Estar “vigilante” é ser uma voz ativa e questionante
2 Dezembro 2023
O Evangelho deste domingo coloca-nos diante de uma certeza fundamental: “o Senhor vem.” A nossa caminhada humana não é um avançar sem sentido ao encontro do nada, mas uma caminhada feita na alegria ao encontro do Senhor que vem. Não se trata de uma vaga esperança, mas de uma certeza baseada na palavra infalível de Jesus. O tempo de Advento recorda-nos a realidade de um Senhor que vem ao encontro dos homens e que, no final da nossa caminhada por esta terra, nos oferecerá a vida definitiva, a felicidade sem fim.
O tempo do Advento é o tempo da espera do Senhor. O Evangelho deste domingo diz-nos como deve ser essa espera… A palavra fundamental é “vigilância”: o verdadeiro discípulo deve estar sempre “vigilante”, cumprindo com coragem e determinação a missão que Deus lhe confiou. Estar “vigilante” significa viver, a cada momento e a cada passo, ativo, empenhado, comprometido na construção de um mundo de vida, de amor e de paz. Significa cumprir, com coerência e sem meias tintas, os compromissos assumidos no dia do batismo e ser um sinal vivo do amor e da bondade de Deus no mundo. É dessa forma que eu tenho procurado viver?
Em concreto, estar “vigilante” significa não viver de braços cruzados, fechado num mundo de alienação e de egoísmo, deixando que sejam os outros a tomar as decisões e a escolher os valores que devem governar a humanidade; significa não me demitir das minhas responsabilidades e da missão que Deus me confiou quando me chamou à existência… Estar “vigilante” é ser uma voz ativa e questionante no meio dos homens, levando-os a confrontarem-se com os valores do Evangelho; é lutar de forma decidida e corajosa contra a mentira, o egoísmo, a injustiça, tudo aquilo que rouba a vida e a felicidade a qualquer irmão que caminhe ao meu lado… Como discípulo de Jesus, assumo essa atitude de constante vigilância?
Aquela “casa” referida na parábola é a comunidade de Jesus. Nela, todos são servidores. Todos viverão servindo, desempenhando as tarefas que lhes foram confiadas, enquanto esperam o regresso do único “Senhor” (Jesus). Temos aqui uma bela definição da Igreja, a comunidade que Jesus deixou a fazer caminho na história. A comunidade cristã de que eu faço parte é uma comunidade de irmãos e de irmãs conscientes da missão que Jesus lhes deixou, onde todos desempenham o seu papel com lucidez e responsabilidade, ou é um conjunto de pessoas adormecidas, passivas e acomodadas, que vivem na inércia, na indiferença e na mediocridade? A comunidade cristã de que eu faço parte é uma comunidade de gente que procura servir, de forma simples e humilde, os mais necessitados e desvalidos, como Jesus sempre fez, ou é uma comunidade onde cada um está apenas preocupado em “levar a água ao seu moinho” e concretizar as suas visões e triunfos pessoais? A comunidade cristã de que eu faço parte é uma comunidade onde a responsabilidade de todos é incentivada e potenciada de forma sinodal, ou é uma comunidade desigual, onde existem “os que mandam” e “os que obedecem”, os que se impõem e os que se submetem?
In site dos Dehonianos