by Padre Carlos Jorge | Jun 17, 2025
Quantos exploradores, ao longo dos tempos, se lançaram na fascinante aventura
de alcançarem e embrenharem-se na intelecção da Santíssima Trindade!
No decorrer do percurso acamparam aqui e ali. Em cada paragem, novas perquirições.
E partiam. Mais enriquecidos. Mas sempre incompletos.
No fim do itinerário nenhum deles conseguiu atingir o objectivo.
Devemos ficar surpreendidos?
Escreve Santo Agostinho nas linhas finais da sua obra De Trinitate (Sobre a Trindade):
“Um sábio, no livro que é conhecido com o nome de Eclesiástico, disse ao falar de Ti:
‘Dizemos muitas coisas e não chegamos, e toda a consumação das palavras é Ele.’
Quando, pois, chegamos a Ti,
cessarão estas muitas palavras que dizemos e não chegamos.”
Sim, tal como Agostinho e todos os outros, por mais que avancemos, não chegamos.
“Falamos de Deus. Qual a admiração se não compreendes?” (Santo Agostinho).
Somos buscadores de Deus. Vamos chegando. E zarpando. Mas não desistimos.
Adentramo-nos no Mistério, que não é algo que não se compreende,
mas algo que nunca acaba de se ir compreendendo. Há sempre mais estrada.
Jesus falou-nos d’Ele, do Pai e do Espírito.
O Pai que ama o Filho. O Filho que ama o Pai. O Amor entre o Pai e o Filho.
Num único Amor, Três: o Amante, o Amado, o Amor entre os dois.
Ou seja: 1 + 1 + 1 = 1. A matemática de Deus é diferente da nossa.
Gregório de Nazianzo “baptizou” a ligação e interpenetração das Três Pessoas,
com o termo pericorese, que vem do grego antigo perichōrēsis:
peri (ao redor) e chōreō (dar espaço, mover-se).
Pericorese é o nome de uma dança infantil tradicional.
As crianças, de mãos dadas, bailam num padrão circular.
Uma criança fica no meio, cantando, enquanto as outras giram ao seu redor.
Em certo momento, a criança que está no meio troca com uma da roda.
Deus: Três Pessoas que dançam em volta de si mesmas.
É uma representação metafórica. Mas não é um belo ícone da Santíssima Trindade?
Tudo lá está: comunhão, unidade, cumplicidade, ternura, alegria, liberdade, paz.
E este Deus, Uno e Trino, convida-nos para a sua Dança.
Convoca-nos para viver n’Ele e como Ele.
Rejubila quando conseguimos reproduzir os ritmos da sua coreografia.
O filósofo alemão, Friedrich Nietzsche, escreveu na obra Assim falou Zaratrusta:
“Eu só acreditaria num Deus que soubesse dançar.”
O meu Deus Dança.
Quem quer juntar-se ao Baile?
PCJ
13/6/25
by Padre Carlos Jorge | Jun 8, 2025
Também nós temos medos.
E encerramo-nos em salas blindadas. Portas e janelas trancadas.
Mas Tu, Jesus, quando menos esperamos, juntas-te a nós, e dizes-nos:
“A paz esteja convosco!”
E, para aluir o nosso espanto, iteras: “A paz esteja convosco!”
Nesse instante, exteriormente, nada se altera.
Mas, dentro de nós, algo amanhece.
A tua presença, contemplada com os olhos da fé, tranquiliza-nos.
O teu Espírito, o mesmo que sopraste sobre os discípulos, invade-nos e ressuscita-nos.
Perante a nossa intenção de nos rendermos ao cativeiro, Tu ordenas-nos:
“Saiam! Como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.”
É surpreendente. Chamas pessoas medrosas, como eu, para sermos tuas testemunhas.
E ensinas-nos que a melhor forma de vencer os medos é enfrentá-los, não fugir deles.
Tu, não permites que fiquem encerrados, dentro de muros, aqueles que são teus.
Escreveu Montaigne: “O medo é a coisa de que tenho mais medo.”
Reconhecemos que, mesmo contigo, Senhor, nunca subjugaremos todos os medos.
Mas, ao teu lado, deixaremos de ter medo do medo.
Não teremos medo de perdoar, de amar, de acolher, de sorrir, de escutar, de servir,
de aceitar, de recomeçar, de abraçar, de acreditar, de esperar, de avançar, de sonhar.
