by Paróquia da Amadora | Mai 31, 2025
A partida de Jesus, a sua entrada definitiva no mistério do Pai, marca uma etapa nova na história da salvação. Nesse dia começa o tempo da Igreja, o tempo em que a responsabilidade de testemunhar a salvação de Deus fica nas mãos dos discípulos. Eles acolheram o convite de Jesus, dispuseram-se a segui-l’O, ouviram as suas palavras, viram os seus gestos, aprenderam as suas lições, foram formados na sua “escola”. Conhecem o projeto de Jesus e adotaram-no como projeto de vida. É altura de se mostrarem adultos e responsáveis na vivência da fé. Não podem continuar “à boleia” de Jesus, à espera que Jesus faça tudo. Compete-lhes agora continuarem no mundo, com alegria, criatividade e compromisso, a obra libertadora e salvadora de Jesus. Sentimos esta responsabilidade? Somos capazes de vencer os nossos medos e hesitações, a preguiça e o comodismo, para nos assumirmos como testemunhas coerentes e comprometidas de Jesus e do seu projeto?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Mai 24, 2025
Jesus, naquela inolvidável ceia de despedida comida na véspera da sua morte, prometeu aos discípulos que não os deixaria sozinhos a percorrer os caminhos do mundo e da história. São palavras que podem mudar completamente a nossa perspetiva das coisas. É verdade que não é fácil, nos nossos dias, seguir os passos de Jesus. Para a maior parte dos nossos contemporâneos, os valores de Jesus não despertam um interesse significativo; soam até a algo ilógico, obsoleto, desfasado da realidade do nosso tempo. Nesse cenário, muitos discípulos de Jesus sentem-se perdidos, desanimados, com vontade de baixar os braços e de se deixar levar pela onda do facilitismo, do relativismo, da indiferença, da pressão social, do “deixar correr”. No entanto, Jesus – esse mesmo Jesus que todos os dias se senta connosco à mesa para nos alimentar com a sua Palavra e o seu Pão – diz-nos: “Quem me ama guardará a minha palavra e o meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada.” Afinal, os discípulos de Jesus não estão por sua conta, abandonados à sua sorte num cenário desencorajador. Caminhamos com Jesus, abraçados pelo Pai; e Jesus continua a apontar-nos, a par e passo, o caminho que leva à vida. Temos tudo isto presente, sempre que sentimos dificuldade em entrever o sentido dos nossos passos?
A comunhão do crente com o Pai e com Jesus – fonte de vida e de esperança – não resulta de empatias rebuscadas, de construções intelectuais, de especiais práticas de piedade, da execução de determinados ritos no decorrer dos quais a vida de Deus inunda inesperadamente o coração do crente; mas resulta do “guardar a Palavra” de Jesus e do percorrer com Jesus o caminho do amor e da entrega, numa doação total a Deus e aos irmãos. Como é que cultivamos a nossa comunhão com Jesus e com o Pai? Procuramos todos os dias, neste tempo que nos tocou viver e com as condições que marcam o nosso caminho diário, escutar Jesus, entender e acolher as suas propostas, ir atrás d’Ele, viver ao seu estilo?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Mai 17, 2025
Naquela hora decisiva em que se despediu dos discípulos, a hora da verdade absoluta, a hora de pôr todas as cartas na mesa, Jesus disse-lhes: “dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos”. Este é o coração do testamento de Jesus, o seu “mandamento” único, a sua proposta mais decisiva. Desde aquela ceia de despedida, passaram-se mais de dois mil anos. Ao longo desse tempo, a comunidade de Jesus que caminha na história foi acumulando um enorme tesouro de experiências e vivências, de teorias e doutrinas, de leis e preceitos, de palavras decisivas e de palavras dispensáveis, de valores eternos e de valores datados, de coisas belas com a marca da eternidade e de coisas feias que têm e ferrugem do tempo. A tudo isso juntou-se o pó acumulado pelos séculos que, por vezes, cobre tudo e não deixa ver o essencial. O Evangelho deste domingo convida-nos a redescobrir o essencial da proposta de Jesus. O que é que está no centro da nossa experiência cristã? Que valor tem, na nossa maneira de viver a fé, o mandamento de Jesus sobre o amor? A nossa religião é a religião do amor, ou é a religião das leis, das exigências, dos ritos externos, do cumprimento de preceitos? Com que força nos impomos no mundo: com a força do amor e do serviço simples e humilde, ou com a força da autoridade prepotente e dos privilégios?
