Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria, Mãe de Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo

Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria, Mãe de Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo

Rezar por Maria.
Frequentemente, ouvimos a expressão: “rezar à Virgem Maria”… Esta maneira de falar não é absolutamente exata, porque a oração cristã dirige-se a Deus, ao Pai, ao Filho e ao Espírito: só Deus atende a oração. Os nossos irmãos protestantes que, contrariamente ao que se pretende, por vezes têm a mesma fé que os católicos e os ortodoxos na Virgem Maria Mãe de Deus, recordam-nos que Maria é e se diz ela própria a Serva do Senhor.
Rezar por Maria é pedir que ela reze por nós: “Rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte!” A sua intervenção maternal em Caná resume bem a sua intercessão em nosso favor. Ela é nossa “advogada” e diz-nos: “Fazei tudo o que Ele vos disser!”

Rezar com Maria.
Ela está ao nosso lado para nos levar na oração, como uma mãe sustenta a palavra balbuciante do seu filho. Na glória de Deus, na qual nós a honramos hoje, ela prossegue a missão que Jesus lhe confiou sobre a Cruz: “Eis o teu Filho!” Rezar com Maria, mais que nos ajoelharmos diante dela, é ajoelhar-se ao seu lado para nos juntarmos à sua oração. Ela acompanha-nos e guia-nos na nossa caminhada junto de Deus.

Rezar como Maria.
Aprendemos junto de Maria os caminhos da oração. Na escola daquela que “guardava e meditava no seu coração” os acontecimentos do nascimento e da infância de Jesus, nós meditamos o Evangelho e, à luz do Espírito Santo, avançamos nos caminhos da verdade. A nossa oração torna-se ação de graças no eco ao Magnificat. Pomos os nossos passos nos passos de Maria para dizer com ela na confiança: “que tudo seja feito segundo a tua Palavra, Senhor!”

In site dos Dehonianos

 

Vivemos a nossa adesão a Cristo de forma ativa, lúcida e responsável?

Vivemos a nossa adesão a Cristo de forma ativa, lúcida e responsável?

Vivemos numa época da história particularmente exigente. Sombras escuras pairam no horizonte e ameaçam o futuro do nosso mundo: as guerras, as injustiças, a crise climática, o atropelo dos mais elementares direitos humanos, as políticas que ignoram as necessidades dos mais desfavorecidos, a indiferença face ao sofrimento das pessoas abandonadas nas bermas da sociedade, a desumanização dos homens transformados em simples máquinas de produção ao serviço dos interesses materialistas dos senhores do mundo, o desencanto de tantos homens e mulheres que não encontram sentido para as suas vidas… Poderemos cruzar os braços, assumir uma atitude de resignação e de passividade e deixar que o mundo continue a ser construído sobre injustiças e sofrimentos? Jesus convida os seus discípulos a estar preparados, a cada instante, para fazer aquilo que Deus lhes pede para fazer. É hora de viver com responsabilidade e lucidez, sentindo-nos construtores de uma nova história e imprimindo ao nosso mundo um dinamismo de amor, de vida nova, de misericórdia, de compaixão. Como vivemos? Adormecidos e despreocupados, comodamente instalados no nosso conforto e segurança, ou como servidores humildes, atentos e comprometidos do Reino de Deus e da sua justiça?

Também na forma de viver a fé pode haver passividade, resignação, superficialidade. Podemos instalar-nos numa fé rotineira, que nos leva a repetir sempre os mesmos gestos, as mesmas orações, os mesmos ritos, as mesmas tradições, mas que não tem qualquer impacto na nossa vida e no nosso compromisso com a construção do Reino de Deus; podemos andar tão ocupados com os nossos trabalhos que não consigamos encontrar tempo para escutar Deus, para dialogar com Ele, para tentar perceber os projetos que Ele tem para nós e para o mundo; podemos instalar-nos comodamente numa prática religiosa “morna” e de “meias tintas”, que nos tranquiliza a consciência e nos faz sentir “em regra” com Deus, mas não nos leva a “sujar as mãos” com os nossos irmãos que necessitam do nosso cuidado, da nossa compaixão, do nosso amor. A nossa forma de viver a fé é marcada pela passividade e pelo conformismo, ou pelo compromisso com Deus e com os irmãos? Vivemos a nossa adesão a Cristo e à Igreja de forma ativa, lúcida e responsável? Somos meros “consumidores” de atos de culto, ou discípulos comprometidos com a construção de uma Igreja viva, missionária, fraterna, acolhedora, sinal e anúncio do amor de Deus no mundo?

