Como vemos Deus?

Como vemos Deus?

Lucas faz questão de nos dizer que Jesus manteve, ao longo de toda a sua vida, um constante diálogo com o Pai. Depois de cada jornada gasta a percorrer as aldeias da Galileia, a curar as feridas dos homens, a contar parábolas que anunciavam a chegada iminente de um mundo novo, a experimentar a oposição dos líderes judaicos, a constatar a falta de fé dos habitantes das cidades do lago, a verificar a dificuldade dos discípulos em aceitar os valores do Reino, Jesus sentia necessidade de se afastar para um sítio isolado para passar tempo de qualidade com o Pai. Era nesse tempo que Ele contava ao Pai o que lhe ia no coração, experimentava a ternura do Pai, procurava discernir os projetos do Pai, recebia do Pai a força para enfrentar as oposições e servir o Reino de Deus. E nós, formados na “escola de Jesus”, também procuramos encontrar espaço, no final de cada dia, para dialogar com Deus? No meio da agitação e dos problemas que todos os dias nos visitam, encontramos tempo para “sentirmos o pulso” de Deus, para contarmos a Deus as nossas dúvidas e inquietações, para tentarmos perceber o projeto de Deus tem para nós e para o mundo?

Jesus sentia Deus como um pai bom, que acolhe com ternura e bondade os seus filhos, que os escuta interessadamente, que partilha com eles os seus projetos, que os apoia e abraça, que lhes dá a força necessária para enfrentarem os ventos e marés da vida e da história. Quando se experimenta Deus desse jeito, sentimo-nos bem a dialogar com Deus, a contar-lhe o que nos vai no coração, a procurar discernir o que Ele quer de nós, a fazer a sua vontade. Ele é para nós, como o era para Jesus, o “papá” a quem amamos e por quem nos sentimos amados, em quem confiamos incondicionalmente, a quem recorremos confiadamente, com quem partilhamos tudo o que nos acontece, ou é o Deus distante, inacessível, indiferente, que facilmente deixamos de lado porque não tem qualquer lugar especial no nosso projeto de vida?

In site dos Dehonianos

Que espaço fica para nos encontrarmos com Deus?

Que espaço fica para nos encontrarmos com Deus?

Os nossos dias vivem-se a um ritmo sufocante. A sobrecarga de trabalho, a pressão para corresponder às expetativas, a obrigação de fazer tudo para ontem, o cumprimento dos objetivos que nos impõem, obrigam-nos a uma correria sem fim. Dizemos estupidamente que “tempo é dinheiro” e procuramos aproveitar avidamente cada instante, não percebendo que a vida nos vai escapando por entre as mãos e que nos vamos desumanizando sempre mais. Mudamos de fila no trânsito da manhã vezes incontáveis para ganhar uns metros, arriscamos a vida passando semáforos vermelhos, comemos de pé ao lado de pessoas para quem nem sequer olhamos, chegamos a casa tarde, extenuados, enervados, vencidos pelo cansaço e pelo stress, sem tempo e sem vontade de brincar com os filhos ou de lhes ler uma história e dormimos algumas horas com a consciência de que o dia a seguir vai ser exatamente igual… Temos ótimas desculpas: são as exigências da vida moderna; temos de viver a este ritmo para não ficar para trás; não podemos perder a batalha diária pela existência. Contudo, mesmo que tudo isso seja verdade, acabamos por transigir com o sistema e por prescindir de coisas essenciais. Que espaço fica para nos encontrarmos com Deus? Que tempo fica para nos encontrarmos com Jesus, para O escutarmos, para acolhermos as suas propostas? Que tempo e que espaço ficam para a família, para os amigos, para tudo isso que torna a nossa vida mais humana e mais feliz?

Marta e Maria, respetivamente a discípula que vive para servir e a discípula que se senta aos pés de Jesus para escutar a Palavra, não representam duas realidades opostas; mas representam duas facetas que, no conjunto, “compõem” a figura do verdadeiro discípulo. Viver como discípulo de Jesus não se resume simplesmente em “fazer coisas”, ainda que boas e úteis; um ativismo que não parte do encontro com Jesus e da escuta da Palavra de Jesus, acaba a médio prazo por se tornar um “cumprir calendário” sem sentido e sem objetivo. Por outro lado, viver como discípulo de Jesus também não é ficar simplesmente sentado a “olhar para o céu”, desligado das realidades da terra, alheio às necessidades, aos sofrimentos e às alegrias dos homens. O discípulo de Jesus senta-se primeiro aos pés de Jesus, como Maria, a fim de escutar as indicações de Jesus e receber as indicações que Ele dá; depois, como Marta, dispõe-se a servir os irmãos, com dedicação e generosidade. É desta forma que procuramos viver o nosso seguimento de Jesus? Nas nossas comunidades cristãs, onde há sempre tanta coisa a fazer, a ação é sempre precedida da escuta de Jesus?

