Vemos os sinais do Reino de Deus na vida e na história do nosso tempo?
15 Junho 2024
A cada instante os meios de comunicação social colocam à nossa disposição um volume considerável de informação. É uma boa coisa estarmos informados sobre o que acontece à nossa volta; mas, muitas vezes, aquilo que ouvimos e lemos traz-nos preocupação e angústia. Todos os dias somos submergidos por uma avalanche de histórias de violência, de injustiça, de exploração dos mais fracos, de ganância, de orgulho, de ambição, de egoísmo. Perguntamo-nos, diante do quadro com que nos deparamos, se Deus perdeu o controle da História e se desistiu de nós… Ficamos com a impressão de que o nosso mundo é um barco desgovernado que caminha para um desastre anunciado. Jesus não tinha essa perspetiva das coisas. Ele achava que Deus semeou no mundo uma semente boa – a semente do Reino de Deus – e que essa semente está todos os dias a germinar, a crescer, a desenvolver-se, a dar fruto. E é verdade: os gestos de amor, de partilha, de serviço, de perdão que acontecem no nosso mundo são mil vezes mais do que os gestos de maldade, os gestos que causam sofrimento e dor. Como é que “lemos” aquilo que vemos acontecer à nossa volta? Como uma história de fracasso, ou como uma história de salvação onde Deus, sem dar nas vistas, está a atuar? Somos capazes de ver os sinais do Reino de Deus na vida e na história do nosso tempo?
Jesus veio lançar nos corações a semente do Reino de Deus. Fê-lo, com palavras e gestos, por toda a Galileia e Judeia, até dar a vida na cruz. Depois, quando voltou para o Pai, deixou aos seus discípulos a missão de continuarem a sementeira do Reino. Talvez não nos sejam pedidas coisas grandes capazes de transformar, de um instante para o outro a face do mundo; mas é-nos pedido que espalhemos à nossa volta pequenas sementes de Evangelho, que depois crescem e mudam o mundo e as vidas: um gesto amistoso dirigido a alguém que vive desorientado, um sorriso acolhedor oferecido a alguém que se sente abandonado, um sinal de proximidade acenado a alguém que está desesperado… Somos, de facto, “semeadores do Reino? As nossas palavras e os nossos gestos dão testemunho desse mundo novo que Jesus veio propor?