«Eu vim trazer o fogo à terra»
13 Agosto 2022
O Evangelho mostra que o objetivo de Jesus não passava por conservar intacto o que já existia, pactuando com essa paz podre que não questiona o mal, a injustiça, a escravidão; mas o objetivo de Jesus passava por “incendiar o mundo”, pondo em causa tudo aquilo que escraviza o homem e o priva de vida. Como é que eu me situo face a tudo aquilo que põe em causa o projeto de Deus para o mundo? Como é que eu me situo face a tudo aquilo que cria opressão, injustiça, medo e morte? Com o conformismo e a indiferença de quem, acima de tudo, não está para se chatear com coisas que não lhe dizem diretamente respeito, ou com a coragem e o empenho de quem se sente profeta e enviado de Deus a construir o novo céu e a nova terra?
O “fogo” que Jesus veio atear – fogo purificador e transformador – já atingiu o meu coração e já transformou a minha vida? Animado pelo Espírito de Jesus ressuscitado, eu já renunciei, de verdade, à vida de egoísmo, de fechamento em mim próprio, de comodismo, para fazer da minha vida um compromisso com o “Reino”, se necessário até ao dom da vida?
A proposta de Jesus não passa pela manutenção de uma paz podre, que não questiona nem incomoda ninguém, mas por opções radicais, que interpelam e que obrigam a decisões arriscadas. No entanto, a Igreja de Jesus aceita muitas vezes abençoar as ideologias que escravizam e oprimem, para manter uma certa paz social (a paz dos cemitérios?), para “defender a civilização cristã” (como se pudessem ser cristãos aqueles que constroem máquinas de injustiça e de morte) ou para manter determinados privilégios. Quando isto acontece (e tão acontecido demasiadas vezes, ao longo da história), a Igreja estará a ser fiel a esse Jesus, que veio lançar o fogo à terra e que não veio trazer a paz, mas a divisão?
In site dos Dehonianos