by Paroquia da Amadora | Out 18, 2025
Como interpretar esta parábola? Onde é que Jesus quer chegar? A explicação vem logo a seguir. Jesus pede aos seus ouvintes que façam um esforço e que comparem o juiz injusto com Deus: “Escutai o que diz o juiz iníquo! E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo? Eu vos digo que lhes fará justiça bem depressa”. É claro que Jesus não está a dizer que Deus é, como o juiz da parábola, alguém prepotente e injusto. Está a garantir-nos que Deus não fica indiferente às nossas súplicas: se até um juiz sem coração é capaz, apesar da sua relutância, de atender os pedidos de uma viúva sem poder nem influência, Deus – que é justo, que tem coração, que defende sempre os pobres e débeis, que ama os seus filhos com amor de pai e de mãe – não será capaz de escutar o que Lhe dizemos e não fará tudo para corresponder aos pedidos que Lhe fazemos?
In site dos Dehonianos
by Paroquia da Amadora | Out 10, 2025
Aqueles dez leprosos que esperavam Jesus à entrada de uma povoação situada “entre a Samaria e a Galileia” são a imagem de uma humanidade que se arrasta pelos caminhos da vida, ferida pela miséria, pela marginalização, pela solidão, pela indiferença dos seus irmãos; são a imagem de tantos homens e mulheres magoados, atirados para as bermas da vida e da história, que não encontram resposta para os seus males nas estruturas oficiais de apoio e que parecem condenados a terminar em becos sem saída; são a imagem daqueles que se sentem sujos pelo pecado, pelas opções erradas, por faltas que lhes pesam na consciência e que lhes parecem sem perdão. Para todos esses, o evangelista Lucas tem uma Boa Notícia: Deus não os abandona, Deus não os esquece, Deus olha-os com “compaixão”, Deus quer salvá-los. Jesus traz-lhes uma proposta de salvação, vinda de Deus. Para ficarem limpos dessa “lepra” que lhes rouba a vida, a dignidade e a capacidade de viverem como seres humanos, devem encontrar-se com Jesus, escutar a Sua Palavra, seguirem em frente na direção que Ele indicar. Algures ao longo do caminho irão reencontrar a sua dignidade, a sua humanidade e tornar-se-ão pessoas novas. Todos nós que, em tantos momentos da nossa vida, nos sentimos sujos, feridos, doentes, indignos, marginais, estamos dispostos a ir ter com Jesus, a acolher as indicações que Ele tem para nos dar, a percorrer um caminho de transformação e de conversão que nos leve em direção a uma vida nova?
In site dos Dehonianos
by Paroquia da Amadora | Out 6, 2025
A “fé” é, antes de mais, a adesão à pessoa de Jesus Cristo e ao seu projeto. Posso dizer, de facto, que é a “fé” que conduz e que anima a minha vida? Jesus é o eixo central à volta do qual se constrói a minha existência? É Jesus que marca o ritmo e a cor das minhas opções e dos meus projetos.
O “Reino” é uma realidade sempre “a fazer-se”; mas apresentam-se, com frequência, situações de injustiça, de violência, de egoísmo, de sofrimento, de morte, que impedem a concretização do “Reino”. Como é que eu — homem ou mulher de fé — ajo, nessas circunstâncias? A minha “fé” em Jesus conduz-me a um empenho concreto pelo “Reino” e entusiasma-me a lutar contra tudo o que impede a concretização do “Reino”? A minha “fé” nota-se nos meus gestos? Há algo de novo à minha volta pelo facto de eu ter aderido a Jesus e pelo facto de eu estar a percorrer o “caminho do Reino”? Quais são os “milagres” que a minha “fé” pode fazer?
Nós, homens, somos, com frequência, muito ciosos dos nossos direitos, dos nossos créditos, daquilo que nos devem pelas nossas boas ações. Quando transportamos isto para a relação com Deus, construímos um deus que não é mais do que um contabilista, que escreve nos seus livros os nossos créditos e os nossos débitos, a fim de nos pagar religiosamente, de acordo com os nossos merecimentos… Na realidade — diz-nos o Evangelho de hoje — não podemos exigir nada de Deus:
existimos para cumprir, humildemente, o papel que Ele nos confia, para acolher os seus dons e para O louvar pelo seu amor. É nesta atitude que o discípulo de Jesus deve estar sempre.
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by Paroquia da Amadora | Set 27, 2025
A história do rico e do pobre Lázaro poderá ser vista como uma parábola sobre o nosso mundo. Há gente que vive comodamente instalada numa sociedade de bem-estar, cercada de luxo e de abundância, com hábitos consumistas e com preocupações fúteis, cuja vida é uma festa interminável e um esbanjamento sem medida. E há gente – muita, muita gente – sem recursos e sem futuro, abandonada nas bermas do caminho que a humanidade percorre, afundada na miséria mais sombria, que vive privada de pão, de instrução, de cuidados médicos, de dignidade e de amor. Podemos arranjar mil e uma razões para justificar este estado de coisas; podemos inventar todas as culpas e desculpas que quisermos para explicar este quadro. Mas tratar-se-á sempre de um escândalo intolerável, que subverte completamente o projeto de vida que Deus tem para os seus queridos filhos. Jesus di-lo claramente na história que contou a caminho de Jerusalém e que o Evangelho deste domingo nos traz: Deus não concorda, de forma nenhuma, que o mundo seja construído desta forma; Deus não pode aceitar que um quarto da humanidade açambarque oitenta por cento dos recursos que Ele pôs à disposição de todos e que três quartos da humanidade tenham de viver com os vinte por cento restantes. E nós, aceitamos? Podemos viver tranquilos sabendo que em tantos lugares do nosso mundo há pessoas que não têm o necessário para viver? Que podemos fazer?
