by Paroquia da Amadora | Jul 3, 2025
“Pedimos à Igreja que confie em nós. Que nos deixe falhar, servir, crescer.” Eis o apelo no centro do Manifesto de centenas de jovens católicos da Europa envolvidos no projeto “Roma 25 – Santiago 27 – Jerusalém 33”, apresentado esta quarta-feira, 2 de julho, na Sala de Imprensa da Santa Sé.
O projeto surgiu no âmbito do caminho pastoral promovido pelo Dicastério para a Evangelização tendo em vista o Jubileu da Esperança que este ano se celebra e conta com o apoio da Conferência Episcopal Espanhola, estando prevista uma série de peregrinações que terão início em Roma este ano e seguirão depois até Santiago de Compostela, em 2027, e Jerusalém, em 2033, ano em que se celebrará outro Jubileu: o da Redenção.
Quanto ao Manifesto, será “proclamado oficialmente” no próximo dia 1 de agosto, na Basílica de Santa Maria em Trastevere, como parte do Jubileu da Juventude. E o entusiasmo dos jovens já envolvidos sente-se logo nas primeiras linhas do documento [1]: “Não somos turistas espirituais. Somos peregrinos de sentido. Chegamos com mochilas cheias de dúvidas, feridas, canções e esperança, com uma certeza no coração: Cristo está vivo e chama-nos”.
Intitulado “Uma revolução do espírito jovem”, o texto foi apresentado [2] como “um documento profético” e profundamente europeu, mas sem fronteiras. “Num continente que parece ter esquecido a sua alma, escolhemos recordar”, escrevem os jovens. “Recordar que fomos criados para a liberdade, que há beleza em seguir Jesus, que o Evangelho não é passado: é fogo hoje, aceso pelo Espírito Santo”. Por isso, continuam, “levantamo-nos como geração: não perfeita, não uniforme, não ideológica, mas humana, sedenta, buscadora, crente”.
E assumem as opções que já fizeram: “Escolhemos caminhar, porque seguir Cristo não é ficar parado. Significa deixar para trás o conforto, o cinismo, a indiferença. (…) Escolhemos proclamar, não com discursos vazios, mas com vidas autênticas. (…) Escolhemos curar. Ser a face de uma Igreja que não julga, mas acolhe. Onde ninguém fica de fora”.
O objetivo é agora fazer chegar o Manifesto ao maior número de jovens, podendo o documento ser assinado por todos aqueles que se identifiquem com a mensagem nele contida.
Todas as novidades relativas ao projeto poderão ser acompanhadas através do seu sítio oficial [1] e das respetivas redes sociais [3].
Por Clara Raimundo
3/7/2025
[1] https://j2r2033.com/rome-25/
[2] https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2025-07/europa-jovens-cristaos-pizzaballa-sala-imprensa-santa-se.html
[3] https://www.instagram.com/J2R2033
by Manuela Gonzaga | Abr 18, 2025
Nos últimos anos, as redes sociais tornaram-se uma extensão da vida social dos adolescentes. Com esta realidade, surgem novos desafios e perigos, entre eles o cyberbullying que adquire formas cada vez mais sofisticadas. Um exemplo preocupante é o uso de emojis como linguagem codificada, uma prática que ganhou visibilidade após a série Adolescence da Netflix.
A Linguagem Codificada
O que parece uma simples carinha sorridente ou um símbolo inofensivo pode esconder significados obscuros quando usado por certos grupos. Esta codificação serve a propósitos específicos:
- Evitar a deteção por filtros automáticos das plataformas
- Dificultar a interpretação por adultos e educadores
- Criar ambiguidade intencional (“era só uma brincadeira”)
- Estabelecer barreiras de exclusão, isolando potenciais vítimas
Como explica a Dra. Margarida Gaspar de Matos, psicóloga especialista em comportamentos juvenis e professora na Universidade de Lisboa, “os adolescentes sempre procuraram formas de comunicação privada entre pares. O que mudou foi a escala e o potencial impacto dessas comunicações no ambiente digital.”
Inspiração em Conteúdos Mediáticos
Séries como Adolescence ou Euphoria, apesar do seu valor artístico, acabam por mostrar comportamentos de risco que podem ser imitados. Estas produções, embora pretendam alertar para os perigos, por vezes acabam servindo de manual para práticas nocivas. Personagens que usam códigos secretos para partilhar conteúdo impróprio ou para intimidar colegas tornam-se involuntariamente modelos a seguir.
O Dr. Pedro Strecht, pedopsiquiatra português de referência, alerta: “Os adolescentes absorvem referências mediáticas com grande intensidade e, muitas vezes, sem filtros críticos adequados, o que os torna particularmente vulneráveis à normalização de comportamentos tóxicos.”
Globalização dos Comportamentos Online e o Contexto Português
As tendências nas redes sociais são predominantemente globais. As mesmas plataformas — Instagram, TikTok, WhatsApp — são usadas em todo o mundo, e as estratégias comunicativas rapidamente se propagam e adaptam localmente. No entanto, é importante notar que o significado dos emojis pode variar significativamente dependendo do contexto específico, podendo existir códigos próprios até ao nível de pequenos grupos de amigos.
Em Portugal, organismos como a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), a PSP através do Programa Escola Segura, e projetos como o Internet Segura têm registado um aumento preocupante de casos de cyberbullying.
A Dra. Ivone Patrão, psicóloga especialista em dependências online do ISPA, refere que “a pandemia acelerou significativamente o tempo de exposição dos jovens às redes sociais, criando terreno fértil para comportamentos de risco, incluindo o cyberbullying por meio de códigos cada vez mais elaborados.”
Como Identificar e Proteger?
É fundamental que educadores e familiares estejam alertas para mudanças de comportamento nos adolescentes, como:
- Relutância em mostrar as suas conversas online
- Mudanças súbitas de humor após usar dispositivos eletrónicos
- Abandono de atividades que antes apreciavam
- Uso excessivo ou secreto das redes sociais
Em caso de suspeita, o diálogo aberto e não acusatório é essencial. Recursos como os “dicionários de emojis” disponíveis online podem ajudar a descodificar possíveis mensagens problemáticas, embora seja necessário cuidado para não interpretar erradamente comunicações inofensivas.
A prevenção passa pela literacia digital, pela manutenção de canais de comunicação abertos com os adolescentes e pela sensibilização constante sobre os perigos das redes sociais, adaptando as mensagens à realidade em constante evolução dos ambientes digitais.