Para nós, Ele é “caminho, verdade e vida”?

Para nós, Ele é “caminho, verdade e vida”?

“E vós, quem dizeis que Eu sou?” – perguntou Jesus diretamente aos seus discípulos nos arredores de Cesareia de Filipe. É uma pergunta decisiva, que deve ecoar, de forma constante, nos ouvidos e no coração dos discípulos de Jesus de todas as épocas. A nossa resposta a esta questão não pode ficar-se pela repetição papagueada de velhas fórmulas que aprendemos na catequese, ou pela reprodução impessoal de uma definição tirada de um qualquer tratado de teologia. A questão vai dirigida ao âmago do nosso ser e exige uma tomada de posição pessoal, um pronunciamento sincero, sobre a forma como Jesus toca a nossa vida. A resposta a esta questão é o passo mais importante e decisivo na vida de cada cristão. Quem é Jesus para nós? Que lugar ocupa Ele na nossa existência? Que valor damos às suas propostas? Que importância assumem os seus valores nas nossas opções de vida? Jesus é, para nós, a grande referência, o vetor à volta do qual o nosso mundo se constrói? Ele é para nós, de facto, “caminho, verdade e vida”? 

In site dos Dehonianos

O projeto de salvação de Deus faz sentido para nós?

O projeto de salvação de Deus faz sentido para nós?

Está bem patente, neste texto, que o projeto de salvação que Deus tem para os homens e para o mundo veio ao nosso encontro e entrou na nossa história através de Jesus. Jesus “contou-nos” esse projeto em palavras simples, que escandalizavam os “letrados”, mas que a gente do campo entendia; mostrou-nos em gestos tocantes de ternura e de misericórdia, o imenso amor de Deus por nós; disse-nos, dando a vida até à última gota de sangue, como é que devíamos viver e amar. Apesar de a sua mensagem ser clara, não foi acolhida por todos. Os amigos mais queridos de Jesus acharam muitas vezes que Ele pedia coisas impossíveis; as autoridades religiosas judaicas receavam que Ele alterasse a ordem estabelecida e fizeram tudo para o calar. Jesus morreu só, abandonado por todos, exceto algumas amigas que quiseram ficar com Ele até ao seu último suspiro. Dois mil anos depois, o anúncio de Jesus continua a fazer-se ouvir. Mas, hoje como ontem, as suas palavras encontram resistência e o seu estilo de viver e de amar continua a contar pouco para muitos dos que se dizem seus discípulos. O projeto de salvação de Deus, revelado em Jesus, faz sentido para nós? Vamos atrás de Jesus, como discípulos, e moldamos a nossa vida e as nossas opções por aquilo que o ouvimos dizer e que o vemos fazer?

Jesus, quando se despediu dos seus discípulos, prometeu-lhes o Espírito Santo, o “Espírito da verdade”, aquele “sopro de Deus” que os ajudaria a vencer os medos, os preconceitos, as prevenções, o egoísmo, a autossuficiência, todas as resistências às indicações de Deus. Essa é, efetivamente, uma das funções do Espírito: ajudar-nos a dizer “não” a tudo aquilo que nos impede de caminhar com Jesus. Deparamo-nos a cada passo com “vozes” que nos propõem caminhos diversos dos que Jesus nos apontou; chocamos a cada instante com pessoas com “propostas irrecusáveis” para construirmos uma vida plena de êxitos; cruzamo-nos a cada momento com propostas que nos convidam a viver em circuito fechado, preocupados apenas com o nosso bem-estar, a nossa segurança, o nosso triunfo pessoal. Neste cenário, que importância damos ao “Espírito da verdade” que nos fala de Jesus, dos valores que Ele nos propôs, das opções que Ele fez, do estilo de vida que Ele levou?

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Estamos disponíveis para acolher o Espírito?

Estamos disponíveis para acolher o Espírito?