A palavra “amor” tem, hoje, muitos significados e pode ser equívoca. Tanto é usada para falar de algo muito belo, como para definir comportamentos egoístas, interesseiros e sórdidos, que usam o outro, que fazem mal, que limitam horizontes, que roubam a liberdade, que destroem a vida do outro… O amor de que Jesus fala quando se dirige aos discípulos naquela ceia de despedida, é o amor que acolhe, que cuida, que se faz serviço simples e humilde, que respeita absolutamente a dignidade e a liberdade do outro, que não discrimina nem marginaliza seja quem for, que não fica indiferente ao sofrimento do outro, que se faz dom total para que o outro tenha mais vida, que gera comunhão e fraternidade. O episódio do lava-pés, na última ceia de Jesus com os discípulos, poderia perfeitamente ser o ícone do amor, tal como Jesus o entendeu e o viveu. É este o amor que vivemos e que testemunhamos?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Mar 29, 2025
Para nós, homens e mulheres do séc. XXI, quem é Deus? Como o vemos e entendemos? Deus interessa-nos? Tem lugar na nossa vida? Faz-nos alguma falta? A parábola do pai misericordioso, contada por Jesus, é para todos aqueles que se questionam sobre Deus e sobre o papel de Deus nas suas vidas. Jesus falava de Deus como um pai, um pai que ama os seus filhos para além de toda a medida, de toda a compreensão e de toda a lógica; um pai que respeita as decisões dos seus filhos, mesmo quando eles tomam decisões absolutamente disparatadas; um pai que não tem medo de passar vergonhas e de perder a sua “dignidade” de chefe da família por causa do seu amor; um pai que, quando avista os seus filhos humilhados e magoados, corre ao encontro deles e abraça-os com uma ternura sem fim; um pai que não critica, nem acusa, nem castiga, nem exige explicações, porque está apenas focado em amar; um pai cujo amor regenera e proporciona a cada passo aos filhos uma vida nova e livre; um pai cujo desejo mais profundo é sentar-se com todos os seus queridos filhos, sem exceção, à volta da mesa familiar, numa festa sem fim. Nas nossas vidas, cheias de futilidade, de angústia, de solidão, de medos, de amores efémeros, de apostas falhadas, não fará falta um Deus que seja capaz de nos olhar com um olhar de pai e de mãe, com um olhar de amor?
O “filho mais novo” da parábola, na sua ânsia de “aproveitar a vida”, vai resvalando progressivamente por um caminho sem saída. As suas opções vão-se reduzindo a cada passo. A dada altura, só lhe resta voltar para trás, regressar ao encontro do pai. Em linguagem cristã, esse “voltar para trás ao encontro do pai”, chama-se “conversão”. Implica uma mudança de perspetiva, de mentalidade, de valores, de atitudes; implica inverter o rumo da própria vida, renunciar ao egoísmo, ao orgulho e à autossuficiência e voltar a confiar em Deus. O tempo da Quaresma é um tempo favorável para a “conversão”, para inverter o rumo da vida e voltar para Deus. Na parábola do pai misericordioso, Jesus garante-nos que Deus nunca nos fechará as portas: estará sempre à nossa espera de braços abertos, pronto para nos acolher e para nos reintegrar na sua família. O perdão, consequência do amor, é uma das mais belas manifestações do ser de Deus. Renova-nos, regenera-nos, devolve-nos a esperança, oferece-nos um novo começo, traz-nos a paz, abre-nos as portas da esperança. Aceitamos, neste tempo de Quaresma, fazer a experiência pacificadora de nos sentirmos perdoados, acolhidos e abraçados pelo Pai?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Mar 22, 2025
O veemente apelo de Jesus à conversão tem um eco especial neste tempo de Quaresma. A “conversão” não se traduz no simples arrependimento pelas faltas cometidas, ou por uma penitência externa que acalme a nossa consciência culpada; mas implica uma mudança do sentido da nossa vida, de forma a que Deus volte a ser novamente a nossa referência, o princípio e o fundamento do nosso projeto. “Converter-se” é mudar o rumo da nossa vida e “voltar para trás” ao encontro de Deus; “converter-se” é deixar de correr atrás dos nossos interesses egoístas e abraçar o projeto que Deus tem para nós; “converter-se” é livrar-se dos preconceitos mesquinhos, dos julgamentos apressados, das leituras parciais, das condenações sem misericórdia, para passarmos a ver o mundo e os homens com o olhar bondoso de Deus; “converter-se” é abandonar a indiferença e o egoísmo cómodo para “ver” os homens e mulheres condenados a uma vida sem saída e para lhes dar a mão; “converter-se” é rever os valores sobre os quais construímos o nosso projeto de vida e prescindir daquilo que nos faz mal, que nos escraviza, que nos torna menos humanos. Neste tempo de Quaresma, estamos dispostos a fazer esta mudança na nossa vida? Quais são as dimensões, os aspetos, as questões a que daremos prioridade?
