CRÓNICAS & OPINIÃO

Nasceu em outubro de 1942, em Almalaguês, Coimbra. Professou na Congregação em setembro de 1963. Tendo passado por Moçambique como religioso missionário, regressou a Portugal em 1975. Após o regresso ao país, ingressou na Universidade Católica Portuguesa, de Lisboa, onde concluiu os estudos em Teologia, tendo sido ordenado presbítero em abril de 1979, exercendo o seu ministério na paróquia de Alfragide. De 1980 a 1986, dedicou-se à formação no seminário menor da Congregação, no Porto. Em setembro de 1986, partiu para Roma, onde frequentou estudos de Teologia da Vida Espiritual e Teologia da Vida Religiosa. Foi diretor espiritual do Seminário de Alfragide até 1989, e, após este ministério, passou pelo Instituto Missionário em Coimbra, por Roma, onde orientou a formação de formadores Dehonianos, voltando a Coimbra, em 2015, onde permaneceu até 2020. Regressou a Roma por mais dois anos, até agosto de 2022, quando foi colocado no Seminário de Alfragide. Trabalha no Centro de Espiritualidade e colabora com algumas paróquias, nomeadamente a da Amadora.

Leão Dehon

06/05/2025

O Padre Leão Dehon, fundador da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, Dehonianos, nasceu a 14 de março de 1843, em La Capelle, diocese de Soissons, em França.

 

A família e os estudos e a vocação

Filho de uma família burguesa rural, recebeu uma boa educação. A mãe, Estefânia Vandelet, mulher piedosa, formou-o na fé e transmitiu-lhe a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. O pai, Júlio Dehon, homem bom, não frequentava a igreja. Aos 14 anos de idade, Leão sentiu o apelo de Deus para se tornar sacerdote. O pai opôs-se. Tinha outros sonhos para o filho. Assim, quando concluiu os estudos liceais, Leão matriculou-se em Direito, na Sorbonne.

@ Dehonianos

Doutor em Direito

O jovem estudante encontrou em Paris bons sacerdotes que o ajudaram a crescer na fé e a dar resposta à sua vocação. Todas as manhãs, antes de sair para as aulas, com o amigo Leão Palustre, estudante de História e Arqueologia, rezava, lia e meditava a Sagrada Escritura. Os dois jovens empenharam-se também na catequese das crianças, na Conferência de São Vicente de Paulo, e frequentavam os grupos de estudantes que debatiam questões políticas, sociais e religiosas da atualidade.

Aos 21 anos, Leão Dehon alcançou o grau de doutor em Direito Civil. Regressou à sua terra e, em casa, informou os pais de que estava decidido a cumprir o sonho de ser sacerdote. Gerou-se grande tensão na família. O pai continuava a opor-se. A mãe chorava. Interveio o amigo Leão Palustre, que o acompanhara, propondo ao Sr. Júlio Dehon que deixasse o filho acompanhá-lo numa viagem pelos Balcãs, Grécia, Egito e Médio Oriente. Júlio Dehon aceitou a proposta, na esperança de que a viagem fizesse esquecer ao filho a vocação.

@ Dehonianos

Peregrino no Médio Oriente

Os dois amigos partiram para uma longa viagem de nove meses. O interesse pela arte, pela história e pela arqueologia dominou-lhes o espírito até chegarem a Jerusalém. Ali, como recorda Leão Dehon, a viagem tornou-se fervorosa peregrinação, até porque chegaram em plena Semana Santa. O jovem doutor mais se firmou no propósito de se tornar sacerdote.

 

Em Roma

No regresso, ao chegarem à Áustria, Leão Palustre prosseguiu a viagem para França, enquanto Leão Dehon seguiu para Roma. Ali conseguiu uma audiência com o Papa Pio IX, a quem expôs o seu projeto vocacional. O Papa aconselhou-o a matricular-se no seminário francês junto ao Panteão. Dehon foi a França despedir-se da família e regressou a Roma para iniciar a sua formação com vista ao sacerdócio.

Na Cidade Eterna, Leão Dehon doutorou-se em Filosofia, Teologia e Direito Canónico. Participou como estenógrafo no Concílio Vaticano I, facto que lhe deu uma excelente experiência e visão da Igreja. Foi ordenado sacerdote a 19 de dezembro de 1868, celebrando missa nova no dia seguinte. Os pais participaram nas celebrações. O Sr. Júlio Dehon, finalmente rendido, voltou à prática religiosa.

@ Dehonianos

Na fundação da Congregação

Em novembro de 1871, o jovem sacerdote tornou-se sétimo vigário na Basílica de S. Quintino, na sua diocese, Soissons. Preocupado com a situação religiosa e social da paróquia, iniciou uma série de atividades que culminaram na Obra de São José, verdadeiro centro paroquial com diversas valências para apoio de crianças, adolescentes, jovens, adultos e famílias. Ali era dada a todos boa formação cristã, cívica e social. Havia uma caixa de poupança para os operários e uma cooperativa para construção de casas. Círculos, ou grupos de estudo, procuravam dar formação adequada a operários e patrões. Para a Juventude, Dehon criou o Colégio São João. Para divulgar a doutrina social da Igreja, organizou congressos, criou um jornal, escreveu em revistas e publicou diversos livros que tiveram grande sucesso.

Em 1878, o Padre Dehon emitiu os seus votos religiosos diante de uma bela imagem de Nossa Senhora do Sagrado Coração, que lhe fora oferecida por Pio IX. Assim deu início à Congregação dos Sacerdotes do Coração do Jesus, ou Dehonianos, que vivem da sua inspiração evangélica e continuam a sua missão na Igreja e no mundo.

Depois de uma vida longa e intensa, ao serviço do Reino do Coração de Jesus, o Padre Dehon faleceu santamente a 12 de agosto de 1925, em Bruxelas. Celebra-se este ano o centenário da sua morte e inicia-se um período de preparação para o jubileu dos 150 da fundação da Congregação, em 2028.

Com o seu grande amor ao Coração de Jesus, o Padre Dehon cultivava uma especial devoção ao Coração Imaculado de Maria e a Nossa Senhora do Sagrado Coração… Escolheu como saudação habitual entre os seus religiosos a expressão: “Viva o Coração de Jesus; por meio do Coração de Maria”. A seu exemplo, os Dehonianos prestam particular amor ao Coração de Jesus, na sua disponibilidade para cumprir a vontade de Deus Pai — Eis-me aqui! — e grande devoção a Maria, também ela disponível para os projetos de Deus Pai: eis a serva do Senhor!