by Júlia Costa | Abr 22, 2025
“É muito nobre assumir o dever de cuidar da criação com pequenas ações diárias, e é maravilhoso que a educação seja capaz de motivar para elas até dar forma a um estilo de vida. A educação na responsabilidade ambiental pode incentivar vários comportamentos que têm incidência direta e importante no cuidado do meio ambiente, tais como evitar o uso de plástico e papel, reduzir o consumo de água, diferenciar o lixo, cozinhar apenas aquilo que razoavelmente se poderá comer, tratar com desvelo os outros seres vivos, servir-se dos transportes públicos ou partilhar o mesmo veículo com várias pessoas, plantar árvores, apagar as luzes desnecessárias… Tudo isto faz parte duma criatividade generosa e dignificante, que põe a descoberto o melhor do ser humano.”
“É necessário voltar a sentir que precisamos uns dos outros, que temos uma responsabilidade para com os outros e o mundo, que vale a pena ser bons e honestos. Vivemos já muito tempo na degradação moral, baldando-nos à ética, à bondade, à fé, à honestidade; chegou o momento de reconhecer que esta alegre superficialidade de pouco nos serviu. Uma tal destruição de todo o fundamento da vida social acaba por colocar-nos uns contra os outros na defesa dos próprios interesses, provoca o despertar de novas formas de violência e crueldade e impede o desenvolvimento duma verdadeira cultura do cuidado do meio ambiente.”
Papa Francisco
In Laudato Si
by Paróquia da Amadora | Abr 19, 2025
A ressurreição de Jesus é a resposta de Deus aos que pretenderam, de forma injusta e criminosa, calar Jesus e banir da história o seu projeto do Reino de Deus. Deus não permitiu que o mal vencesse; Deus não permitiu que a violência, a injustiça, a maldade e a morte tivessem a última palavra; Deus não aceitou que o mundo ficasse refém daqueles que queriam continuar a viver na escuridão. Ao ressuscitar Jesus, Deus deu-Lhe razão; afirmou, alto e bom som, que o caminho proposto por Jesus – o do amor que se dá até às últimas consequências, o do serviço simples e humilde aos irmãos, o do perdão sem limites – é o caminho que leva à Vida. Neste dia de Páscoa, diante do túmulo de Jesus vazio, tenho alguma dúvida em abraçar tudo aquilo que Jesus me disse, com as suas palavras e com os seus gestos, sobre a forma de chegar à Vida definitiva, à Vida eterna?
A vitória de Jesus sobre o egoísmo, a violência, a maldade e a morte muda a nossa perspetiva sobre a forma de encarar tudo aquilo que, de forma objetiva, faz sofrer os homens e mulheres que caminham ao nosso lado. Ficar do lado dos que são magoados e crucificados, combater a injustiça e a opressão nas suas mil e uma formas, gastar a vida a servir os mais frágeis e abandonados, recusar um mundo que se constrói sobre violência e prepotência, lutar até ao dom da própria vida para vencer tudo o que gera morte não é algo absurdo. É, segundo Deus, o caminho que fará com que a nossa vida valha a pena e tenha pleno sentido. Talvez essa opção nos deixe cheios de feridas e cicatrizes; mas serão feridas e cicatrizes que Deus curará. Estamos dispostos a dar a vida para que outros tenham Vida? Estamos dispostos a correr riscos para levar a libertação ao mundo e aos nossos irmãos? Cremos firmemente, com toda a nossa alma e com todas as nossas forças, que uma vida gasta a servir não é uma vida fracassada, mas é uma vida que termina em ressurreição?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Mar 29, 2025
Para nós, homens e mulheres do séc. XXI, quem é Deus? Como o vemos e entendemos? Deus interessa-nos? Tem lugar na nossa vida? Faz-nos alguma falta? A parábola do pai misericordioso, contada por Jesus, é para todos aqueles que se questionam sobre Deus e sobre o papel de Deus nas suas vidas. Jesus falava de Deus como um pai, um pai que ama os seus filhos para além de toda a medida, de toda a compreensão e de toda a lógica; um pai que respeita as decisões dos seus filhos, mesmo quando eles tomam decisões absolutamente disparatadas; um pai que não tem medo de passar vergonhas e de perder a sua “dignidade” de chefe da família por causa do seu amor; um pai que, quando avista os seus filhos humilhados e magoados, corre ao encontro deles e abraça-os com uma ternura sem fim; um pai que não critica, nem acusa, nem castiga, nem exige explicações, porque está apenas focado em amar; um pai cujo amor regenera e proporciona a cada passo aos filhos uma vida nova e livre; um pai cujo desejo mais profundo é sentar-se com todos os seus queridos filhos, sem exceção, à volta da mesa familiar, numa festa sem fim. Nas nossas vidas, cheias de futilidade, de angústia, de solidão, de medos, de amores efémeros, de apostas falhadas, não fará falta um Deus que seja capaz de nos olhar com um olhar de pai e de mãe, com um olhar de amor?
