by Paróquia da Amadora | Set 21, 2024

O Evangelho deste domingo põe frente a frente dois sistemas de valores, duas formas radicalmente diferentes de encarar a existência. De um lado está Jesus e a sua forma de viver e de priorizar os valores que dão sentido à vida; do outro lado estão os discípulos, cujos interesses parecem ser opostos aos de Jesus. Jesus vive imbuído dos valores de Deus. Não está preocupado com o seu êxito pessoal; interessa-lhe apenas cumprir o projeto de Deus e mostrar aos homens como o caminho do amor e do serviço conduzem à Vida verdadeira, à felicidade sem fim. Para dizer isso aos homens, Jesus está mesmo disposto a dar a sua vida até ao extremo, até à última gota de sangue, na cruz. Mas os discípulos, escravos da “sabedoria do mundo”, acreditam piamente que a felicidade está nos bens materiais, no poder, nas honras, nos privilégios; e fazem “orelhas moucas”
quando Jesus os convida a segui-l’O nesse caminho que Ele vai percorrer, o caminho da vida dada por amor. Neste confronto de caminhos opostos, onde nos situamos?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Set 14, 2024

“E vós, quem dizeis que Eu sou?” – perguntou Jesus diretamente aos seus discípulos nos arredores de Cesareia de Filipe. É uma pergunta decisiva, que deve ecoar, de forma constante, nos ouvidos e no coração dos discípulos de Jesus de todas as épocas. A nossa resposta a esta questão não pode ficar-se pela repetição papagueada de velhas fórmulas que aprendemos na catequese, ou pela reprodução impessoal de uma definição tirada de um qualquer tratado de teologia. A questão vai dirigida ao âmago do nosso ser e exige
uma tomada de posição pessoal, um pronunciamento sincero, sobre a forma como Jesus toca a nossa vida. A resposta a esta questão é o passo mais importante e decisivo na vida de cada crente. Quem é Jesus para nós? Que lugar ocupa Ele na nossa existência? Que valor damos às suas propostas? Que importância assumem os seus valores nas nossas opções de vida? Jesus é, para nós, a grande referência, o vetor à volta do qual o nosso
mundo se constrói? Ele é para nós, de facto, “caminho, verdade e vida”?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Ago 31, 2024

Muitas pessoas estão mais à vontade com definições claras, objetivas e seguras; mas não se sentem tão à vontade no campo nem sempre bem balizado da consciência e do coração. Têm medo do imprevisto, do que é novo e diferente, daquilo que não é claramente “branco” ou “preto”. Por isso, sentem necessidade de leis que lhes digam, sem margem para dúvidas, o que devem fazer e o como devem viver. Preferem que seja outra pessoa – talvez até o padre – a pensar por elas, a decidir por elas, a dizerem-lhe o que está certo e o que está errado. Escondem-se atrás de leis e sentem-se de consciência tranquila porque descarregaram a sua responsabilidade nas leis. As leis são a sua salvaguarda, as leis definem o seu caminho, as leis são uma proteção segura para lidar com aquilo que as ultrapassa. Vivem a religião das leis. Se transgredirem as leis, confessam-se e voltam a estar de consciência tranquila. O problema é que esta forma de viver a religião não liberta, não traz alegria, não enche o coração de paz. Também não ajuda a abraçar a religião de Jesus, a religião do amor. As leis, na sua rigidez de pedra, deixam pouco espaço para o amor, a misericórdia, a compaixão. Era esse o problema de Jesus com a religião das leis e com os fariseus, os arautos dessa experiência religiosa. E nós? A nossa vivência religiosa está presa a leis que balizam tudo aquilo que fazemos e dizemos, ou é a religião do amor, da tolerância, da misericórdia, do Evangelho, da abertura de coração aos desafios sempre novos de Deus?
“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”, diz Jesus, citando o profeta Isaías. Esse é o risco de uma vivência religiosa que assenta na simples repetição de orações decoradas, na mera reprodução mecânica de respostas não assumidas interiormente, em hábitos e gestos rotineiros, em tradições fixas e imutáveis, num aparato externo que não envolve o coração e uma clara opção por Deus e pelas suas propostas. A nossa forma de viver e de celebrar a fé tem alguma coisa a ver com isto?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Ago 24, 2024

