“Ensinar pelo exemplo”… dito assim parece um grande chavão, mais fácil de dizer, do que fazer. Mas, na verdade, temos tido muitos momentos, principalmente desde que somos pais, que comprovam isto mesmo.
Há uns dias, o Benjamim dizia, alegremente espantado, que o Martim (o bebé cá de casa) lhe tinha pedido desculpa – na sua linguagem de ano e meio – porque sem querer lhe tinha dado um encontrão, quando andavam os dois a brincar na sala. Respondemos que era normal porque o Martim aprendia com o que via os irmãos fazerem e, uma vez que os mais velhos também pediam desculpa quando faziam alguma coisa menos boa, ou havia algum acidente, o Martim estava a aprender com o que eles faziam.
Pegando neste episódio banal do dia a dia, lembrámo-nos disto: a força poderosa que o exemplo pode ter e tem! E do desafio que isso pode ser, em todos os ambientes em que nos movemos, mas, principalmente, para quem está a ajudar pequenas criaturas a crescer…
Aqui, a pergunta é: quem é que queremos que eles sejam no futuro?
Não no sentido de que os iremos moldar à nossa imagem e vontade, mas no sentido de virem a ser boas pessoas, porque aquilo que vivenciaram enquanto cresciam, a isso ajudou. Claro que existem imponderáveis que não controlamos e que os vão igualmente influenciar, mas que tenhamos a certeza de que o que levam de casa, é uma boa bagagem. Ao menos isso podemos garantir, ou tentar garantir.
No respeito pelas opções, opiniões, formas de estar (…) de cada um. No acolhimento, principalmente naquilo que temos de diferente uns dos outros. No amor, verdadeiro e libertador, que não prende, mas dá asas para crescer. No escutar e dar espaço a todos. No pedir desculpa e saber desculpar, encarando isso como um sinal de força e não de fraqueza. Na verdade, para sentirem que esse é sempre o caminho certo, ser verdadeiro, honesto, porque sempre tiveram espaço para isso em casa, mesmo quando contar a verdade era a opção mais difícil. Na humanidade, para que os seus olhos e os seus corações nunca deixem de ver a pessoa que está ao seu lado. E em tantas, tantas outras dimensões…
Que sejam boas pessoas. Capazes de tornar o mundo melhor, para todos!
Para terminar, vamos contar-vos um exemplo ainda mais banal disto… Cá em casa, entre os quatro mais velhos (pais, Gonçalo e Benjamim… o Martim ainda não se preocupa muito com isto), todos são sportinguistas, à exceção do Benjamim, que é do Benfica. A propósito do fim do campeonato, considerando a forma feliz como decorreu para os verdes, o Benjamim ficou bastante desgostoso, mas aproveitámos a deixa para lhes explicar que “dá para todos”, e tentámos que, nem o Gonçalo fizesse pirraça ao Benjamim, nem o Benjamim chamasse nomes ao Gonçalo. Verdade seja dita, nem sempre fomos bem-sucedidos… mas, o que esperamos é que, saltando uns anos para a frente, eles venham a sofrer de “clubite saudável”. É claro que, muito provavelmente, vão dizer algumas barbaridades sobre os clubes adversários (não nos iludimos a pensar que não), e até chatear-se um com o outro por causa disso, mas que aquilo de que se lembrem seja nunca terem visto o pai e a mãe chegarem a extremos por causa de uma coisa boa, como é o desporto, e que, pelo contrário, quando for o Benfica a ganhar, se lembrem que viram o pai e a mãe (sportinguistas) a festejar, porque um dos filhos era benfiquista e estavam felizes com ele… Já aconteceu.
Dito tudo isto… Costumamos dizer que não queremos ser exemplo para ninguém, mas vou reformular isto: não estamos a tentar ensinar ninguém, a achar que somos “a última bolacha do pacote”, nem a dizer que somos bons nisto, mas estamos a tentar ser um bom exemplo, pelos menos para os pestinhas cá de casa.
Andreia e João Vaz Leite