Contigo, não teremos medo de ser santos!
P. Carlos Jorge, in VENTO NESTE CAMINHO DE PEDRAS,
de P. Carlos Jorge (textos), Carina Tavares e João Afonso (ilustrações)
by Paróquia da Amadora | Jun 7, 2025
Nos relatos pascais aparece sempre, em pano de fundo, a convicção profunda de que a comunidade dos discípulos nunca estará sozinha, abandonada à sua sorte: Jesus ressuscitado, Aquele que venceu a morte, a injustiça, o egoísmo, o pecado, acompanhá-la-á em cada passo do seu caminho histórico. É verdade que os discípulos de Jesus não vivem num mundo à parte, onde a fragilidade e a debilidade dos humanos não os tocam. Como os outros homens e mulheres, eles experimentam o sofrimento, o desalento, a frustração, o desânimo; têm medo quando o mundo escolhe caminhos de guerra e de violência; sofrem quando são atingidos pela injustiça, pela opressão, pelo ódio do mundo; conhecem a perseguição, a incompreensão e a morte… Mas, apesar de tudo isso, não se deixam vencer pelo pessimismo e pelo desespero, pois sabem que Jesus vai “no meio deles”, oferecendo-lhes a sua paz e apontando-lhes o horizonte da Vida definitiva. É com esta certeza que caminhamos e que enfrentamos as tempestades da vida? Os outros homens e mulheres que partilham o caminho connosco descobrem Jesus, vivo e ressuscitado, através do testemunho de esperança que damos?
O Espírito Santo é o grande dom que Jesus ressuscitado faz à comunidade dos discípulos. Ele é o sopro de Vida que nos recria e que nos transforma, a cada instante, em pessoas novas. Sem o Espírito, seremos barro inerte e não imagem viva de Deus; sem o Espírito, ficaremos paralisados pelos nossos medos e pelos nossos comodismos, incapazes de ter uma atitude construtiva e transformadora; sem o Espírito, ficaremos instalados no ceticismo e na desilusão, sem a audácia profética que transforma o mundo; sem o Espírito, esconder-nos-emos atrás de leis, de rituais, de doutrinas, e não passaremos de funcionários medíocres de uma religião sem alma e sem amor; sem o Espírito recairemos continuamente nos esquemas velhos e nos hábitos velhos, incapazes de nos deixarmos questionar pelos desafios sempre novos de Deus; sem o Espírito, ficaremos cada vez mais fechados dentro das paredes dos nossos templos, incapazes de ir ao encontro do mundo e de lhe levar a proposta de Jesus… Sem o Espírito, nunca teremos a coragem para continuar no mundo a obra de Jesus. No entanto, o Espírito só atua em nós se estivermos disponíveis para o acolher. Ele não se impõe nem desrespeita a nossa liberdade. Estamos disponíveis para acolher o Espírito? O nosso coração está aberto aos desafios que o Espírito constantemente nos lança?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Mai 18, 2024
O Espírito Santo é o grande dom que Jesus ressuscitado faz à comunidade dos discípulos. Ele é o sopro de Vida que nos recria e que nos transforma, a cada instante, em pessoas novas. Sem o Espírito, seremos barro inerte e não imagem viva de Deus; sem o Espírito, ficaremos paralisados pelos nossos medos e pelos nossos comodismos, incapazes
de ter uma atitude construtiva e transformadora; sem o Espírito, ficaremos instalados no ceticismo e na desilusão, sem a audácia profética que transforma o mundo; sem o Espírito, esconder-nos-emos atrás de leis, de rituais, de doutrinas, e não passaremos de funcionários medíocres de uma religião sem alma e sem amor; sem o Espírito recairemos continuamente nos esquemas velhos e nos hábitos velhos, incapazes de nos deixarmos questionar pelos desafios sempre novos de Deus; sem o Espírito, ficaremos cada vez mais fechados dentro das paredes dos nossos templos, incapazes de ir ao encontro do mundo e de lhe levar a proposta de Jesus. Sem o Espírito, nunca teremos a coragem para continuar no mundo a obra de Jesus. No entanto, o Espírito só atua em nós se estivermos disponíveis para o acolher. Ele não se impõe nem desrespeita a nossa liberdade. Estamos disponíveis para acolher o Espírito? O nosso coração está aberto aos desafios que o Espírito constantemente nos lança?
In site dos Dehonianos