O “filho mais novo” da parábola, na sua ânsia de “aproveitar a vida”, vai resvalando progressivamente por um caminho sem saída. As suas opções vão-se reduzindo a cada passo. A dada altura, só lhe resta voltar para trás, regressar ao encontro do pai. Em linguagem cristã, esse “voltar para trás ao encontro do pai”, chama-se “conversão”. Implica uma mudança de perspetiva, de mentalidade, de valores, de atitudes; implica inverter o rumo da própria vida, renunciar ao egoísmo, ao orgulho e à autossuficiência e voltar a confiar em Deus. O tempo da Quaresma é um tempo favorável para a “conversão”, para inverter o rumo da vida e voltar para Deus. Na parábola do pai misericordioso, Jesus garante-nos que Deus nunca nos fechará as portas: estará sempre à nossa espera de braços abertos, pronto para nos acolher e para nos reintegrar na sua família. O perdão, consequência do amor, é uma das mais belas manifestações do ser de Deus. Renova-nos, regenera-nos, devolve-nos a esperança, oferece-nos um novo começo, traz-nos a paz, abre-nos as portas da esperança. Aceitamos, neste tempo de Quaresma, fazer a experiência pacificadora de nos sentirmos perdoados, acolhidos e abraçados pelo Pai?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Mar 22, 2025
O veemente apelo de Jesus à conversão tem um eco especial neste tempo de Quaresma. A “conversão” não se traduz no simples arrependimento pelas faltas cometidas, ou por uma penitência externa que acalme a nossa consciência culpada; mas implica uma mudança do sentido da nossa vida, de forma a que Deus volte a ser novamente a nossa referência, o princípio e o fundamento do nosso projeto. “Converter-se” é mudar o rumo da nossa vida e “voltar para trás” ao encontro de Deus; “converter-se” é deixar de correr atrás dos nossos interesses egoístas e abraçar o projeto que Deus tem para nós; “converter-se” é livrar-se dos preconceitos mesquinhos, dos julgamentos apressados, das leituras parciais, das condenações sem misericórdia, para passarmos a ver o mundo e os homens com o olhar bondoso de Deus; “converter-se” é abandonar a indiferença e o egoísmo cómodo para “ver” os homens e mulheres condenados a uma vida sem saída e para lhes dar a mão; “converter-se” é rever os valores sobre os quais construímos o nosso projeto de vida e prescindir daquilo que nos faz mal, que nos escraviza, que nos torna menos humanos. Neste tempo de Quaresma, estamos dispostos a fazer esta mudança na nossa vida? Quais são as dimensões, os aspetos, as questões a que daremos prioridade?
A parábola da figueira sugere que a conversão não é algo que possamos adiar indefinidamente. Deus é paciente e cheio de misericórdia; mas quer de nós respostas concretas e convincentes. Ele não admite que vivamos indecisos ou acomodados ao nosso bem-estar e que não tenhamos a coragem de assumir as opções que podem dar sentido à nossa existência. O tempo da nossa vida é limitado e corre sem nos darmos conta. Se formos adiando, uma e outra vez, as escolhas que se impõem, estaremos a frustrar o plano de Deus para nós e para o mundo e estaremos a passar ao lado da vida. Quanto mais depressa brotar em nós o “Homem novo”, mais depressa encontraremos a nossa realização plena. Podemos permitir-nos isso, adiar e perder oportunidades? Estamos conscientes da urgência da conversão?
Jesus é bastante claro: uma figueira que não produz frutos é uma árvore inútil, que não está a cumprir o seu papel. Não serve para nada. É óbvio que Jesus, através da imagem da figueira, está a falar de nós, a questionar-nos sobre a forma como nós correspondemos aos cuidados de Deus. Nós, que crescemos na “escola de Jesus” e que somos constantemente interpelados pelo Evangelho de Jesus, produzimos, na vida de todos os dias, os frutos saborosos que Deus espera? Os frutos que produzimos contribuem para tornar mais doce o mundo e a vida de todos aqueles que caminham ao nosso lado? O que podemos fazer para dar mais frutos?
