A história do rico e do pobre Lázaro poderá ser vista como uma parábola sobre o nosso mundo. Há gente que vive comodamente instalada numa sociedade de bem-estar, cercada de luxo e de abundância, com hábitos consumistas e com preocupações fúteis, cuja vida é uma festa interminável e um esbanjamento sem medida. E há gente – muita, muita gente – sem recursos e sem futuro, abandonada nas bermas do caminho que a humanidade percorre, afundada na miséria mais sombria, que vive privada de pão, de instrução, de cuidados médicos, de dignidade e de amor. Podemos arranjar mil e uma razões para justificar este estado de coisas; podemos inventar todas as culpas e desculpas que quisermos para explicar este quadro. Mas tratar-se-á sempre de um escândalo intolerável, que subverte completamente o projeto de vida que Deus tem para os seus queridos filhos. Jesus di-lo claramente na história que contou a caminho de Jerusalém e que o Evangelho deste domingo nos traz: Deus não concorda, de forma nenhuma, que o mundo seja construído desta forma; Deus não pode aceitar que um quarto da humanidade açambarque oitenta por cento dos recursos que Ele pôs à disposição de todos e que três quartos da humanidade tenham de viver com os vinte por cento restantes. E nós, aceitamos? Podemos viver tranquilos sabendo que em tantos lugares do nosso mundo há pessoas que não têm o necessário para viver? Que podemos fazer?
In site dos Dehonianos