by Padre Carlos Jorge | Ago 19, 2025
Jacob tendo ficado só, alguém lutou com ele até ao romper da aurora. Vendo que não podia vencer Jacob, bateu-lhe na coxa, e a coxa de Jacob deslocou-se, quando lutava com ele. E disse-lhe: «Deixa-me partir, porque já rompe a aurora.» Jacob respondeu: «Não te deixarei partir enquanto não me abençoares.» Perguntou-lhe então: «Qual é o teu nome?» Ao que ele respondeu: «Jacob.» E o outro continuou: «O teu nome não será mais Jacob, mas Israel; porque combateste contra Deus e contra os homens e conseguiste resistir.» Jacob interrogou-o, dizendo: «Peço-te que me digas o teu nome.» «Porque me perguntas o meu nome?» – respondeu ele. E então abençoou-o. | Gn 32, 25-30
Este episódio tem tanto de fascinante como de enigmático.
Deixemo-nos envolver pelo tom misterioso, pela movimentação,
pelos enunciados concisos, pelos silêncios, pelas alusões…
Jacob luta com ‘alguém’, que se lhe interpõe no caminho:
principia na escuridão, franqueia a aurora, termina de dia.
Há múltiplas leituras e interpretações para este relato.
Uma delas, talvez a mais relevante, relaciona-se com a luta.
Quando se enfrentam desafios, geram-se tumultos dentro da alma,
batalhas internas a travar, trânsito de um ‘antes’ para um ‘depois’.
Para um crente, a relação com Deus pode tomar a forma de ‘duelo’,
quase como um combate corpo-a-corpo,
um confronto entre o que aquele é e quer, e o que Deus É e quer.
Após a refrega, que pode durar ‘toda a noite’,
Deus inventa um empate: não se deixa derrubar nem dominar,
mas não permite, também, que Jacob prove o amargo da derrota.
Ganham ambas as partes. Uma vitória repartida. A única que vale.
Aquele que não desiste d’Ele, que ‘não O quer deixar partir’,
o que ‘luta contra Deus e contra os homens, e consegue resistir’,
recebe um nome novo. Torna-se cidadão da Vida.
E, no final, Deus abençoa-o, ou seja, fala bem dele, aplaude-o.
Que ninguém tenha receio de ter Deus como adversário.
No final de cada ‘combate’ não haverá vencidos. Só vencedores.
In Palavra de Deus, Palavras do homem
(adaptado)
by Paróquia da Amadora | Dez 27, 2024
A “fuga” de Jesus ao controle de Maria e de José para ficar em Jerusalém a escutar os mestres da Lei que ensinavam nos átrios do Templo parece-nos desconcertante, no contexto de um projeto familiar maduro, responsável e harmonioso. Configura uma “crise” familiar? Não. Mas revela uma realidade: na Sagrada Família de Nazaré, Deus é a prioridade. Jesus, pelos doze anos, já estava bem ciente disso. Foi algo que, com toda a certeza, Maria e José ensinaram ao jovem Jesus. Por isso, em Jerusalém, “encantado” com a possibilidade de aprofundar os seus conhecimentos sobre a Palavra de Deus, Jesus deixou-se ficar no Templo. Deus tem um lugar central no projeto de vida da Família de Nazaré. Que importância é que Deus assume na vida das nossas famílias? Deus é a prioridade, a referência suprema? Nas nossas famílias cuida-se da fé e da sua vivência? Aprende-se a rezar? Procura-se que cada pessoa cresça numa progressiva sensibilidade à Palavra de Deus e aos desafios de Deus? Encontramos tempo para reunir a família à volta da Palavra de Deus e para partilhar, em família, a Palavra de Deus?
Jesus tinha doze anos quando foi a Jerusalém em peregrinação para celebrar a Páscoa. Maria e José quiseram que Jesus, desde muito novo, participasse nos grandes momentos da celebração da fé do seu Povo. Consideraram que isso fazia parte da sua responsabilidade enquanto pais profundamente crentes. Nas nossas famílias cristãs há normalmente uma legítima preocupação com o proporcionar a cada criança condições ótimas de vida, de educação, de acesso à instrução e aos cuidados essenciais… Haverá sempre uma preocupação semelhante no que diz respeito à formação para a fé e em proporcionar aos filhos uma verdadeira educação para a vida cristã e para os valores de Jesus Cristo? Os pais cristãos preocupam-se sempre em proporcionar aos seus filhos um exemplo de coerência com os compromissos assumidos no dia do Batismo? Preocupam-se em ser os primeiros catequistas dos próprios filhos, transmitindo-lhes os valores do Evangelho? Preocupam-se em acompanhar e em potenciar a formação e a caminhada catequética dos próprios filhos, em inseri-los numa comunidade de fé, em integrá-los na família de Jesus?
In site dos Dehonianos