procura de bens materiais? Há gente para quem o dinheiro é a prioridade fundamental; há gente que acredita que o dinheiro lhe pode proporcionar bem-estar, segurança, poder, importância, influência; há gente que considera que o dinheiro lhe facilitará a vida e lhe assegurará uma felicidade sem estorvos. Jesus, no entanto, tem outra perspetiva das coisas. Ele considera que, quando se trata de dar sentido à vida, há valores mais seguros, mais importantes, mais duradouros do que o dinheiro. Jesus acha que “fazer amigos” é bem mais importante do que ter contas bancárias recheadas; estabelecer pontes de diálogo e entendimento é mais compensador do que viver fechado num mundo pessoal de bem-estar e de autossuficiência; partilhar o que temos com os nossos irmãos necessitados traz-nos mais felicidade do que a acumulação egoísta da riqueza. Para Jesus, os valores do Reino de Deus – o amor, a fraternidade, a solidariedade, a generosidade, a partilha, o serviço, o cuidado, a simplicidade, a humildade – é que são os valores que nos completam, que nos realizam, e que devem sustentar o edifício da nossa vida. O que pensamos disto? Concordamos com Jesus?
Na “instrução” que o Evangelho de hoje nos traz, Jesus diz aos discípulos: “nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedica a um e despreza o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. É uma advertência muito grave. Jesus não estará a exagerar? Será verdade que o dinheiro nos incompatibiliza com Deus? A verdade é que o dinheiro é um “senhor” extremamente exigente, que toma conta de nós, que nos absorve completamente e que não nos deixa grande espaço de manobra. Se o permitirmos, ele pode tornar-se o dono absoluto das nossas vidas e obrigar-nos a colocar em segundo plano todas as nossas outras referências: Deus, a família, os amigos, a nossa dignidade, a nossa liberdade, a nossa consciência, os nossos princípios mais sagrados. O dinheiro promete-nos horizontes ilimitados, êxitos inequívocos, felicidade sem fim; mas, fatalmente, acaba por nos dececionar e por nos deixar mergulhados no vazio e na desilusão. Talvez toda esta “prevenção” nos pareça excessiva; mas não conhecemos tantos casos, à nossa volta, de gente que colocou toda a sua esperança e segurança no dinheiro e que acabou por perder as coisas mais belas da vida? Que papel e que lugar ocupa o dinheiro na nossa vida?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Set 20, 2025
1.ª LEITURA: Am 8, 4-7
SALMO: 112 (113), 1-2.4-6.7-8
REF.: Louvai o Senhor, que levanta os fracos.
2.ª LEITURA: 1 Tim 2, 1-8
EVANGELHO: Lc 16, 1-13
by Paroquia da Amadora | Set 13, 2025
João é o evangelista abismado na contemplação do amor de um Deus que não hesitou em enviar ao mundo o seu Filho, o seu único Filho, para apresentar aos homens uma proposta de felicidade plena, de vida definitiva; e Jesus, o Filho, cumprindo o mandato do Pai, fez da sua vida um dom, até à morte na cruz, para mostrar aos homens o “caminho” da vida eterna… O Evangelho que escutamos na Festa da Exaltação da Santa Cruz convida-nos a contemplar, com João, esta incrível história de amor e a espantar-nos com o peso que nós – seres limitados e finitos, pequenos grãos de pó na imensidão das galáxias – adquirimos nos esquemas, nos projetos e no coração de Deus. Temos consciência desse amor, estamos gratos por esse amor, aceitamos que esse amor nos indique o caminho que devemos percorrer e a forma como devemos viver?
O amor de Deus traduz-se na oferta ao homem de Vida plena e definitiva. É uma oferta gratuita, incondicional, absoluta, válida para sempre e que não discrimina ninguém. Aos homens – dotados de liberdade e de capacidade de opção – compete decidir se aceitam ou se rejeitam o dom de Deus. Às vezes, os homens acusam Deus pelas guerras, pelas injustiças, pelas arbitrariedades que trazem sofrimento e que pintam as paredes do mundo com a cor do desespero… Mas o texto evangélico que hoje escutamos é claro: Deus ama cada pessoa e a todos oferece a vida. O sofrimento e a morte não vêm de Deus, mas são o resultado das escolhas erradas feitas pelo ser humano que se obstina na autossuficiência e que prescinde dos dons de Deus. Temos consciência de que alguns dos males do nosso mundo poderão resultar do nosso egoísmo, do nosso orgulho, do nosso comodismo, dos nossos preconceitos, da nossa recusa em ouvir Deus e em seguir os caminhos que Ele nos aponta? O que é que precisamos de mudar, nas nossas vidas, para sermos sinais e arautos do amor de Deus?
