O Seminário Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide, foi inaugurado em novembro de 1969. Destinava-se a residência dos jovens dehonianos que ultimavam a sua formação religiosa e frequentavam o curso de Teologia na Universidade Católica, em vista à ordenação presbiteral. Foi assim até 2020. Nesse ano, os jovens passaram para outra casa, em Lisboa.
Atualmente o Seminário de Alfragide é residência de sacerdotes e irmãos que se dedicam a diversos ministérios. É também Centro de Espiritualidade, recebe grupos para retiros e encontros de formação, acolhe hóspedes, nomeadamente trabalhadores oriundos de outras regiões do país que exercem a sua profissão de segunda a sexta-feira na grande Lisboa.

Padre Leão Dehon
O Seminário de Alfragide pertence à Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus/Dehonianos. A Congregação foi fundada em 1878, em S. Quintino, França, pelo Venerável Padre Leão Dehon, que recebeu a graça e a missão de enriquecer a Igreja com um instituto religioso apostólico que vivesse da sua inspiração evangélica. Rapidamente se espalhou pela Europa e pelo mundo, encontrando-se atualmente em 19 países da Europa, 4 países da Ásia, 7 país da África, 8 países da América Latina e 3 países da América do Norte.
Os Dehonianos chegaram a Portugal nos últimos dias de 1946, fixando-se na ilha da Madeira, onde, em outubro de 1947, fundaram um seminário para a formação de missionários destinados a Moçambique. Alguns meses antes, os dehonianos italianos tinha chegado a esse país.
Do Funchal, a Congregação passou para Lisboa, Coimbra, Aveiro e Porto, onde criou diversas estruturas para a formação de missionários: seminários menores, noviciado, teologado.
Em 1990, foi aberta uma comunidade nos Açores destinada à animação espiritual e vocacional. Em 1995, foi criada uma comunidade paroquial no Algarve. Em 2019 foi aberta a comunidade paroquial do Barreiro.
Atualmente a Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus, nome oficial da Congregação, em Portugal, dispõe de 15 comunidades. Os seminários continuam a ser referência para a animação vocacional e acompanhamento dos candidatos. O Colégio Infante, no Funchal, serve uma vasta zona da cidade. A APEL, também no Funchal, é uma escola para alunos do ensino complementar. A Obra ABC, em Rio Tinto, acolhe e apoia adolescentes e jovens em risco. Os Centros de Espiritualidade de Betânia/Paredes, Ponta Delgada e Alfragide animam a vida espiritual dos fiéis, segundo o carisma dehoniano. Mas a maioria dos Dehonianos portugueses servem paróquias: 7 em Lisboa, 3 em Setúbal, 8 no Algarve, 5 no Porto, 5 no Funchal e 1 nos Açores.
Nos anos sessenta do século passado, os Dehonianos portugueses partiram em Missão para Moçambique. Em 1981, assumiram missões em Madagáscar; em 2001 foram enviados para a Índia; em 2004, iniciaram a sua presença em Angola. A animação missionária é uma das principais atividades dos dehonianos em Portugal.
Em 78 anos de presença em Portugal, os Dehonianos deram à Igreja mais de 100 religiosos e sacerdotes e 4 bispos. O primeiro bispo dehoniano português foi D. António Braga, que serviu a diocese dos Açores durante 20 anos, e faleceu em 2022. Os outros três bispos continuam a exercer o ministério: D. José Ornelas, em Leiria-Fátima; D. Manuel Quintas, no Algarve, D. Alfredo Caires, em Mananjary, Madagáscar. O P. Manuel Barbosa é secretário e porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa. Mons. Saturino Gomes é membro do Tribunal da Rota Romana.
O Padre Leão Dehon quis que os membros da congregação unissem de forma explícita a sua vida religiosa e apostólica à oblação reparadora de Cristo ao Pai pelos homens. Trata-se de oferecer todo o próprio amor, unido ao de Cristo, para glória e alegria de Deus e para bem de todos os homens, em completa disponibilidade para os ministérios que lhes são confiados. Não tendo sido fundados em vista de uma obra determinada, dedicam-se ao que é preciso. Mas, a exemplo do Fundador, têm prioridades: a adoração eucarística, o ministério junto dos pequenos e humildes, dos operários e dos pobres, bem como a atividade missionária.
Em sintonia com os sinais dos tempos e em comunhão com a vida da Igreja, querem contribuir para instaurar o reino da justiça e da caridade cristã no mundo (L. Dehon, Souvenirs, XI). Por outras palavras, querem colaborar na instauração do Reino de Deus, ou do Coração de Jesus, como gostava de dizer o Padre Dehon. Esse Reino não é outra coisa senão o mundo como Deus o sonhou para nós, um mundo onde todos vivamos em comunhão com Cristo e uns com os outros, para nos realizarmos segundo o projeto de Deus.