by Manuela Gonzaga | Mai 31, 2025
No dia 31 de maio, assinala-se o Dia Mundial Sem Tabaco, uma data que convida à reflexão sobre os impactos do tabagismo na saúde pública e à celebração dos progressos alcançados em Portugal.
📉 Evolução do consumo de tabaco em Portugal
Desde o início do século XXI, Portugal tem registado uma redução significativa na prevalência de fumadores. Em 2005, cerca de 20% da população com 15 ou mais anos era fumadora. Em 2019, esse número diminuiu para 16,8%, conforme dados do Inquérito Nacional de Saúde.
Esta tendência positiva é resultado de políticas públicas eficazes, campanhas de sensibilização e uma maior consciencialização sobre os riscos associados ao tabagismo.
🩺 Impacto do tabaco na saúde
O consumo de tabaco está diretamente associado a várias doenças graves. Em 2019, estimou-se que o tabaco contribuiu para mais de 13.500 mortes em Portugal, incluindo cerca de 1.700 por exposição ao fumo passivo.
As principais doenças relacionadas com o tabagismo incluem:
- Cancros: O tabaco é responsável, pelo menos, por 30% de todas as mortes por cancro.
- Doenças respiratórias: incluindo bronquite crónica, enfisema e exacerbação da asma.
- Doenças cardiovasculares: O tabaco aumenta significativamente o risco de doenças como enfarte do miocárdio e AVC.
🌟 Benefícios de não fumar
Optar por não fumar ou deixar de fumar traz benefícios significativos para a saúde:
- Melhoria da função pulmonar: A capacidade respiratória aumenta, facilitando atividades físicas e reduzindo a fadiga (72 horas após deixar de fumar a respiração torna-se mais fácil e os brônquios relaxam; após duas semanas a 3 meses, a circulação sanguínea melhora e a função pulmonar aumenta)
- Redução do risco de doenças: diminui significativamente o risco de desenvolver doenças cardiovasculares (o risco de AVC é reduzido para o equivalente ao de um não fumador após 5 anos sem fumar), cancros (10 anos depois da cessação tabágica, o risco de cancro do pulmão diminui para metade) e doenças respiratórias.
- Melhoria do paladar e olfato: os sentidos do gosto e do olfato tornam-se mais apurados, logo ao fim de 48 horas sem fumar.
- Benefícios económicos: A poupança financeira é considerável ao eliminar o gasto com produtos de tabaco. Em 2025, o preço médio ponderado de um maço de 20 cigarros em Portugal é de 5,16 euros (*365=1.883,4), conforme divulgado pela Autoridade Tributária e Aduaneira. Um fumador que consuma 1 maço por dia, fará uma poupança anual de 1.880 euros, aproximadamente.
- Ambiente mais saudável: Reduz-se a exposição de familiares e amigos ao fumo passivo, promovendo um ambiente mais saudável para todos.
Além disso, deixar de fumar melhora a qualidade de vida, aumenta a energia, reduz o stresse e proporciona uma maior sensação de bem-estar.
🏥 Vive na Amadora e quer deixar de fumar? Peça ajuda!
Para quem reside na Amadora, existem várias instituições que oferecem apoio na cessação tabágica:
- Centro de Saúde da Amadora: Disponibiliza consultas de cessação tabágica com acompanhamento médico e psicológico.
UCSP Amadora 9 – Largo Dr. Dário Gandra Nunes, n.º 1 – R/C ao 4.º
2704-511 Amadora
Horário – 2.ª a 6.ª feira: 8h às 20h
Telefone – 214930113
Email – ucsp.amadora@ulsasi.min-saude.pt
Além disso, a Direção-Geral da Saúde disponibiliza recursos e materiais de apoio através do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo (https://www.dgs.pt/programa-nacional-para-a-prevencao-e-controlo-do-tabagismo/quer-deixar-de-fumar.aspx).
Neste Dia Mundial Sem Tabaco, reforçamos a importância de escolhas saudáveis e conscientes. Deixar de fumar é um passo significativo para uma vida mais longa e de melhor qualidade. Seja para si ou para alguém próximo, o apoio está disponível e os benefícios são inegáveis.
10 passos para deixar de fumar
- Marque um dia concreto para deixar de fumar (no prazo máximo de 15 dias). Escolha um dia de que goste, um aniversário de alguém importante, o dia do seu clube ou o seu feriado favorito. Assim, poderá celebrar com mais alegria e motivo!