A parábola da figueira sugere que a conversão não é algo que possamos adiar indefinidamente. Deus é paciente e cheio de misericórdia; mas quer de nós respostas concretas e convincentes. Ele não admite que vivamos indecisos ou acomodados ao nosso bem-estar e que não tenhamos a coragem de assumir as opções que podem dar sentido à nossa existência. O tempo da nossa vida é limitado e corre sem nos darmos conta. Se formos adiando, uma e outra vez, as escolhas que se impõem, estaremos a frustrar o plano de Deus para nós e para o mundo e estaremos a passar ao lado da vida. Quanto mais depressa brotar em nós o “Homem novo”, mais depressa encontraremos a nossa realização plena. Podemos permitir-nos isso, adiar e perder oportunidades? Estamos conscientes da urgência da conversão?
Jesus é bastante claro: uma figueira que não produz frutos é uma árvore inútil, que não está a cumprir o seu papel. Não serve para nada. É óbvio que Jesus, através da imagem da figueira, está a falar de nós, a questionar-nos sobre a forma como nós correspondemos aos cuidados de Deus. Nós, que crescemos na “escola de Jesus” e que somos constantemente interpelados pelo Evangelho de Jesus, produzimos, na vida de todos os dias, os frutos saborosos que Deus espera? Os frutos que produzimos contribuem para tornar mais doce o mundo e a vida de todos aqueles que caminham ao nosso lado? O que podemos fazer para dar mais frutos?
Jesus rejeita categoricamente qualquer relação entre as desgraças que atingem algumas pessoas e um eventual castigo de Deus pelo pecado. Na verdade, considerar que Deus é uma espécie de comerciante, com a contabilidade organizada, que conhece os seus devedores e os castiga pelas suas dívidas, é dar azo a uma grave deformação da imagem e da realidade de Deus. Temos de evitar associar Deus aos males que acontecem no mundo e na vida dos homens. O mal não vem de Deus, mas sim da nossa debilidade, do nosso pecado, da finitude e dos limites deste mundo que está, a cada instante, a construir-se. O que Deus faz é estar ao nosso lado a cada momento, a cuidar das nossas feridas, a apontar-nos o caminho que devemos percorrer para chegar à vida. Como vemos Deus? Consideramo-lo responsável pelas coisas que estragam a nossa vida e desfeiam o mundo?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Mar 15, 2025
Neste segundo domingo da Quaresma façamos, também nós, a experiência de subir com Jesus ao monte… Enquanto subimos, podemos conversar com Ele e, com toda a sinceridade, dizer-Lhe as nossas dúvidas e inquietações. Podemos dizer-Lhe que, por vezes, nos sentimos perdidos e desanimados diante da forma como o nosso mundo se constrói; podemos dizer-lhe que o caminho que Ele aponta é duro e exigente e que não sabemos se teremos a coragem de o percorrer até ao fim; podemos até dizer-lhe, talvez com alguma vergonha, que às vezes duvidamos dele e corremos atrás de outras apostas, mais cómodas, mais atraentes e menos arriscadas… E, depois de lhe dizermos isso tudo, deixemos que Jesus nos fale, nos explique o seu projeto, nos renove o seu desafio… E vamos, também, prestar atenção à voz de Deus que nos garante: “olhem que esse Jesus que Eu enviei ao vosso encontro é o meu Filho, o meu eleito, aquele a quem Eu entreguei o projeto de um mundo mais humano e mais fraterno… Confirmo a verdade do caminho que Ele vos propõe. Escutai-O, ide com Ele, acolhei as suas propostas e indicações, mesmo que tenhais de remar contra a maré. O caminho que Ele vos aponta pode passar pela cruz, mas conduz à Vida verdadeira, à ressurreição”. É com estas atitudes que somos seguidores de Jesus Cristo?
“Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O.” É verdade: precisamos de escutar Jesus mais e melhor. Quando o “escutamos” – quer dizer, quando ouvimos o que Ele nos diz, quando acolhemos no coração as suas indicações e quando procuramos concretizá-las na vida – começamos a ver tudo com uma luz mais clara. Começamos a perceber qual é a maneira mais humana de enfrentar os problemas da vida e os males do nosso mundo; damos conta dos grandes erros que os seres humanos podem cometer e descobrimos as soluções que Deus nos aponta… Escutar Jesus pode curar-nos das nossas cegueiras seculares, dos preconceitos que nos impedem de acolher a novidade de Deus, dos medos que nos paralisam; escutar Jesus pode libertar-nos de desalentos e cobardias, e abrir o nosso coração à esperança. A escuta de Jesus está no centro da nossa experiência de fé? Nas nossas comunidades cristãs damos espaço suficiente à escuta de Jesus?
In site dos Dehonianos