In site dos Dehonianos

Que apostas devemos privilegiar na vida?

Que apostas devemos privilegiar na vida?

Deus confiou-nos um capital de valor inestimável: a nossa vida. Não podemos dar-nos ao luxo de desperdiçar esse dom, de o malbaratar em apostas falhadas. Apesar disso, nem sempre conseguimos perceber em que caminhos andar, que valores privilegiar, que opções tomar, para dar pleno significado à nossa existência. Deixamo-nos arrastar pelo movimento do rebanho, pela pressão social, pelos ditames do politicamente correto, pelos gritos estridentes dos influenciadores de serviço, pela tentação da acomodação e do bem-estar, pelo medo que nos impede de arriscar, até chegarmos a becos sem saída e mergulharmos no vazio, na frustração, na desilusão. O que podemos fazer para encher de significado a nossa vida? Como devemos viver? Que apostas devemos privilegiar?

No caminho para Jerusalém, Jesus contou a história de um homem que vivia encerrado no seu pequeno mundo, apostado em acumular bens, em armazenar mais e mais, em aumentar o seu bem-estar material, em garantir uma vida cómoda e confortável. É uma história que reproduz muitas histórias de vida que conhecemos bem: histórias de gente frívola e superficial, que vive para o “ter”, que constrói a vida sobre valores efémeros, que reduz a existência à busca do bem-estar material, que se contenta com horizontes limitados, que caminha de olhos postos no chão. Jesus avisa que uma opção desse tipo é uma opção “insensata”, escravizante, vazia, sem futuro, que desumaniza o homem e o impede de chegar à vida verdadeira. Quais são os valores sobre os quais construímos a nossa existência? Quais são as grandes preocupações que nos habitam e os interesses que priorizamos?

In site dos Dehonianos

Como vemos Deus?

Como vemos Deus?

Lucas faz questão de nos dizer que Jesus manteve, ao longo de toda a sua vida, um constante diálogo com o Pai. Depois de cada jornada gasta a percorrer as aldeias da Galileia, a curar as feridas dos homens, a contar parábolas que anunciavam a chegada iminente de um mundo novo, a experimentar a oposição dos líderes judaicos, a constatar a falta de fé dos habitantes das cidades do lago, a verificar a dificuldade dos discípulos em aceitar os valores do Reino, Jesus sentia necessidade de se afastar para um sítio isolado para passar tempo de qualidade com o Pai. Era nesse tempo que Ele contava ao Pai o que lhe ia no coração, experimentava a ternura do Pai, procurava discernir os projetos do Pai, recebia do Pai a força para enfrentar as oposições e servir o Reino de Deus. E nós, formados na “escola de Jesus”, também procuramos encontrar espaço, no final de cada dia, para dialogar com Deus? No meio da agitação e dos problemas que todos os dias nos visitam, encontramos tempo para “sentirmos o pulso” de Deus, para contarmos a Deus as nossas dúvidas e inquietações, para tentarmos perceber o projeto de Deus tem para nós e para o mundo?

Jesus sentia Deus como um pai bom, que acolhe com ternura e bondade os seus filhos, que os escuta interessadamente, que partilha com eles os seus projetos, que os apoia e abraça, que lhes dá a força necessária para enfrentarem os ventos e marés da vida e da história. Quando se experimenta Deus desse jeito, sentimo-nos bem a dialogar com Deus, a contar-lhe o que nos vai no coração, a procurar discernir o que Ele quer de nós, a fazer a sua vontade. Ele é para nós, como o era para Jesus, o “papá” a quem amamos e por quem nos sentimos amados, em quem confiamos incondicionalmente, a quem recorremos confiadamente, com quem partilhamos tudo o que nos acontece, ou é o Deus distante, inacessível, indiferente, que facilmente deixamos de lado porque não tem qualquer lugar especial no nosso projeto de vida?