- Até chegar o dia marcado, faça alguma preparação: enumere razões para deixar de fumar e treine pequenos períodos de abstinência. Uma hora, uma tarde, um fim de semana. São treinos para a grande prova.
- Conheça o fumador que há em si: quando é que fuma mais? E quantos cigarros? Quando é que fuma por estar aborrecido?
- Comunique a decisão às pessoas mais próximas para se sentir mais apoiado. Para ter ainda mais impacto, faça uma minicelebração – afinal é sempre bom estar em festa com aqueles de quem mais gostamos.
- Os efeitos secundários podem durante alguns dias (ou semanas). Poderá sentir-se ansioso, inquieto e irritado. Também pode ter dificuldades para dormir e se concentrar. Lembre-se que nada dura para sempre e que já muitas pessoas estiveram no seu lugar. Também vai conseguir. Quando sentir mais ansiedade, beba um copo de água ou faça uma curta caminhada, nem que seja até à varanda. Se o ataque for de inquietação ou irritação, aumente o volume do rádio e cante, para o mundo ou só par ao colega do lado.
- As razões que o levaram a deixar de fumar têm de estar sempre presentes. Faça uma lista daquilo em que vai empregar o dinheiro que poupar.
- Faça uma alimentação saudável, para evitar o aumento de peso. É normal substituir um consumo por outro, mas cuidado com os excessos: de doces, de salgados…
- Evite locais de fumadores e afaste objetos que lhe lembrem o tabaco – ex. cinzeiros e isqueiros. Aproveite e faça uma remodelação da sala e do escritório.
- Pratique atividade física, pois ajuda a controlar a ansiedade e permite-lhe estar em boa forma. Além disso, vai encontrar outros ex-fumadores ou pessoas que continuam no processo de tentar.
- Não desista: se tiver uma recaída, fixe uma nova data e volte a tentar. Afinal, não se ganham medalhas só com uma prova!
“A cultura da vida é um património que nós cristãos devemos partilhar com os outros. Toda a vida humana, é única e irrepetível, tem um valor inestimável e isso deve ser repetidamente proclamado, com a coragem das palavras e das ações. É importante lembrar e tomar consciência de que a saúde física é um dom de Deus, que nos é dado para que cuidemos com responsabilidade.”
Papa Francisco, 31 maio 2018
Fontes:
Fundação Portuguesa Cardiologia (https://www.fpcardiologia.pt/)
Direção-Geral de Saúde (https://www.dgs.pt/)
SNS (www.sns24.gov.pt)
Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (https://www.spmi.pt)
by Paróquia da Amadora | Abr 18, 2025
O sono é um pilar fundamental da saúde humana, tão essencial quanto a alimentação e o exercício físico. No entanto, na sociedade contemporânea, marcada pelo ritmo acelerado e pela hiperconectividade digital, o valor de uma noite bem dormida é frequentemente negligenciado. Esta desvalorização do descanso adequado tem consequências profundas para nosso bem-estar físico, mental e emocional.
Durante o sono, o corpo realiza uma série de processos reparadores: as células são regeneradas, toxinas são eliminadas, as hormonas, reguladas e as memórias são consolidadas. Como descrevem alguns investigadores, “o sono é a altura em que os processos naturais de reparação estão mais ativos, com aumento do fluxo sanguíneo, fornecendo oxigénio e nutrientes, enquanto a produção de colagénio e a renovação celular são intensificadas.”
Estudos científicos recentes revelam que a privação crónica de sono está diretamente associada ao desenvolvimento de diversas patologias graves, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, comprometimento imunológico e até mesmo aumento do risco de demência. Como resultado, compreender e priorizar o sono tornou-se uma questão urgente de saúde pública.
Benefícios do sono em todas as idades
Crianças e Adolescentes (7-18 anos)

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O sono adequado durante a infância e adolescência é fundamental para o desenvolvimento saudável. Para esta faixa etária, os benefícios incluem:
Desenvolvimento cerebral otimizado – Durante o sono profundo, ocorrem conexões neuronais essenciais para a aprendizagem e a memória. Um estudo da Universidade de Minnesota mostrou que adolescentes com padrões de sono adequados apresentaram 38% melhor desempenho em testes cognitivos.