Nos relatos pascais aparece sempre, em pano de fundo, a convicção profunda de que a comunidade dos discípulos nunca estará sozinha, abandonada à sua sorte: Jesus ressuscitado, Aquele que venceu a morte, a injustiça, o egoísmo, o pecado, acompanhá-la-á em cada passo do seu caminho histórico. É verdade que os discípulos de Jesus não vivem num mundo à parte, onde a fragilidade e a debilidade dos humanos não os tocam. Como os outros homens e mulheres, eles experimentam o sofrimento, o desalento, a frustração, o desânimo; têm medo quando o mundo escolhe caminhos de guerra e de violência; sofrem quando são atingidos pela injustiça, pela opressão, pelo ódio do mundo; conhecem a perseguição, a incompreensão e a morte… Mas, apesar de tudo isso, não se deixam vencer pelo pessimismo e pelo desespero, pois sabem que Jesus vai “no meio deles”, oferecendo-lhes a sua paz e apontando-lhes o horizonte da Vida definitiva. É com esta certeza que caminhamos e que enfrentamos as tempestades da vida? Os outros homens e mulheres que partilham o caminho connosco descobrem Jesus, vivo e ressuscitado, através do testemunho de esperança que damos?

O Espírito Santo é o grande dom que Jesus ressuscitado faz à comunidade dos discípulos. Ele é o sopro de Vida que nos recria e que nos transforma, a cada instante, em pessoas novas. Sem o Espírito, seremos barro inerte e não imagem viva de Deus; sem o Espírito, ficaremos paralisados pelos nossos medos e pelos nossos comodismos, incapazes de ter uma atitude construtiva e transformadora; sem o Espírito, ficaremos instalados no ceticismo e na desilusão, sem a audácia profética que transforma o mundo; sem o Espírito, esconder-nos-emos atrás de leis, de rituais, de doutrinas, e não passaremos de funcionários medíocres de uma religião sem alma e sem amor; sem o Espírito recairemos continuamente nos esquemas velhos e nos hábitos velhos, incapazes de nos deixarmos questionar pelos desafios sempre novos de Deus; sem o Espírito, ficaremos cada vez mais fechados dentro das paredes dos nossos templos, incapazes de ir ao encontro do mundo e de lhe levar a proposta de Jesus… Sem o Espírito, nunca teremos a coragem para continuar no mundo a obra de Jesus. No entanto, o Espírito só atua em nós se estivermos disponíveis para o acolher. Ele não se impõe nem desrespeita a nossa liberdade. Estamos disponíveis para acolher o Espírito? O nosso coração está aberto aos desafios que o Espírito constantemente nos lança?

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Somos capazes de vencer os nossos medos?

Somos capazes de vencer os nossos medos?

A partida de Jesus, a sua entrada definitiva no mistério do Pai, marca uma etapa nova na história da salvação. Nesse dia começa o tempo da Igreja, o tempo em que a responsabilidade de testemunhar a salvação de Deus fica nas mãos dos discípulos. Eles acolheram o convite de Jesus, dispuseram-se a segui-l’O, ouviram as suas palavras, viram os seus gestos, aprenderam as suas lições, foram formados na sua “escola”. Conhecem o projeto de Jesus e adotaram-no como projeto de vida. É altura de se mostrarem adultos e responsáveis na vivência da fé. Não podem continuar “à boleia” de Jesus, à espera que Jesus faça tudo. Compete-lhes agora continuarem no mundo, com alegria, criatividade e compromisso, a obra libertadora e salvadora de Jesus. Sentimos esta responsabilidade? Somos capazes de vencer os nossos medos e hesitações, a preguiça e o comodismo, para nos assumirmos como testemunhas coerentes e comprometidas de Jesus e do seu projeto?

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Procuramos escutar Jesus todos os dias e viver ao seu estilo?

Procuramos escutar Jesus todos os dias e viver ao seu estilo?