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A preocupação dos discípulos deve ser a dedicação total à missão

A preocupação dos discípulos deve ser a dedicação total à missão

Jesus define pormenorizadamente a forma como os discípulos devem atuar, enquanto estão em missão: não devem levar consigo nem bolsa, nem alforge, nem sandálias; não devem deter-se a saudar ninguém pelo caminho; não devem saltar de casa em casa. As indicações de não levar nada para o caminho sugerem que a força do Evangelho não reside nos meios materiais, mas na força libertadora da Palavra; a indicação de não saudar ninguém pelo caminho indica a urgência da missão (que não permite deter-se nas intermináveis saudações típicas da cortesia oriental, sob pena de o essencial – o anúncio do Reino – ser continuamente adiado); a indicação de que não devem saltar de casa em casa sugere que a preocupação fundamental dos discípulos deve ser a dedicação total à missão e não o encontrar uma hospitalidade mais confortável. Despojados dos bens materiais, sem preocupações com o bem-estar ou com a própria segurança, libertos da ansiedade sobre a forma como vão ser acolhidos, os enviados de Jesus estão completamente disponíveis para servir o Reino de Deus. Essa será a preocupação suprema que os move. 

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Para nós, Ele é “caminho, verdade e vida”?

Para nós, Ele é “caminho, verdade e vida”?

“E vós, quem dizeis que Eu sou?” – perguntou Jesus diretamente aos seus discípulos nos arredores de Cesareia de Filipe. É uma pergunta decisiva, que deve ecoar, de forma constante, nos ouvidos e no coração dos discípulos de Jesus de todas as épocas. A nossa resposta a esta questão não pode ficar-se pela repetição papagueada de velhas fórmulas que aprendemos na catequese, ou pela reprodução impessoal de uma definição tirada de um qualquer tratado de teologia. A questão vai dirigida ao âmago do nosso ser e exige uma tomada de posição pessoal, um pronunciamento sincero, sobre a forma como Jesus toca a nossa vida. A resposta a esta questão é o passo mais importante e decisivo na vida de cada cristão. Quem é Jesus para nós? Que lugar ocupa Ele na nossa existência? Que valor damos às suas propostas? Que importância assumem os seus valores nas nossas opções de vida? Jesus é, para nós, a grande referência, o vetor à volta do qual o nosso mundo se constrói? Ele é para nós, de facto, “caminho, verdade e vida”? 

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Somos capazes de vencer os nossos medos?

Somos capazes de vencer os nossos medos?

A partida de Jesus, a sua entrada definitiva no mistério do Pai, marca uma etapa nova na história da salvação. Nesse dia começa o tempo da Igreja, o tempo em que a responsabilidade de testemunhar a salvação de Deus fica nas mãos dos discípulos. Eles acolheram o convite de Jesus, dispuseram-se a segui-l’O, ouviram as suas palavras, viram os seus gestos, aprenderam as suas lições, foram formados na sua “escola”. Conhecem o projeto de Jesus e adotaram-no como projeto de vida. É altura de se mostrarem adultos e responsáveis na vivência da fé. Não podem continuar “à boleia” de Jesus, à espera que Jesus faça tudo. Compete-lhes agora continuarem no mundo, com alegria, criatividade e compromisso, a obra libertadora e salvadora de Jesus. Sentimos esta responsabilidade? Somos capazes de vencer os nossos medos e hesitações, a preguiça e o comodismo, para nos assumirmos como testemunhas coerentes e comprometidas de Jesus e do seu projeto?

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Procuramos escutar Jesus todos os dias e viver ao seu estilo?

Procuramos escutar Jesus todos os dias e viver ao seu estilo?

Jesus, naquela inolvidável ceia de despedida comida na véspera da sua morte, prometeu aos discípulos que não os deixaria sozinhos a percorrer os caminhos do mundo e da história. São palavras que podem mudar completamente a nossa perspetiva das coisas. É verdade que não é fácil, nos nossos dias, seguir os passos de Jesus. Para a maior parte dos nossos contemporâneos, os valores de Jesus não despertam um interesse significativo; soam até a algo ilógico, obsoleto, desfasado da realidade do nosso tempo. Nesse cenário, muitos discípulos de Jesus sentem-se perdidos, desanimados, com vontade de baixar os braços e de se deixar levar pela onda do facilitismo, do relativismo, da indiferença, da pressão social, do “deixar correr”. No entanto, Jesus – esse mesmo Jesus que todos os dias se senta connosco à mesa para nos alimentar com a sua Palavra e o seu Pão – diz-nos: “Quem me ama guardará a minha palavra e o meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada.” Afinal, os discípulos de Jesus não estão por sua conta, abandonados à sua sorte num cenário desencorajador. Caminhamos com Jesus, abraçados pelo Pai; e Jesus continua a apontar-nos, a par e passo, o caminho que leva à vida. Temos tudo isto presente, sempre que sentimos dificuldade em entrever o sentido dos nossos passos?

A comunhão do crente com o Pai e com Jesus – fonte de vida e de esperança – não resulta de empatias rebuscadas, de construções intelectuais, de especiais práticas de piedade, da execução de determinados ritos no decorrer dos quais a vida de Deus inunda inesperadamente o coração do crente; mas resulta do “guardar a Palavra” de Jesus e do percorrer com Jesus o caminho do amor e da entrega, numa doação total a Deus e aos irmãos. Como é que cultivamos a nossa comunhão com Jesus e com o Pai? Procuramos todos os dias, neste tempo que nos tocou viver e com as condições que marcam o nosso caminho diário, escutar Jesus, entender e acolher as suas propostas, ir atrás d’Ele, viver ao seu estilo?

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