In site dos Dehonianos
by Paroquia da Amadora | Ago 24, 2025
Como devemos viver para que a nossa vida não seja perdida? No caminho para Jerusalém, Jesus deixa a sua resposta: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita”. Talvez esta frase dita assim, sem explicações, nos pareça estranha e enigmática. Contudo, o Evangelho de Jesus, no seu conjunto, explica-a bastante bem: “entrar pela porta estreita” é não viver de forma irresponsável, sem agarrar a vida e sem se comprometer; é recusar a mediocridade, a acomodação, a alienação; é não ceder ao facilitismo, à tentação do bem-estar, aos valores que não têm qualquer valor; é não viver exclusivamente voltado para os próprios interesses pessoais, alheado dos problemas do mundo e da sorte dos irmãos; é não se conformar com uma vida oca, de meias tintas, indolor, sem metas elevadas; é não confiar em falsas seguranças vindas do dinheiro ou de uma religião vazia e ritualista; é fazer-se pequeno, simples, humilde, servo, capaz de amar até ao dom total de si próprio… Como é que estamos a construir a nossa vida? Confundimos “felicidade” com “facilidade”? Apostamos na “porta estreita”, que implica esforço, renúncia, sacrifício, coerência, risco, luta, compromisso, ou procuramos a “porta larga” da facilidade, da superficialidade, do bem-estar, da popularidade, do êxito efémero, de tudo aquilo que não exige muito mas também não sacia a nossa fome e a nossa sede de vida verdadeira?
A parábola do banquete em que a porta se fechou, impedindo a entrada daqueles que chegaram tarde e a más horas, não é sobre a intransigência de Deus para com os seus filhos que às vezes se equivocam na escolha das prioridades; mas é um veemente apelo a que não nos deixemos adormecer numa vida fácil e acomodada, negligenciando as oportunidades que nos são dadas para construirmos uma vida com sentido. A nossa passagem pela terra é efémera. Tem um tempo que rapidamente se esgota. Se, no tempo que nos é dado, formos apostando tudo em coisas rasteiras e fúteis, não conseguiremos ter espaço para as coisas decisivas, as que dão sentido a tudo. Sem darmos conta, o tempo que temos à nossa disposição esvazia-se, a porta fecha-se e acabamos por não viver verdadeiramente. Como gastamos o tempo que Deus nos concede? Apostamos em escolhas que nos realizam? Procuramos a cada instante encher de sentido a nossa vida, esforçando-nos por concretizar o projeto que Deus tem para nós?
In site dos Dehonianos
by Padre Carlos Jorge | Ago 19, 2025
Jacob tendo ficado só, alguém lutou com ele até ao romper da aurora. Vendo que não podia vencer Jacob, bateu-lhe na coxa, e a coxa de Jacob deslocou-se, quando lutava com ele. E disse-lhe: «Deixa-me partir, porque já rompe a aurora.» Jacob respondeu: «Não te deixarei partir enquanto não me abençoares.» Perguntou-lhe então: «Qual é o teu nome?» Ao que ele respondeu: «Jacob.» E o outro continuou: «O teu nome não será mais Jacob, mas Israel; porque combateste contra Deus e contra os homens e conseguiste resistir.» Jacob interrogou-o, dizendo: «Peço-te que me digas o teu nome.» «Porque me perguntas o meu nome?» – respondeu ele. E então abençoou-o. | Gn 32, 25-30
Este episódio tem tanto de fascinante como de enigmático.
Deixemo-nos envolver pelo tom misterioso, pela movimentação,
pelos enunciados concisos, pelos silêncios, pelas alusões…
Jacob luta com ‘alguém’, que se lhe interpõe no caminho:
principia na escuridão, franqueia a aurora, termina de dia.
Há múltiplas leituras e interpretações para este relato.
Uma delas, talvez a mais relevante, relaciona-se com a luta.
Quando se enfrentam desafios, geram-se tumultos dentro da alma,
batalhas internas a travar, trânsito de um ‘antes’ para um ‘depois’.
Para um crente, a relação com Deus pode tomar a forma de ‘duelo’,
quase como um combate corpo-a-corpo,
um confronto entre o que aquele é e quer, e o que Deus É e quer.