Regulação do crescimento físico – O pico de liberação da hormona do crescimento ocorre durante as fases de sono profundo. Crianças com sono insuficiente apresentam frequentemente atrasos subtis no desenvolvimento físico.
Equilíbrio emocional e saúde mental – Os adolescentes que dormem menos de 8 horas por noite têm três vezes mais probabilidade de desenvolver sintomas de ansiedade e depressão. Como relatou um estudo recente com 10.000 adolescentes, cada hora adicional de sono foi associada a uma redução de 28% de pensamentos suicidas.
Adultos Jovens (19-35 anos)
Produtividade e desempenho profissional – O sono adequado melhora a capacidade de resolução de problemas, tomada de decisões e criatividade. Profissionais que dormem 7-8 horas demonstram 31% mais produtividade.
Saúde reprodutiva – Para mulheres, o sono insuficiente pode alterar os níveis hormonais, afetando a regularidade menstrual e fertilidade. Para homens, estudos demonstram que dormir menos de 6 horas por noite está associado à redução de até 29% nos níveis de testosterona.
Resistência ao stresse – O sono adequado fortalece a capacidade de lidar com pressões quotidianas. Os estudos mostram que as pessoas que dormem bem têm níveis de cortisol (hormona do stresse) significativamente reduzidos.
Adultos de Meia-idade (36-60 anos)

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Prevenção de doenças crónicas – Dormir bem nesta fase da vida está associado à redução do risco de hipertensão, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Um estudo alargado que envolveu 50.000 adultos demonstrou que os indivíduos com padrões de sono saudáveis tinham 42% menos probabilidade de desenvolver doenças cardíacas.
Metabolismo e controle de peso – O sono insuficiente altera a produção de leptina e grelina, hormonas que regulam a fome, contribuindo para aumento de peso. Pessoas que dormem adequadamente têm 37% mais facilidade para manter o peso ideal.
Diferenças entre géneros – Nesta fase, as mulheres frequentemente experimentam alterações no sono devido a mudanças hormonais da perimenopausa, enquanto os homens apresentam maior incidência de apneia do sono (devido a fatores anatómicos).
Idosos (acima de 60 anos)
Preservação cognitiva – Estudos da Universidade de Berkeley demonstram que o sono de qualidade atua como protetor contra declínio cognitivo e demência. Idosos com sono adequado têm 53% menos risco de desenvolver Alzheimer.
Saúde musculoesquelética – O descanso adequado preserva a densidade óssea e massa muscular, fundamentais para prevenir quedas. Mulheres idosas que dormem bem têm 27% menos risco de fraturas.
Renovação celular e longevidade – Durante o sono profundo, ocorre uma “limpeza” do cérebro, eliminando proteínas tóxicas como a beta-amiloide. Este processo está diretamente ligado à longevidade e qualidade de vida.
Guerra dos sexos a dormir?
Particularidades do Sono Feminino

- Ciclo menstrual – As flutuações hormonais afetam significativamente a qualidade do sono. Durante a fase lútea, muitas mulheres relatam insónia ou sono fragmentado.
- Gravidez – Especialmente no terceiro trimestre, 78% das gestantes relatam problemas para dormir devido a mudanças físicas e hormonais.
- Menopausa – 61% das mulheres na menopausa sofrem com ondas de calor noturnas que perturbam o sono.
- Maior prevalência de insónia – Estudos epidemiológicos mostram que as mulheres têm 1,4 vezes mais probabilidade de desenvolver insónia crónica do que os homens.
Particularidades do Sono Masculino

- Maior tendência à apneia do sono – Devido a diferenças anatómicas na via aérea superior e distribuição de gordura, os homens têm 2-3 vezes mais probabilidade de desenvolver apneia obstrutiva.
- Ressonar – Afeta aproximadamente 57% dos homens adultos (versus 40% das mulheres).
- Menos queixas subjetivas – Pesquisas mostram que homens tendem a não referir problemas de sono, mesmo quando objetivamente presentes.
- Maior impacto da testosterona – Níveis baixos desta hormona estão associados a sono fragmentado e insónia.
by Manuela Gonzaga | Abr 18, 2025
Os microplásticos tornaram-se uma preocupação crescente para a saúde pública global. Estas partículas de plástico com menos de cinco milímetros de diâmetro infiltraram-se em praticamente todos os ambientes do nosso planeta, desde as regiões mais remotas como a Antártida até aos habitats mais profundos como a Fossa das Marianas (Nihart et al., 2025).