Um dos mais belos dons de Deus é a liberdade. Contudo, no exercício da liberdade, somos a cada passo confrontados com escolhas; e, muitas vezes as escolhas que fazemos são decisivas para o êxito ou o fracasso da nossa vida. É essa a grande questão que atravessa o Evangelho que escutamos neste domingo. De um lado está um projeto de vida – alimentado e cultivado por alguns dos discípulos que seguem Jesus – alicerçado na ambição pessoal, que busca glória humana, poder, bens materiais, resposta imediata a interesses próprios; é um projeto que responderá a determinadas necessidades básicas do homem, mas que dificilmente preencherá uma vida com sentido. Do outro lado está o projeto de Jesus, que propõe uma vida feita dom, concretizada em gestos de serviço, de partilha, de generosidade, de amor até ao extremo; é um projeto que, muitas vezes, implica andar contra a corrente e enfrentar a incompreensão e a perseguição, mas que conduz à Vida verdadeira e eterna. Como nos situamos face a isto? Qual é a nossa opção?
Confrontados com a radicalidade do projeto de Jesus, “muitos discípulos” decidiram que aquilo não era para eles e foram-se embora. Estavam demasiado reféns dos seus sonhos de riqueza fácil, dos seus desejos egoístas, dos seus valores fúteis, dos seus jogos de poder e de influência, dos seus comodismos e seguranças… Provavelmente tinham ido atrás de Jesus pelas razões erradas. Trata-se de um “equívoco” que tem tendência a repetir-se: em cada época da história há “discípulos” de Jesus – talvez até figuras de referência nas nossas comunidades cristãs – que andam com Ele pelas razões erradas e que assumem um estilo de vida claramente divorciado da proposta de Jesus. Cultivam valores ocos, vivem obcecados com os bens materiais, tratam os irmãos com prepotência e arrogância, não têm escrúpulos em pôr os outros a servi-los, tratam a comunidade como sua propriedade privada, não olham a meios para atingir determinados fins. Este quadro diz-nos alguma coisa? O quê?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Ago 18, 2024

A parte final do “discurso do pão da Vida” (Jo 6,26-58) – precisamente o texto que escutamos neste vigésimo domingo comum – coloca-nos, indubitavelmente, em contexto eucarístico. Leva-nos às palavras e aos gestos de Jesus na última ceia, quando Ele deu aos discípulos o pão e o cálice e os convidou a “comer” o seu corpo e a “beber” o seu sangue (cf. Mc 14,22-25). A eucaristia revive e atualiza a vida, os gestos, as palavras de Jesus, a sua paixão, morte e ressurreição. A eucaristia é uma experiência central para os seguidores de Jesus; a Igreja vive e alimenta-se da eucaristia. Ora, um dos sinais mais graves da crise da fé cristã entre nós é o abandono tão generalizado da eucaristia dominical. Revela indiferença por Jesus, pelo projeto de Jesus, pela Vida que Jesus quer oferecer. Que importância é que a eucaristia assume na nossa vida e na nossa existência cristã? Para nós, a eucaristia é um rito tradicional a que “assistimos” por obrigação, para acalmar a consciência ou para cumprir as regras do “religiosamente correto”, ou é um encontro pessoal e comunitário com esse Jesus que é fonte inesgotável de Vida? O que podemos fazer – inclusive ao nível do ritual eucarístico – para tornar a celebração da eucaristia uma experiência forte, sentida e inolvidável de encontro com Jesus?
Muito novos ainda, depois de uma preparação mais ou menos conseguida, aproximamo-nos da mesa eucarística e fizemos a “primeira comunhão”. Tinham-nos ensinado que, no momento de comungar, Jesus vinha ao nosso encontro e ficava connosco pela graça do sacramento da eucaristia. Depois disso, entramos numa espiral de comunhões, muitas vezes rotineiras e pouco sentidas. Em cada celebração eucarística, no momento previsto, colocamo-nos distraidamente na fila para cumprir o rito sacramental de receber o pão consagrado e voltamos ao nosso lugar, sem mais consequências nem desenvolvimentos… Como é que sentimos e vivemos o encontro com Jesus feito “pão” para nos dar Vida? O momento em que recebemos Jesus no pão eucarístico é sentido por nós como o momento em que O acolhemos no coração, em que nos abrimos à sua verdade, em que acolhemos o seu Evangelho, em que interiorizamos o seu estilo de vida, em que O colocamos no centro da nossa vida?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Ago 11, 2024

“Quem acredita em Mim, tem a vida eterna” – diz-nos Jesus. Este “acreditar” não é aceitar determinadas verdades que a catequese ou a teologia proclamam sobre Jesus; mas é “levar a sério” as suas propostas, acolher as suas indicações, assumir o seu estilo de vida, viver como Ele na escuta constante dos projetos do Pai, segui-l’O no caminho do amor, do dom da vida, da entrega aos irmãos; “acreditar” em Jesus é fazer da própria vida – como Ele fez da sua – uma luta coerente contra o egoísmo, a exploração, a injustiça, o pecado, tudo aquilo que causa sofrimento e infelicidade aos filhos e filhas de Deus que partilham connosco o caminho de todos os dias. Podemos dizer, com verdade, que “acreditamos” em Jesus? As suas palavras e os seus gestos guiam a nossa vida, as nossas opções, a nossa forma de ver o mundo e os outros?
Jesus referiu-se ao maná como um alimento que matou a fome física dos israelitas em determinado momento da marcha pelo deserto, mas que não lhes deu a Vida definitiva, não lhes assegurou o acesso à Terra prometida. Podemos ver no maná – um alimento precário, limitado – um símbolo dessas propostas de vida que, tantas vezes, atraem a nossa atenção e o nosso interesse, mas que vêm a revelar-se falíveis, ilusórias, parciais, porque não nos libertam da escravidão nem geram Vida plena. Em que “alimentos” colocamos a nossa esperança e a nossa segurança? Procuramos discernir entre o que é ilusório e o que é eterno? Deixamo-nos seduzir por falsas propostas de realização e de felicidade? Aceitamos como “pão” verdadeiro valores e propostas que a moda ou a opinião pública dominante nos atiram à cara, mas que não respondem à nossa fome de Vida verdadeira e eterna?