Jesus rejeita categoricamente qualquer relação entre as desgraças que atingem algumas pessoas e um eventual castigo de Deus pelo pecado. Na verdade, considerar que Deus é uma espécie de comerciante, com a contabilidade organizada, que conhece os seus devedores e os castiga pelas suas dívidas, é dar azo a uma grave deformação da imagem e da realidade de Deus. Temos de evitar associar Deus aos males que acontecem no mundo e na vida dos homens. O mal não vem de Deus, mas sim da nossa debilidade, do nosso pecado, da finitude e dos limites deste mundo que está, a cada instante, a construir-se. O que Deus faz é estar ao nosso lado a cada momento, a cuidar das nossas feridas, a apontar-nos o caminho que devemos percorrer para chegar à vida. Como vemos Deus? Consideramo-lo responsável pelas coisas que estragam a nossa vida e desfeiam o mundo?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Mar 15, 2025
Neste segundo domingo da Quaresma façamos, também nós, a experiência de subir com Jesus ao monte… Enquanto subimos, podemos conversar com Ele e, com toda a sinceridade, dizer-Lhe as nossas dúvidas e inquietações. Podemos dizer-Lhe que, por vezes, nos sentimos perdidos e desanimados diante da forma como o nosso mundo se constrói; podemos dizer-lhe que o caminho que Ele aponta é duro e exigente e que não sabemos se teremos a coragem de o percorrer até ao fim; podemos até dizer-lhe, talvez com alguma vergonha, que às vezes duvidamos dele e corremos atrás de outras apostas, mais cómodas, mais atraentes e menos arriscadas… E, depois de lhe dizermos isso tudo, deixemos que Jesus nos fale, nos explique o seu projeto, nos renove o seu desafio… E vamos, também, prestar atenção à voz de Deus que nos garante: “olhem que esse Jesus que Eu enviei ao vosso encontro é o meu Filho, o meu eleito, aquele a quem Eu entreguei o projeto de um mundo mais humano e mais fraterno… Confirmo a verdade do caminho que Ele vos propõe. Escutai-O, ide com Ele, acolhei as suas propostas e indicações, mesmo que tenhais de remar contra a maré. O caminho que Ele vos aponta pode passar pela cruz, mas conduz à Vida verdadeira, à ressurreição”. É com estas atitudes que somos seguidores de Jesus Cristo?
“Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O.” É verdade: precisamos de escutar Jesus mais e melhor. Quando o “escutamos” – quer dizer, quando ouvimos o que Ele nos diz, quando acolhemos no coração as suas indicações e quando procuramos concretizá-las na vida – começamos a ver tudo com uma luz mais clara. Começamos a perceber qual é a maneira mais humana de enfrentar os problemas da vida e os males do nosso mundo; damos conta dos grandes erros que os seres humanos podem cometer e descobrimos as soluções que Deus nos aponta… Escutar Jesus pode curar-nos das nossas cegueiras seculares, dos preconceitos que nos impedem de acolher a novidade de Deus, dos medos que nos paralisam; escutar Jesus pode libertar-nos de desalentos e cobardias, e abrir o nosso coração à esperança. A escuta de Jesus está no centro da nossa experiência de fé? Nas nossas comunidades cristãs damos espaço suficiente à escuta de Jesus?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Mar 8, 2025
Começamos, nestes dias, a percorrer um caminho, o caminho quaresmal. É o caminho que nos conduz à Páscoa, à ressurreição, à vida nova. Ao longo desse caminho seremos convidados a analisar, com lucidez e sentido de responsabilidade, as nossas opções, as nossas prioridades, os nossos valores, o sentido da nossa vida… Este tempo poderá ser um tempo de conversão, de realinhamento, de renovação, de mudança; poderá ser a oportunidade para nos reaproximarmos de Deus e das propostas que Ele nos faz. A Palavra de Deus que escutaremos cada domingo ajudar-nos-á a perceber o sem sentido de algumas das nossas escolhas e a detetar alguns dos equívocos em que navegamos. Aceitamos o desafio de percorrer este caminho? O Evangelho deste domingo refere algumas das “tentações” que Jesus teve de enfrentar e vencer. Estamos dispostos, da nossa parte, a identificar as “tentações” que nos escravizam e nos impedem de viver uma vida mais digna, mais humana, mais repleta de sentido e de esperança? Quais são as “tentações” que, com mais frequência, nos afastam do estilo de vida e do projeto de Jesus?
Uma das “tentações” com que Jesus teve de se debater foi a dos bens materiais. É uma “tentação” que conhecemos bem, pois temos de lidar com ela a todos os instantes. Apelando à nossa apetência pelo conforto, pelo bem-estar, pela segurança, ela convida-nos a acumular coisas, a priorizar o dinheiro, a fazer dos bens materiais o grande objetivo da nossa vida. É, no entanto, uma “tentação” que pode desvirtuar completamente o sentido da nossa existência: cria dependência, torna-nos escravos dos bens materiais, faz-nos correr atrás de coisas efémeras; fecha-nos à partilha, à solidariedade, à fraternidade; potencia a indiferença face às necessidades dos nossos irmãos; incita-nos a apostar em mecanismos de exploração e de lucro… Qual o lugar e o papel que os bens materiais assumem na nossa vida? A forma como lidamos com os bens materiais é sadia e equilibrada?
In site dos Dehonianos