In site dos Dehonianos

Que espaço fica para nos encontrarmos com Deus?

Que espaço fica para nos encontrarmos com Deus?

Os nossos dias vivem-se a um ritmo sufocante. A sobrecarga de trabalho, a pressão para corresponder às expetativas, a obrigação de fazer tudo para ontem, o cumprimento dos objetivos que nos impõem, obrigam-nos a uma correria sem fim. Dizemos estupidamente que “tempo é dinheiro” e procuramos aproveitar avidamente cada instante, não percebendo que a vida nos vai escapando por entre as mãos e que nos vamos desumanizando sempre mais. Mudamos de fila no trânsito da manhã vezes incontáveis para ganhar uns metros, arriscamos a vida passando semáforos vermelhos, comemos de pé ao lado de pessoas para quem nem sequer olhamos, chegamos a casa tarde, extenuados, enervados, vencidos pelo cansaço e pelo stress, sem tempo e sem vontade de brincar com os filhos ou de lhes ler uma história e dormimos algumas horas com a consciência de que o dia a seguir vai ser exatamente igual… Temos ótimas desculpas: são as exigências da vida moderna; temos de viver a este ritmo para não ficar para trás; não podemos perder a batalha diária pela existência. Contudo, mesmo que tudo isso seja verdade, acabamos por transigir com o sistema e por prescindir de coisas essenciais. Que espaço fica para nos encontrarmos com Deus? Que tempo fica para nos encontrarmos com Jesus, para O escutarmos, para acolhermos as suas propostas? Que tempo e que espaço ficam para a família, para os amigos, para tudo isso que torna a nossa vida mais humana e mais feliz?

Marta e Maria, respetivamente a discípula que vive para servir e a discípula que se senta aos pés de Jesus para escutar a Palavra, não representam duas realidades opostas; mas representam duas facetas que, no conjunto, “compõem” a figura do verdadeiro discípulo. Viver como discípulo de Jesus não se resume simplesmente em “fazer coisas”, ainda que boas e úteis; um ativismo que não parte do encontro com Jesus e da escuta da Palavra de Jesus, acaba a médio prazo por se tornar um “cumprir calendário” sem sentido e sem objetivo. Por outro lado, viver como discípulo de Jesus também não é ficar simplesmente sentado a “olhar para o céu”, desligado das realidades da terra, alheio às necessidades, aos sofrimentos e às alegrias dos homens. O discípulo de Jesus senta-se primeiro aos pés de Jesus, como Maria, a fim de escutar as indicações de Jesus e receber as indicações que Ele dá; depois, como Marta, dispõe-se a servir os irmãos, com dedicação e generosidade. É desta forma que procuramos viver o nosso seguimento de Jesus? Nas nossas comunidades cristãs, onde há sempre tanta coisa a fazer, a ação é sempre precedida da escuta de Jesus?

In site dos Dehonianos

«Então vai e faz o mesmo»

«Então vai e faz o mesmo»

Há perguntas que fazemos e que resultam do desejo indiscreto de nos metermos na vida dos outros. Há perguntas que colocamos e que se destinam apenas a satisfazer a nossa curiosidade mórbida. Há perguntas que nos inquietam e que correspondem à nossa legítima sede de saber, mas que não afetam o sentido geral da nossa vida. Mas há perguntas absolutamente decisivas, que determinam a forma como vivemos e como nos situamos no mundo. A pergunta que o mestre da Lei do relato evangélico faz a Jesus pertence à categoria das perguntas fundamentais, que nos ajudam a determinar o sentido da nossa existência: que hei de fazer para receber como herança a vida eterna? Ou: como devo viver para que a minha vida não fracasse e eu tenha acesso à vida verdadeira? Para um crente, há uma resposta óbvia: “faz de Deus o centro da tua vida, ama-O e ama também os teus irmãos”.

In site dos Dehonianos