O que são os microplásticos e que impactos têm na saúde?
Os microplásticos são gerados por diversos processos quotidianos: a fricção dos pneus no asfalto, a degradação de objetos plásticos e a lavagem de roupa feita com fibras sintéticas são algumas das fontes principais (Wright & Kelly, 2017). Estes pequenos fragmentos de plástico acabam por contaminar o ar que respiramos, a água que bebemos e os alimentos que consumimos.
Estudos recentes, como o conduzido por Haipeng Huang e a sua equipa da Universidade de Pequim, revelam mecanismos preocupantes sobre como os microplásticos afetam o organismo. Utilizando microscopia bifotónica e partículas fluorescentes de poliestireno em ratos, os investigadores observaram que as células do sistema imunitário absorvem estas partículas e, subsequentemente, formam aglomerados nas paredes dos vasos sanguíneos cerebrais (Nihart et al., 2025).
Estes aglomerados funcionam de forma semelhante a coágulos sanguíneos, reduzindo o fluxo sanguíneo e potencialmente causando obstruções vasculares. Nos roedores estudados, estas alterações manifestaram-se através da redução da memória espacial e diminuição das capacidades motoras (Nihart et al., 2025).
No corpo humano, a presença de microplásticos já foi associada a diversas condições, incluindo:
- Doenças respiratórias crónicas (Gasperi et al., 2018)
- Perturbações do sistema imunitário (Wright & Kelly, 2017)
- Desequilíbrios hormonais (Rochman et al., 2014)
- Potenciais danos neurológicos (Mattsson et al., 2017)
Um dado particularmente alarmante é que, segundo investigações recentes, a quantidade média de microplásticos acumulados no cérebro humano aumentou cerca de 50% entre 2016 e 2024 (Nihart et al., 2025), sugerindo uma exposição crescente e acumulativa.
Como é que nos expomos aos microplásticos?
Os microplásticos entram no nosso organismo principalmente por três vias:
- Ingestão: Consumo de alimentos contaminados, especialmente produtos marinhos e água potável (Carbery et al., 2018)
- Inalação: Respiração de partículas presentes no ar, incluindo microfibras libertadas por têxteis sintéticos (Prata, 2018)
- Contacto dérmico: Absorção através da pele, principalmente de microplásticos presentes em cosméticos (Hernandez et al., 2017)
O que posso fazer para reduzir a produção de microplásticos?
Para reduzir a produção e a exposição aos microplásticos, podemos adotar várias estratégias no nosso dia a dia:
Alimentação

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- Reduzir o consumo de alimentos embalados em plástico;
- Evitar aquecer alimentos em recipientes plásticos;
- Utilizar filtros de água que removam microplásticos (Pivokonsky et al., 2018);
- Privilegiar alimentos frescos e locais.
Em casa
- Optar por têxteis naturais (algodão, linho, lã) em vez de sintéticos;
- Utilizar aspiradores com filtros HEPA para reduzir partículas no ar interior;
- Ventilar adequadamente os espaços fechados;
- Evitar produtos de higiene e cosméticos que contenham microesferas plásticas.
Diariamente
- Usar garrafas reutilizáveis de vidro ou aço inoxidável;
- Escolher produtos de limpeza naturais e sustentáveis;
- Reduzir o uso de plásticos descartáveis;
- Optar por transportes ativos (caminhar, andar de bicicleta) quando possível, reduzindo a exposição a partículas resultantes da fricção dos pneus.
Em resumo…
Os microplásticos representam um desafio complexo para a saúde pública. À medida que a investigação avança, torna-se cada vez mais evidente que estas partículas podem ter efeitos significativos no nosso organismo, particularmente no sistema nervoso central. Embora as consequências a longo prazo ainda estejam sob investigação intensiva, as evidências atuais justificam uma abordagem preventiva.
Reduzir a exposição aos microplásticos requer uma combinação de escolhas individuais conscientes e políticas públicas eficazes que limitem a produção e dispersão destas partículas no ambiente. A contaminação por microplásticos é um problema global que exige atenção imediata e ação coordenada para proteger a saúde humana e ambiental.