Jesus, naquela inolvidável ceia de despedida comida na véspera da sua morte, prometeu aos discípulos que não os deixaria sozinhos a percorrer os caminhos do mundo e da história. São palavras que podem mudar completamente a nossa perspetiva das coisas. É verdade que não é fácil, nos nossos dias, seguir os passos de Jesus. Para a maior parte dos nossos contemporâneos, os valores de Jesus não despertam um interesse significativo; soam até a algo ilógico, obsoleto, desfasado da realidade do nosso tempo. Nesse cenário, muitos discípulos de Jesus sentem-se perdidos, desanimados, com vontade de baixar os braços e de se deixar levar pela onda do facilitismo, do relativismo, da indiferença, da pressão social, do “deixar correr”. No entanto, Jesus – esse mesmo Jesus que todos os dias se senta connosco à mesa para nos alimentar com a sua Palavra e o seu Pão – diz-nos: “Quem me ama guardará a minha palavra e o meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada.” Afinal, os discípulos de Jesus não estão por sua conta, abandonados à sua sorte num cenário desencorajador. Caminhamos com Jesus, abraçados pelo Pai; e Jesus continua a apontar-nos, a par e passo, o caminho que leva à vida. Temos tudo isto presente, sempre que sentimos dificuldade em entrever o sentido dos nossos passos?

A comunhão do crente com o Pai e com Jesus – fonte de vida e de esperança – não resulta de empatias rebuscadas, de construções intelectuais, de especiais práticas de piedade, da execução de determinados ritos no decorrer dos quais a vida de Deus inunda inesperadamente o coração do crente; mas resulta do “guardar a Palavra” de Jesus e do percorrer com Jesus o caminho do amor e da entrega, numa doação total a Deus e aos irmãos. Como é que cultivamos a nossa comunhão com Jesus e com o Pai? Procuramos todos os dias, neste tempo que nos tocou viver e com as condições que marcam o nosso caminho diário, escutar Jesus, entender e acolher as suas propostas, ir atrás d’Ele, viver ao seu estilo?

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Na nossa fé, que valor tem o mandamento de Jesus sobre o amor?

Na nossa fé, que valor tem o mandamento de Jesus sobre o amor?

Naquela hora decisiva em que se despediu dos discípulos, a hora da verdade absoluta, a hora de pôr todas as cartas na mesa, Jesus disse-lhes: “dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos”. Este é o coração do testamento de Jesus, o seu “mandamento” único, a sua proposta mais decisiva. Desde aquela ceia de despedida, passaram-se mais de dois mil anos. Ao longo desse tempo, a comunidade de Jesus que caminha na história foi acumulando um enorme tesouro de experiências e vivências, de teorias e doutrinas, de leis e preceitos, de palavras decisivas e de palavras dispensáveis, de valores eternos e de valores datados, de coisas belas com a marca da eternidade e de coisas feias que têm e ferrugem do tempo. A tudo isso juntou-se o pó acumulado pelos séculos que, por vezes, cobre tudo e não deixa ver o essencial. O Evangelho deste domingo convida-nos a redescobrir o essencial da proposta de Jesus. O que é que está no centro da nossa experiência cristã? Que valor tem, na nossa maneira de viver a fé, o mandamento de Jesus sobre o amor? A nossa religião é a religião do amor, ou é a religião das leis, das exigências, dos ritos externos, do cumprimento de preceitos? Com que força nos impomos no mundo: com a força do amor e do serviço simples e humilde, ou com a força da autoridade prepotente e dos privilégios?

A palavra “amor” tem, hoje, muitos significados e pode ser equívoca. Tanto é usada para falar de algo muito belo, como para definir comportamentos egoístas, interesseiros e sórdidos, que usam o outro, que fazem mal, que limitam horizontes, que roubam a liberdade, que destroem a vida do outro… O amor de que Jesus fala quando se dirige aos discípulos naquela ceia de despedida, é o amor que acolhe, que cuida, que se faz serviço simples e humilde, que respeita absolutamente a dignidade e a liberdade do outro, que não discrimina nem marginaliza seja quem for, que não fica indiferente ao sofrimento do outro, que se faz dom total para que o outro tenha mais vida, que gera comunhão e fraternidade. O episódio do lava-pés, na última ceia de Jesus com os discípulos, poderia perfeitamente ser o ícone do amor, tal como Jesus o entendeu e o viveu. É este o amor que vivemos e que testemunhamos?

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