“Vencer a desolação espiritual com a oração”
15 Outubro 2016
“O que acontece no nosso coração quando somos tomados por uma ‘desolação espiritual?’” – esta foi a pergunta que norteou a homilia de Francisco centrada na figura de Job.
O Papa sublinhou a importância do silêncio e da oração para vencer os momentos mais sombrios. Neste dia de São Vicente de Paulo, o Papa ofereceu a sua missa pelas Irmãs Vicentinas Filhas da Caridade, que trabalham na Casa de Santa Marta.
Na sua homilia o Santo Padre recordou que Job estava com problemas: “tinha perdido tudo”. A primeira leitura proposta pela liturgia do dia apresenta um Job despojado de todos os seus bens incluindo dos seus filhos. E Job desabafa com Deus pois vive uma desolação espiritual, o desabafo de um filho com o seu pai – afirmou o Papa Francisco:
“A desolação espiritual é uma coisa que acontece com todos nós: pode ser mais forte ou mais fraca…mas é uma condição da alma obscura, sem esperança, desconfiada, sem vontade de viver, que não vê a luz ao fim do túnel, que tem agitação no coração e nas ideias… A desolação espiritual faz-nos sentir como se a nossa alma fosse ‘achatada’: quando não consegue, não quer viver: ‘A morte é melhor!’, desabafa Job. Melhor morrer do que viver assim’. E nós devemos entender quando o nosso espírito está neste estado de tristeza geral, quando ficamos quase sem respiração. Acontece com todos nós, e temos que compreender o que se passa no nosso coração.”
E é aqui que surge uma questão que Francisco apresentou: o que devemos fazer quando vivemos nestes momentos escuros tais como uma tragédia familiar, uma doença, algo que nos leva ‘para baixo’? Engolir comprimidos ou beber dois ou três golinhos não é solução e não ajuda. A resposta – disse o Papa – é-nos dada pelo Salmo 87 onde se lê: “Chegue a ti a minha prece, Senhor”. A solução é rezar – disse o Santo Padre – rezar com força, como disse Job: gritar dia e noite até que Deus escute.
O Livro de Job fala também do silêncio dos amigos. Diante de uma pessoa que sofre – disse o Papa – “as palavras podem ferir”. O que conta é a proximidade – afirmou o Papa Francisco:
“Em primeiro lugar, reconhecer em nós os momentos de desolação espiritual, quando estamos no escuro, sem esperança, e nos perguntamos porquê? Em segundo lugar, rezar ao Senhor, como na liturgia de hoje, com este Salmo 87 que nos ensina a rezar, no momento de escuridão. ‘Chegue a Ti a minha oração, Senhor’. E em terceiro lugar, quando me aproximo de uma pessoa que sofre, seja por doença, seja por qualquer sofrimento, mas que está na desolação completa: silêncio; mas silêncio com tanto amor, proximidade, carícias. E não fazer discursos que, afinal, podem não ajudar e fazer-lhe mal.”
Na conclusão da sua homilia, o Papa Francisco pediu ao Senhor para que nos conceda três graças: “a graça de reconhecer a desolação espiritual, a graça de rezar quando estivermos submetidos a este estado de desolação espiritual, e também a graça de saber acolher as pessoas que passam por momentos difíceis de tristeza e de desolação espiritual”.
(RS)
In Radio Vaticano, 27/setembro/2016