Referências consultadas para este artigo:
Carbery, M., O’Connor, W., & Palanisami, T. (2018). “Trophic transfer of microplastics and mixed contaminants in the marine food web and implications for human health.” Environment International, 115, 400-409.
Gasperi, J., Wright, S. L., Dris, R., Collard, F., Mandin, C., Guerrouache, M., & Tassin, B. (2018). “Microplastics in air: Are we breathing it in?” Current Opinion in Environmental Science & Health, 1, 1-5.
Hernandez, L. M., Yousefi, N., & Tufenkji, N. (2017). ”Are there nanoplastics in your personal care products?” Environmental Science & Technology Letters, 4(7), 280-285.
Mattsson, K., Johnson, E. V., Malmendal, A., Linse, S., Hansson, L. A., & Cedervall, T. (2017). “Brain damage and behavioural disorders in fish induced by plastic nanoparticles delivered through the food chain.” Scientific Reports, 7(1), 11452.
Nihart, A. J. et al. (2025). Nature Medicine.
by Paróquia da Amadora | Dez 14, 2024

No centro da mensagem de João Batista está o apelo à conversão, à mudança radical de vida. Como é que respondemos a esse apelo? Como o concretizamos? Trata-se de sentirmos um arrependimento vago pelo nosso egoísmo e pelas nossas opções erradas? Trata-se de pedirmos perdão a Deus pelas nossas faltas e de acalmarmos a nossa consciência com algumas orações ou práticas de piedade que “compensem” Deus pelo mal que fizemos? João Batista pede muito mais do que isso… Pede uma efetiva mudança de vida que produza “frutos de sincera conversão”. A nossa mudança tem de traduzir-se em “frutos bons”, em gestos diferentes, numa nova forma de viver e de atuar, em comportamentos mais humanos, mais altruístas, mais solidários, mais bondosos, mais misericordiosos. Neste tempo de advento, preparando-nos para acolher o Senhor que vem, estamos dispostos a uma mudança de vida que se traduza numa nova forma de encarar o mundo, de olhar para as pessoas com quem nos cruzamos, de acolher cada irmão e cada irmã que Deus coloca no nosso caminho?
Os meios de comunicação social fornecem-nos a cada momento informações sobre a forma como o nosso mundo se vai construindo. Conhecemos bem as violências, as injustiças, as maldades, as misérias, os abusos que, por todo o lado, deixam um rasto de desumanidade, de sofrimento e de morte. Estas informações inquietam-nos e desenvolvem em nós um certo sentimento de solidariedade para com os nossos irmãos que são vítimas das injustiças e das arbitrariedades que chegam ao nosso conhecimento. Sentimo-nos vagamente culpados; mas, ao mesmo tempo, sentimo-nos impotentes, incapazes de mudar o rumo da história e de pôr cobro a todo esse imenso cortejo de sofrimento que desfeia o mundo. Espontaneamente brota uma pergunta: “Que podemos fazer?” Já encontramos resposta para esta questão? Como poderemos contribuir para uma nova ordem, para um mundo mais justo, mais humano, mais fraterno?
In site dos Dehonianos
by Paróquia da Amadora | Set 7, 2024

O “surdo-mudo” representa ainda aqueles que se fecham no egoísmo e no comodismo e ficam indiferentes aos apelos do mundo… Somos “surdo-mudos” quando escutamos os gritos dos injustiçados e lavamos as nossas mãos; somos “surdo-mudos” quando toleramos estruturas que geram injustiça, miséria, sofrimento e morte; somos “surdo-mudos” quando pactuamos com valores que tornam o homem mais escravo e mais dependente; somos “surdo-mudos” quando encolhemos os ombros, indiferentes, face à
guerra, à fome, à injustiça, à doença, ao analfabetismo; somos “surdo-mudos” quando nos demitimos das nossas responsabilidades e deixamos que sejam os outros a comprometer-se e a arriscar; somos “surdo-mudos” quando calamos a nossa revolta por medo, cobardia ou calculismo; somos “surdo-mudos” quando nos resignamos a vegetar no nosso espaço de conforto, sem nos empenharmos na construção de um mundo novo… Uma vida comodamente instalada nesta “surdez-mudez” descomprometida é uma vida
que vale a pena ser vivida?
In site dos Dehonianos