Após a refrega, que pode durar ‘toda a noite’,
Deus inventa um empate: não se deixa derrubar nem dominar,
mas não permite, também, que Jacob prove o amargo da derrota.
Ganham ambas as partes. Uma vitória repartida. A única que vale.
Aquele que não desiste d’Ele, que ‘não O quer deixar partir’,
o que ‘luta contra Deus e contra os homens, e consegue resistir’,
recebe um nome novo. Torna-se cidadão da Vida.
E, no final, Deus abençoa-o, ou seja, fala bem dele, aplaude-o.
Que ninguém tenha receio de ter Deus como adversário.
No final de cada ‘combate’ não haverá vencidos. Só vencedores.
In Palavra de Deus, Palavras do homem
(adaptado)
by Paroquia da Amadora | Ago 17, 2025
Desde muito cedo Jesus soube que o Pai lhe tinha confiado uma missão. Essa missão passava por dar testemunho do amor de Deus e propor aos homens um mundo novo, um mundo construído sobre os valores de Deus. Jesus abraçou essa missão com todas as forças do seu coração. Numa imagem bastante expressiva, Jesus dizia-se animado pelo “fogo” de Deus. A sua paixão por Deus e pelo Reino brilhava em cada palavra que Ele dizia ou em cada gesto que ele fazia. Essa paixão contagiava todos aqueles que com Ele se cruzavam e trazia uma esperança nova a todos aqueles que viviam afogados nas sombras da morte: os pobres da Galileia que não tinham pão para dar aos filhos, os doentes desalentados e sem perspetivas, os pecadores condenados pela sociedade e pela religião do Templo, os crentes sinceros que não se reviam numa religião vazia e estéril… Os donos do mundo tentaram apagar o “fogo” de Jesus, mergulhando-O na morte e atirando-O para o silêncio de um sepulcro; mas Jesus voltou a aparecer vivo aos seus discípulos, derramou sobre eles o “fogo” do Espírito e enviou-os pelo mundo a dar testemunho do que tinham visto e escutado. Assim, o “fogo” de Jesus atravessou o tempo e a história e chegou até nós. Vivemos contagiados pelo “fogo” de Jesus, pela sua paixão por Deus e pelo Reino?
O “fogo” que Jesus trouxe à terra é também um “fogo” purificador, que se propõe “queimar” o lixo que suja o mundo e que estraga a vida dos homens: o egoísmo, a injustiça, a escravidão, a opressão, a autossuficiência, a prepotência, a ambição, a ganância, a violência, a mentira, o medo, o conformismo, a indiferença, a maldade nas suas mil e uma formas. Jesus queria que das cinzas desse mundo velho, destruído pelo “fogo” purificador da sua proposta, emergisse o Reino de Deus: um mundo de amor, de justiça, de paz, de reconciliação, de fraternidade, de solidariedade, de respeito pela dignidade de cada ser humano e da criação. Sentimo-nos “habitados” pelo “fogo” de Jesus e, como Ele, estamos disponíveis para combater tudo aquilo que estraga o nosso mundo e que traz sofrimento aos homens? Haverá na nossa vida pessoal algum “lixo” que necessita de ser queimado para que surja em nós o Homem Novo?
Jesus disse estar ansioso por receber “um batismo” que o levou a mergulhar na morte para emergir para a vida nova da ressurreição. No dia do nosso batismo nós também fomos mergulhados na água e emergimos como pessoas novas, comprometidas com Jesus e com o seu projeto. Morremos para a vida velha do pecado e ressuscitamos para a vida nova. Depois, fomos fazendo caminho, no meio das consolações de Deus e das vicissitudes da vida. No entanto, com o passar do tempo, a rotina, o cansaço, a monotonia, a habituação, a banalização da existência, foram apagando o “fogo de Deus” que ardia em nós e que nos tinha sido dado no dia do nosso batismo. Acomodamo-nos na vivência de uma fé rotineira, feita de ritos externos, de tradições velhas, de palavras ocas, de uma “doutrina” que passa ao lado das exigências da vida. Instalados, acomodados, arrefecidos, vamos atravessando a vida sem chama, apegados a valores efémeros, navegando à vista de terra, sem nos arriscarmos e sem nos empenharmos verdadeiramente na construção de um mundo segundo Deus. O que podemos fazer para reavivar em nós o “fogo de Deus” que recebemos no dia do nosso compromisso batismal?
In site dos Dehonianos