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by Paroquia da Amadora | Set 20, 2025
O que é que dá sentido à nossa vida? Quais são as coisas das quais não podemos absolutamente prescindir? Quais são as apostas que priorizamos? Será boa ideia apostarmos todos os nossos esforços na procura de bens materiais? Há gente para quem o dinheiro é a prioridade fundamental; há gente que acredita que o dinheiro lhe pode proporcionar bem-estar, segurança, poder, importância, influência; há gente que considera que o dinheiro lhe facilitará a vida e lhe assegurará uma felicidade sem estorvos. Jesus, no entanto, tem outra perspetiva das coisas. Ele considera que, quando se trata de dar sentido à vida, há valores mais seguros, mais importantes, mais duradouros do que o dinheiro. Jesus acha que “fazer amigos” é bem mais importante do que ter contas bancárias recheadas; estabelecer pontes de diálogo e entendimento é mais compensador do que viver fechado num mundo pessoal de bem-estar e de autossuficiência; partilhar o que temos com os nossos irmãos necessitados traz-nos mais felicidade do que a acumulação egoísta da riqueza. Para Jesus, os valores do Reino de Deus – o amor, a fraternidade, a solidariedade, a generosidade, a partilha, o serviço, o cuidado, a simplicidade, a humildade – é que são os valores que nos completam, que nos realizam, e que devem sustentar o edifício da nossa vida. O que pensamos disto? Concordamos com Jesus?
Na “instrução” que o Evangelho de hoje nos traz, Jesus diz aos discípulos: “nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedica a um e despreza o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. É uma advertência muito grave. Jesus não estará a exagerar? Será verdade que o dinheiro nos incompatibiliza com Deus? A verdade é que o dinheiro é um “senhor” extremamente exigente, que toma conta de nós, que nos absorve completamente e que não nos deixa grande espaço de manobra. Se o permitirmos, ele pode tornar-se o dono absoluto das nossas vidas e obrigar-nos a colocar em segundo plano todas as nossas outras referências: Deus, a família, os amigos, a nossa dignidade, a nossa liberdade, a nossa consciência, os nossos princípios mais sagrados. O dinheiro promete-nos horizontes ilimitados, êxitos inequívocos, felicidade sem fim; mas, fatalmente, acaba por nos dececionar e por nos deixar mergulhados no vazio e na desilusão. Talvez toda esta “prevenção” nos pareça excessiva; mas não conhecemos tantos casos, à nossa volta, de gente que colocou toda a sua esperança e segurança no dinheiro e que acabou por perder as coisas mais belas da vida? Que papel e que lugar ocupa o dinheiro na nossa vida?
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by Paroquia da Amadora | Set 13, 2025
João é o evangelista abismado na contemplação do amor de um Deus que não hesitou em enviar ao mundo o seu Filho, o seu único Filho, para apresentar aos homens uma proposta de felicidade plena, de vida definitiva; e Jesus, o Filho, cumprindo o mandato do Pai, fez da sua vida um dom, até à morte na cruz, para mostrar aos homens o “caminho” da vida eterna… O Evangelho que escutamos na Festa da Exaltação da Santa Cruz convida-nos a contemplar, com João, esta incrível história de amor e a espantar-nos com o peso que nós – seres limitados e finitos, pequenos grãos de pó na imensidão das galáxias – adquirimos nos esquemas, nos projetos e no coração de Deus. Temos consciência desse amor, estamos gratos por esse amor, aceitamos que esse amor nos indique o caminho que devemos percorrer e a forma como devemos viver?
O amor de Deus traduz-se na oferta ao homem de Vida plena e definitiva. É uma oferta gratuita, incondicional, absoluta, válida para sempre e que não discrimina ninguém. Aos homens – dotados de liberdade e de capacidade de opção – compete decidir se aceitam ou se rejeitam o dom de Deus. Às vezes, os homens acusam Deus pelas guerras, pelas injustiças, pelas arbitrariedades que trazem sofrimento e que pintam as paredes do mundo com a cor do desespero… Mas o texto evangélico que hoje escutamos é claro: Deus ama cada pessoa e a todos oferece a vida. O sofrimento e a morte não vêm de Deus, mas são o resultado das escolhas erradas feitas pelo ser humano que se obstina na autossuficiência e que prescinde dos dons de Deus. Temos consciência de que alguns dos males do nosso mundo poderão resultar do nosso egoísmo, do nosso orgulho, do nosso comodismo, dos nossos preconceitos, da nossa recusa em ouvir Deus e em seguir os caminhos que Ele nos aponta? O que é que precisamos de mudar, nas nossas vidas, para sermos sinais e arautos do amor de Deus?
In site dos Dehonianos